Os moradores da Região Sul do Brasil enfrentam nesta quinta-feira (17/7) uma série de eventos meteorológicos intensos, resultado da chegada de uma frente fria associada à formação de um ciclone extratropical. O fenômeno se destaca não apenas pela queda brusca nas temperaturas, mas também pelos ventos fortes e pelas chuvas volumosas que atingem pontos estratégicos do sul do país, causando alterações significativas no cotidiano das cidades e no ritmo da vida rural e urbana.
Desde a quinta-feira, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná observam a aproximação do sistema de baixa pressão atmosférica, trazendo consigo uma massa de ar frio de origem polar. As variações climáticas causadas pelo ciclone demandam atenção redobrada dos moradores e autoridades locais, que monitoram de perto possíveis impactos tanto na infraestrutura quanto nas atividades econômicas regionais.
O que é um ciclone extratropical e como afeta a Região Sul?
🌀🌦️ Ciclone se forma no Sul do Brasil e já muda o tempo no RS.
— Meteored | Tempo.com (@MeteoredBR) July 17, 2025
☀️ O tempo firme predomina no em boa parte do país, com maior concentração de nuvens nas áreas do leste e no extremo norte.
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O ciclone extratropical se forma geralmente próximo à costa, quando massas de ar quente e frio se encontram intensamente. No caso específico do Sul do Brasil, esse sistema avança a partir do Oceano Atlântico, intensificando rajadas de vento e alterando rapidamente as condições do tempo. Especialistas explicam que, nesses eventos, é comum que as velocidades dos ventos ultrapassem 70km/h em áreas como a serra gaúcha, o centro e o sul catarinense e até o extremo sul do Paraná, com registros chegando a 90km/h em pontos localizados.
Vale ressaltar que, em situações mais extremas, os ciclones extratropicais têm potencial para provocar ventos superiores a 100 km/h, aumentando consideravelmente o risco de danos em estruturas, quedas de árvores e interrupções de serviços essenciais. Por isso, a atuação desses fenômenos merece monitoramento constante pelas autoridades e atenção máxima da população.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, regiões como a serra e a costa apresentam maior vulnerabilidade devido ao relevo acidentado e à proximidade com o mar. Em Santa Catarina e parte do Paraná, os ventos também se mostram intensos, podendo provocar danos em áreas urbanas e rurais, como destelhamentos, quedas de galhos e interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Por que a temperatura cai tanto durante episódios de ciclone?

A queda acentuada das temperaturas durante a passagem do ciclone está relacionada à entrada de uma massa polar, que substitui o ar mais quente previamente instalado. O cenário favorece registros negativos nos termômetros, com previsões de temperaturas abaixo de zero em diversas cidades, especialmente nas áreas de maior altitude.
Nesses períodos, há o risco de geada, condição que preocupa agricultores devido ao impacto direto nas lavouras. Além disso, a sensação térmica tende a ser ainda mais baixa, devido à umidade alta e aos ventos intensos. Segundo a Climatologia, esses episódios são mais comuns entre os meses de maio e setembro, porém podem ocorrer em diferentes períodos, dependendo da dinâmica atmosférica do ano.
- Evaporação e Resfriamento Evaporativo: Conforme o ciclone se forma e se intensifica, há uma grande quantidade de umidade sendo sugada para a atmosfera. A evaporação da água, especialmente da superfície do oceano em ciclones tropicais, é um processo que consome calor (calor latente de vaporização). Esse consumo de calor da superfície da água e do ar ao redor resulta em um resfriamento significativo. Pense em como você se sente mais frio quando sai da água molhado em um dia ventoso – é o mesmo princípio.
- Nuvens e Chuva: Ciclones são caracterizados por massas de nuvens espessas e chuvas intensas. As nuvens bloqueiam a radiação solar que normalmente aqueceria a superfície da Terra. Com menos luz solar atingindo o solo, a temperatura ambiente diminui. Além disso, a própria chuva, especialmente se for fria, contribui para um resfriamento direto do ar.
- Uplift e Expansão Adiabática: O ar dentro de um ciclone está constantemente subindo (uplift). Conforme o ar sobe, a pressão atmosférica diminui, e o ar se expande. A expansão de um gás sem troca de calor com o ambiente externo (adiabática) faz com que ele esfrie. Esse resfriamento adiabático é um processo fundamental que leva à formação de nuvens e, consequentemente, à queda de temperatura.
- Advecção de Ar Mais Frio (em Ciclones Extratropicais): Em ciclones extratropicais, que se formam fora das regiões tropicais, é comum a advecção (transporte horizontal) de massas de ar mais frias de latitudes mais altas para a região do ciclone. O sistema de baixa pressão puxa esse ar frio para dentro, contribuindo para a diminuição da temperatura.
- Diminuição da Radiação Solar Direta: Mesmo que o sol esteja presente, a densidade das nuvens e a precipitação associada aos ciclones reduzem drasticamente a quantidade de radiação solar direta que atinge a superfície, diminuindo o aquecimento.
Quais são as principais recomendações durante ventos fortes e chuva intensa?
Diante do alerta de rajadas superiores a 70km/h e da presença de chuva intensa, algumas medidas de precaução se destacam para mitigar danos e preservar a segurança:
- Evitar áreas abertas e locais próximos a árvores ou estruturas frágeis;
- Reforçar a fixação de telhados, janelas e objetos externos;
- Redobrar cuidados ao dirigir em rodovias, especialmente em trechos de serra;
- Desligar aparelhos elétricos em caso de corte de energia;
- Monitorar comunicados oficiais dos órgãos de Defesa Civil e meteorologia.
Além disso, agricultores devem observar as plantas mais sensíveis às baixas temperaturas e, sempre que possível, utilizarem técnicas de proteção contra o frio intenso. Esses cuidados podem minimizar prejuízos e garantir a estabilidade das produções.
Quais os impactos para os próximos dias?

Para os próximos dias, prevê-se que o período de instabilidade se mantenha, especialmente nas regiões de serra e planalto. À medida que a frente fria avança, a tendência é de que as chuvas se concentrem inicialmente no Rio Grande do Sul, migrando posteriormente para Santa Catarina e o sul do Paraná. As precipitações apresentam intensidade variável, com possibilidade de volumes elevados em curto espaço de tempo.
Os impactos desses eventos no Sul do Brasil incluem interrupções temporárias em vias urbanas, atrasos nas atividades agrícolas e eventuais cortes no fornecimento de eletricidade. Para a população, a recomendação é manter-se informada sobre as atualizações meteorológicas e adotar medidas preventivas, principalmente em áreas mais vulneráveis.
O acompanhamento detalhado dessas condições climáticas é essencial para a tomada de decisões pelas autoridades locais, que visam garantir a segurança dos habitantes e mitigar os efeitos do ciclone extratropical. O fenômeno reforça a importância do preparo das cidades diante de eventos extremos e serve de alerta sobre a necessidade de investir em infraestrutura resiliente e ações comunitárias de prevenção.