Por 8 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu derrubar parte do artigo 19 do Marco Civil da Internet, enfraquecendo as proteções legais anteriormente garantidas às plataformas digitais. A decisão, tomada nesta quinta-feira (26/6), representa um marco com impacto direto sobre a liberdade de expressão no país, ao considerar inconstitucional o trecho que impedia a responsabilização automática de redes sociais por conteúdos gerados por usuários.
Até então, o Marco Civil da Internet previa que as plataformas só poderiam ser responsabilizadas civilmente por conteúdos de usuários caso descumprissem uma ordem judicial para remoção. A decisão do STF, entretanto, declarou inconstitucional parte desse artigo, permitindo que as plataformas sejam processadas mesmo sem decisão judicial, bastando notificações extrajudiciais, como pedidos de advogados ou de supostas vítimas.
O que muda com a decisão do STF sobre o Marco Civil da Internet?
Por 8 votos a 3, o STF decidiu que as redes sociais devem ser responsabilizadas pelas publicações de usuários. Os ministros definiram também as regras que as plataformas devem seguir para retirar conteúdos ilegais.
— GloboNews (@GloboNews) June 26, 2025
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Segundo informações do Conexão Política, a principal alteração trazida pelo julgamento do STF é a flexibilização das condições para responsabilização das plataformas digitais. Antes, a necessidade de uma ordem judicial funcionava como um filtro, garantindo que a remoção de conteúdos só ocorresse após análise do Judiciário. Agora, com a possibilidade de notificações extrajudiciais, as empresas podem ser obrigadas a agir de forma mais imediata, sob risco de sanções.
Essa mudança tem impacto direto na dinâmica das redes sociais. Plataformas tendem a adotar políticas mais rigorosas de moderação, a fim de evitar processos e penalidades. Por outro lado, há preocupação quanto ao aumento de pedidos de remoção sem o devido processo legal, o que pode afetar o debate público e a circulação de ideias na internet.
Quais são as consequências da decisão?
A decisão do STF levanta debates sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente digital. O artigo 19 do Marco Civil da Internet era visto como uma proteção contra a censura arbitrária, pois exigia a intervenção judicial antes de qualquer remoção obrigatória de conteúdo. Com a nova interpretação, existe o risco de que plataformas adotem medidas preventivas de exclusão de postagens, mesmo em casos de manifestações legítimas.
- Censura privada: Empresas podem remover conteúdos para evitar processos, mesmo sem ordem judicial.
- Autocensura: Usuários podem evitar publicar opiniões ou informações por receio de represálias jurídicas.
- Pressão sobre o debate público: A circulação de ideias pode ser restringida por notificações extrajudiciais, afetando o ambiente democrático.
Quais os impactos para as plataformas?

Com a decisão do STF, as plataformas digitais precisam revisar suas políticas de moderação e atendimento a notificações. O risco de responsabilização civil sem a necessidade de decisão judicial faz com que as empresas busquem respostas mais rápidas a pedidos de remoção, o que pode aumentar o volume de conteúdos excluídos preventivamente.
- Revisão de políticas internas para lidar com notificações extrajudiciais.
- Treinamento de equipes para avaliar pedidos de remoção com mais agilidade.
- Monitoramento constante de decisões judiciais e administrativas sobre o tema.
Além disso, o setor jurídico das plataformas deve acompanhar os debates no Congresso Nacional, já que projetos de lei sobre regulação digital continuam em discussão. O papel do Legislativo pode ser fundamental para definir regras mais claras e equilibradas sobre responsabilidade na internet.
Quais os próximos passos?
A decisão do STF representa um marco na discussão sobre liberdade de expressão e responsabilidade das plataformas digitais no Brasil. O tema segue em pauta no Congresso Nacional, que discute propostas para atualizar a legislação e responder aos desafios do ambiente online. O equilíbrio entre proteção de direitos, combate a abusos e garantia da livre circulação de ideias permanece como um dos principais desafios para o país em 2025.
Com as novas regras, tanto usuários quanto empresas precisam estar atentos às mudanças e adaptar suas práticas para garantir segurança jurídica e respeito aos direitos fundamentais no ambiente digital brasileiro.