Nesta quarta-feira (18/6), o cenário político brasileiro voltou a ganhar destaque após a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a prisão do coronel do Exército Marcelo Câmara. Ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Câmara é investigado por suposta participação em uma articulação para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022. A ordem de prisão foi motivada por indícios de obstrução da Justiça, conforme apontado pelo próprio STF.
Marcelo Câmara já havia sido preso em janeiro de 2024, mas obteve liberdade provisória em maio do mesmo ano, mediante o cumprimento de medidas cautelares. Entre as restrições impostas estavam a proibição de uso de redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros, e a vedação de contato com outros investigados. No entanto, segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes, houve descumprimento dessas determinações, o que resultou em sua nova detenção.
Por que Marcelo Câmara foi preso novamente?

A principal razão para a nova prisão de Marcelo Câmara foi a constatação de que ele teria se comunicado, por meio de seu advogado, com o tenente-coronel Mauro Cid, outro investigado no mesmo inquérito. O contato ocorreu através de uma rede social, o que violou diretamente as medidas cautelares impostas pelo STF. De acordo com informações divulgadas, a conversa teve como objetivo obter detalhes sobre a colaboração premiada de Cid, considerada peça-chave nas investigações sobre a suposta trama golpista.
- Violação de medidas cautelares: Marcelo Câmara já era réu na investigação e estava proibido de usar redes sociais e de ter contato com outros investigados.
- Contato com Mauro Cid: O coronel teria, por meio de seu advogado, estabelecido comunicação com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator central da trama golpista.
- Tentativa de obter informações sigilosas: As conversas entre o advogado de Câmara e Mauro Cid teriam como objetivo acessar informações sigilosas da delação premiada de Cid, além de envolverem críticas de Cid ao seu acordo de colaboração.
- Obstrução da Justiça: O ministro Alexandre de Moraes entendeu que as ações de Marcelo Câmara e de seu advogado extrapolaram os limites legais da advocacia e configuram uma tentativa de interferir nas investigações, demonstrando “completo desprezo pelo Poder Judiciário”.
Quais medidas cautelares impostas por Moraes foram descumpridas?
O STF estabeleceu regras rigorosas para a liberdade provisória de Marcelo Câmara. Entre as principais restrições estavam:
- Proibição de uso de redes sociais, seja de forma direta ou por terceiros;
- Vedação de contato com outros investigados, inclusive por meio de intermediários;
- Obrigação de informar qualquer tentativa de comunicação relacionada ao processo.
O descumprimento dessas condições foi evidenciado após a divulgação de áudios e mensagens trocadas entre o advogado de Câmara e Mauro Cid, utilizando um perfil do Instagram. Essa conduta foi interpretada pelo STF como tentativa de atrapalhar as investigações, caracterizando obstrução da Justiça.
O que é considerado obstrução da Justiça em casos como este?
🚨O advogado do réu denuncia que Cid o procurou e se disse coagido.O advogado pede anulação da delação, Moraes ignora, prende o cliente e acusa o advogado de obstrução
— Andre Marsiglia (@marsiglia_andre) June 18, 2025
Quem denuncia a delação viciada sai acusado, quem foi acusado de viciar a delação sai ileso
Nem Kafka ousaria pic.twitter.com/pOzWZTpLr1
Obstrução da Justiça ocorre quando uma pessoa tenta dificultar, impedir ou manipular o andamento de investigações ou processos judiciais. No contexto do caso de Marcelo Câmara, a comunicação com outro investigado, especialmente para obter informações sigilosas sobre uma colaboração premiada, foi vista como tentativa de interferir no trabalho da Polícia Federal e do Judiciário. Segundo o STF, atitudes desse tipo demonstram desrespeito às decisões judiciais e podem comprometer a busca pela verdade dos fatos.
A detenção do ex-assessor reacende o debate sobre a importância do cumprimento rigoroso das medidas cautelares em processos de grande repercussão. O episódio reforça a atuação do STF e da Polícia Federal no combate a possíveis tentativas de obstrução das investigações relacionadas à crise política de 2022. Além disso, destaca o papel dos advogados e das redes sociais no contexto judicial, evidenciando a necessidade de transparência e respeito às determinações legais.
O caso de Marcelo Câmara segue sob análise do Supremo Tribunal Federal, que avalia a extensão dos impactos de suas ações no andamento do inquérito. A expectativa é que novas informações possam surgir à medida que as investigações avançam, contribuindo para o esclarecimento dos fatos e para o fortalecimento das instituições democráticas no país.