O cenário político no México tem sido marcado por episódios de violência que atingem diretamente autoridades municipais. No último domingo (15/6), um ataque armado resultou na morte da prefeita de San Mateo Piñas, no estado de Oaxaca, além de deixar outras vítimas e feridos. O crime ocorreu dentro da sede do governo municipal, evidenciando a vulnerabilidade de gestores públicos diante do avanço do crime organizado no país.
Segundo informações da polícia estadual, quatro homens armados invadiram o gabinete da prefeita Lilia García e dispararam contra ela e outras pessoas presentes. Entre as vítimas fatais está também Elí García, representante da comunidade de Agua Caliente. Dois policiais municipais ficaram feridos durante a ação, que terminou com a fuga dos criminosos em motocicletas.
Por que a violência política tem aumentado no México?
Lamentamos profundamente el asesinato de Lilia Gema García Soto, presidenta de San Mateo Piñas.
— Maribel Martínez (@maribelmruiz) June 16, 2025
Su vida fue arrebatada por atreverse a ejercer el cargo que legítimamente le fue conferido. No podemos permitir que defender nuestros derechos nos cueste la vida #JusticiaParaLiliaGema pic.twitter.com/wl52ou4uHt
O aumento dos ataques a prefeitos e outros servidores públicos no México está relacionado à atuação de grupos criminosos que buscam exercer influência sobre administrações locais. O controle de territórios, rotas de tráfico e a tentativa de garantir impunidade para suas ações são fatores que motivam esses ataques. Em muitos casos, prefeitos e vereadores tornam-se alvos por se oporem a interesses do crime organizado ou por se recusarem a colaborar com práticas ilícitas.
O fenômeno não é isolado e reflete uma escalada de violência que afeta diversas regiões do país. De acordo com dados oficiais, desde 2006, o México já registrou mais de 450 mil homicídios, muitos deles ligados à disputa entre facções criminosas e à repressão estatal. O ambiente de insegurança se intensificou após a implementação de operações militares contra o narcotráfico, o que resultou em confrontos e represálias frequentes.
Como o crime contra a prefeita impactou o país?
O assassinato da prefeita de San Mateo Piñas, Lilia García Soto, no palácio municipal, tem um impacto significativo no México, especialmente considerando o contexto de violência política que o país enfrenta.
- Agravamento da crise de violência política: O assassinato de Lilia García é o segundo de um prefeito em Oaxaca apenas em 2025, somando-se a dezenas de prefeitos, ex-prefeitos, prefeitos eleitos e candidatos que foram mortos no México nos últimos anos. Isso ressalta a vulnerabilidade dos políticos locais e a crescente audácia dos grupos criminosos.
- Ameaça à democracia e à governança local: A violência contra prefeitos e outros políticos locais visa intimidar, influenciar resultados eleitorais e assegurar a proteção de atividades ilícitas. Quando funcionários eleitos são assassinados, isso mina a capacidade dos governos municipais de operar efetivamente, coletar impostos e fornecer serviços básicos, pois suas capacidades fiscais e de pessoal se deterioram.
- Criação de um ambiente de medo: A violência contínua contra políticos pode levar a desistências de candidaturas, especialmente em níveis locais, onde os grupos criminosos têm maior influência e as forças de segurança são frequentemente menos equipadas para oferecer proteção. Isso restringe a escolha dos eleitores e pode resultar na imposição de candidatos por organizações criminosas.
- Fortalecimento do crime organizado: O assassinato de um prefeito demonstra a força de uma organização criminosa e envia um sinal a outros atores. Atacar funcionários mostra a disposição do crime organizado em cumprir suas ameaças e pode levar à fragmentação de cartéis, resultando em métodos cada vez mais violentos na luta por poder e território.
- Desconfiança nas instituições: A impunidade em casos de violência política contribui para a desconfiança pública nas instituições e na capacidade do Estado de proteger seus cidadãos e funcionários.
- Impactos econômicos e sociais: A violência em geral, incluindo a violência política, tem sido identificada como um obstáculo ao crescimento econômico no México, afetando os mercados de trabalho e o investimento. A insegurança gerada pelos crimes também impõe custos de proteção que dificultam o desenvolvimento econômico.
Como ocorrem os ataques contra autoridades municipais?
Os ataques a prefeitos e outros representantes públicos costumam ser realizados de forma planejada e rápida. No caso de San Mateo Piñas, os criminosos chegaram em duas motocicletas, ameaçaram os seguranças e entraram diretamente no gabinete da prefeita. Esse tipo de ação demonstra o conhecimento prévio da rotina das vítimas e a facilidade de acesso aos prédios públicos, mesmo com a presença de policiamento.
- Invasão de prédios públicos
- Ameaças a funcionários e seguranças
- Execução rápida e fuga imediata
Além de prefeitos, outros agentes públicos, como vereadores, secretários e representantes comunitários, também têm sido alvo de ataques semelhantes. Em alguns casos, as ameaças são precedidas por tentativas de extorsão ou intimidação, buscando forçar decisões favoráveis aos interesses de grupos criminosos.
Quais são as consequências desses ataques para a administração pública?
A violência contra autoridades municipais gera impactos significativos na gestão local e na confiança da população nas instituições. O medo de represálias pode levar à renúncia de cargos, à dificuldade de implementação de políticas públicas e ao afastamento de servidores comprometidos com a legalidade. Além disso, a sensação de insegurança contribui para o enfraquecimento do Estado de Direito e para o aumento da influência do crime organizado em áreas vulneráveis.
- Desestímulo à participação política
- Paralisação de projetos e serviços públicos
- Reforço da atuação de grupos criminosos
Nos últimos anos, a capital mexicana também registrou episódios de violência contra figuras públicas, como o assassinato de colaboradores próximos à prefeita da Cidade do México, Clara Brugada. Esses casos evidenciam que o problema não se restringe a regiões afastadas, mas afeta todo o território nacional.
As autoridades mexicanas têm buscado fortalecer as medidas de segurança para proteger gestores públicos, especialmente em áreas consideradas de risco. Entre as ações estão o aumento do efetivo policial, a instalação de sistemas de monitoramento e a criação de protocolos de proteção para prefeitos e vereadores. No entanto, especialistas apontam que o enfrentamento do problema exige estratégias mais amplas, incluindo o combate à impunidade e o fortalecimento das instituições de justiça.
O governador de Oaxaca, Salomón Jara, declarou publicamente que não pode haver impunidade para o ataque ocorrido em San Mateo Piñas. A expectativa é que investigações sejam conduzidas para identificar e responsabilizar os autores do crime, ao mesmo tempo em que se busca garantir a continuidade da administração municipal e a segurança dos demais servidores.
