Durante uma festa junina realizada em Vicente Pires, no Distrito Federal, um episódio envolvendo agressão a uma criança de quatro anos chamou a atenção da comunidade local e das autoridades. O caso ocorreu no domingo (15/6), quando Douglas Filipe Parisio Lima, de 41 anos, foi acusado de agredir um menino durante uma apresentação escolar. O fato rapidamente ganhou repercussão, levantando discussões sobre a responsabilidade dos adultos em ambientes escolares e o papel das instituições de ensino diante de situações de conflito entre crianças.
Segundo informações apuradas, o incidente teve início após um desentendimento entre alunos durante a apresentação da festa junina. A reação do pai, que alegou ter sido motivada por emoção extrema ao presenciar o filho sendo provocado, resultou em uma intervenção abrupta e violenta. O episódio foi registrado em vídeo e compartilhado nas redes sociais, ampliando o debate sobre os limites da atuação dos responsáveis em eventos escolares e a necessidade de medidas preventivas para evitar situações semelhantes.
Como ocorreu a agressão durante a festa junina?
Vídeo: pai agride criança que se desentendeu com seu filho durante dança de festa junina
— Itatiaia (@itatiaia) June 16, 2025
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O evento escolar reunia crianças de três a quatro anos para uma apresentação típica de festa junina. Durante a atividade, um dos meninos teria colocado o dedo no olho de outro, desencadeando um conflito entre os pequenos. A situação estava sendo mediada por uma professora, mas antes que a mediação fosse concluída, Douglas Parisio, pai de um dos envolvidos, subiu ao palco e agrediu fisicamente a criança que teria provocado seu filho. Testemunhas relataram que o homem segurou o menino pelo pescoço e o derrubou no chão, causando grande comoção entre os presentes.
Como o homem se pronunciou sobre o caso?
A defesa de Douglas Filipe reconheceu, por meio de nota, que ele agiu de forma equivocada ao reagir de maneira agressiva, justificando a atitude como fruto do desespero ao presenciar mais um episódio de violência envolvendo seu filho. Na declaração oficial, o pai admite que sua conduta foi imprópria e se mostra arrependido.
“Errou. Ele não nega a falha na forma como reagiu, tampouco deseja se esquivar de suas responsabilidades. Está profundamente arrependido, triste e envergonhado”, diz o comunicado. Douglas Parisio afirmou ainda estar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e pediu desculpas públicas à criança envolvida e à família dela.
A nota também inclui um apelo voltado à sociedade e às instituições de ensino, destacando a importância de ações preventivas no ambiente escolar. “Que este lamentável episódio sirva de alerta para a urgente responsabilidade que escolas têm em prevenir, combater e acolher situações de violência entre crianças.”, completa o texto.
Segundo informações da TV Globo, o agressor relatou à Polícia que “perdeu o controle” ao ver seu filho sendo provocado, acrescentando que a vítima já teria se envolvido em situações semelhantes anteriormente. Após prestar depoimento, o homem foi liberado mediante compromisso de se apresentar à Justiça quando for convocado.
Quais foram as consequências legais para o agressor?
Após o ocorrido, a Polícia Militar foi acionada e todos os envolvidos foram encaminhados ao 8º Departamento de Polícia Civil para esclarecimentos. Douglas Parisio admitiu a reação inadequada e se colocou à disposição das autoridades, assumindo o compromisso de comparecer à Justiça quando solicitado. O caso foi registrado como termo circunstanciado, uma vez que a legislação vigente considera esse tipo de agressão como de menor potencial ofensivo. O delegado responsável destacou que a legislação brasileira ainda é considerada branda para situações desse tipo, o que limita as medidas punitivas cabíveis.
A escola envolvida no episódio, Colégio Liceu, emitiu nota pública expressando repúdio à agressão e reafirmando seu compromisso com a segurança e o bem-estar dos alunos. A instituição destacou a importância de acolher e mediar conflitos entre crianças de forma adequada, evitando que adultos recorram à violência. Entre as medidas recomendadas para prevenir situações semelhantes, destacam-se:
- Capacitação de professores e funcionários para identificar e intervir em casos de conflito;
- Promoção de campanhas educativas sobre respeito e convivência;
- Estabelecimento de protocolos claros para lidar com situações de agressão;
- Orientação aos pais sobre o papel da escola e os limites de sua atuação em eventos escolares.
Além disso, a escola informou que prestou assistência às famílias envolvidas e está colaborando com as investigações. O episódio serviu de alerta para a necessidade de diálogo constante entre pais, educadores e alunos, visando criar um ambiente escolar mais seguro e acolhedor.
Quais os desafios da legislação?

A legislação brasileira prevê punições específicas para casos de agressão, mas ainda enfrenta desafios quanto à efetividade das medidas aplicadas em situações que envolvem menores de idade. Em casos de lesão corporal leve, como o ocorrido em Vicente Pires, a lei determina a lavratura de termo circunstanciado e a liberação do suspeito mediante compromisso de comparecimento à Justiça. Especialistas apontam que a legislação precisa ser revista para garantir maior proteção às vítimas e responsabilização adequada dos agressores.
“Infelizmente, a nossa legislação é branda em relação a crimes como esse. Certamente, o policial e o delegado que analisaram o caso também são pais e se colocam no lugar dos responsáveis pela criança. No entanto, não há muito o que fazer. A legislação permite apenas a autuação que foi realizada, resultando na lavratura de um termo circunstanciado. O autor assinou um termo de compromisso para comparecer à Justiça e foi liberado. Isso, naturalmente, gera revolta”, afirmou o delegado.
O caso de Vicente Pires reforça a importância de ações preventivas e do fortalecimento das políticas de proteção à infância. A discussão sobre o papel das escolas, a atuação dos pais e a necessidade de atualização das leis segue em pauta, mobilizando autoridades, educadores e a sociedade em busca de soluções que promovam um ambiente escolar mais seguro para todas as crianças.