O cenário financeiro brasileiro foi impactado recentemente por um anúncio do Banco Central envolvendo a decretação de falência de duas instituições: BRK Financeira e PortoCred. A notícia gerou inquietação entre clientes, investidores e profissionais do setor, trazendo à tona discussões sobre a solidez do sistema financeiro nacional e os mecanismos de proteção ao consumidor. Em 2025, a estabilidade das instituições financeiras segue como tema central para a economia do país.
O Banco Central, órgão responsável pela regulação e fiscalização do sistema financeiro, comunicou oficialmente a liquidação das duas empresas após identificar problemas graves em suas operações. As falências de BRK Financeira e PortoCred levantaram questionamentos sobre os motivos que levaram a esse desfecho e as consequências para milhões de brasileiros que mantinham vínculos com essas instituições.
O que motivou as falências da BRK Financeira e da PortoCred?

As falências da BRK Financeira e da PortoCred Financeira, decretadas pelo Banco Central (BC) em fevereiro de 2023, foram motivadas principalmente por problemas de gestão, comprometimento patrimonial e graves violações às normas legais que regulamentam o funcionamento dessas instituições.
Em termos mais detalhados, os motivos incluem:
- Comprometimento Patrimonial: Ambas as financeiras apresentavam um desequilíbrio entre seus ativos e passivos, ou seja, suas dívidas eram muito maiores do que os recursos que possuíam. A BRK Financeira, por exemplo, acumulava prejuízos desde 2017 e seu Índice de Basileia (que mede a solidez financeira) estava bem abaixo do mínimo exigido pelo BC. A PortoCred estava em situação semelhante.
- Violações às Normas Legais e Regulatórias: O Banco Central identificou que as instituições estavam descumprindo diversas normas que visam garantir a saúde e a segurança do sistema financeiro. Isso incluía práticas inadequadas de gestão e um risco anormal para os credores.
- Emissão de Títulos para Cobrir Rombo: No caso da BRK Financeira, ela vinha emitindo cada vez mais títulos de Renda Fixa (como CDBs) com rentabilidades atrativas para tentar cobrir o rombo financeiro, o que aumentava ainda mais o risco para os investidores.
A liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central é uma medida que busca interromper o funcionamento da instituição e retirá-la do Sistema Financeiro Nacional (SFN) quando ela apresenta grandes dívidas ou não cumpre as regras estabelecidas.
É importante ressaltar que os investidores dessas financeiras que possuíam produtos cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como CDBs, têm direito à cobertura de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ, por instituição financeira, limitado a R$ 1 milhão por CPF a cada período de quatro anos.
Quais são os impactos para clientes e investidores?
A falência de instituições financeiras como BRK Financeira e PortoCred afeta diretamente milhares de clientes, que podem ter dúvidas sobre o acesso a seus recursos e contratos. O Banco Central informou que, em casos como esses, existe a atuação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que oferece proteção para determinados tipos de investimentos, até o limite estabelecido por lei.
- Clientes com depósitos em contas de poupança ou CDBs podem solicitar ressarcimento ao FGC, desde que estejam dentro das regras de cobertura.
- Contratos de empréstimos e financiamentos em andamento passam a ser administrados pela massa falida, sob supervisão judicial.
- Investidores que possuíam títulos ou aplicações fora do escopo do FGC devem aguardar a apuração do processo de liquidação para saber se haverá possibilidade de recuperação parcial dos valores.
Como funciona o Fundo Garantidor de Créditos (FGC)?
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) funciona como um “seguro” para o seu dinheiro aplicado em determinadas instituições financeiras no Brasil. Sua principal missão é proteger os depositantes e investidores em caso de intervenção ou liquidação de uma instituição financeira associada.
Como o FGC funciona na prática?
- Contribuição das Instituições Financeiras: O FGC é uma entidade privada, sem fins lucrativos, mantida pelas próprias instituições financeiras que a ele se associam. Essas instituições contribuem mensalmente com um percentual sobre o valor dos depósitos e investimentos elegíveis à garantia. É como se os bancos pagassem um “prêmio” para que o FGC possa atuar caso algum deles tenha problemas.
- Proteção ao Investidor: Se um banco, cooperativa de crédito ou outra instituição financeira associada ao FGC enfrentar problemas, como uma intervenção do Banco Central ou uma liquidação extrajudicial (falência), o FGC entra em ação. Ele utiliza os recursos acumulados para ressarcir os clientes que possuem depósitos ou investimentos cobertos pela garantia.
- Limite de Garantia: O FGC garante até R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) por CPF ou CNPJ, por conjunto de depósitos e investimentos em cada instituição ou conglomerado financeiro. Existe também um teto global de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), a cada período de 4 anos, para garantias pagas para cada CPF ou CNPJ. Isso significa que, se você tiver mais de R$ 250 mil em uma única instituição, apenas R$ 250 mil serão garantidos. Para proteger valores maiores, a recomendação é diversificar seus investimentos em diferentes instituições financeiras.
- Rapidez no Pagamento: Em caso de acionamento do FGC, o processo de pagamento é relativamente ágil. Atualmente, com o uso de um aplicativo próprio, o FGC consegue realizar o reembolso em poucos dias úteis após receber a lista de credores da instituição em liquidação.
Além disso, o anúncio das falências pode gerar reflexos no mercado financeiro, influenciando a confiança dos consumidores e a avaliação de risco das demais instituições.
Como o Banco Central atua em situações de falência de financeiras?
O Banco Central do Brasil possui um conjunto de atribuições para garantir a estabilidade do sistema financeiro. Quando identifica sinais de insolvência ou práticas irregulares em uma instituição, o órgão pode adotar medidas como intervenção, liquidação extrajudicial e, em casos extremos, a decretação de falência.
- Primeiramente, é realizada uma análise detalhada da situação financeira da empresa.
- Se confirmadas irregularidades graves, o Banco Central pode afastar a diretoria e nomear interventores.
- Em seguida, inicia-se o processo de liquidação, com bloqueio de ativos e levantamento de dívidas.
- O órgão acompanha todo o trâmite judicial, zelando pelos interesses dos credores e clientes.
Essas ações visam proteger o sistema como um todo, evitando que problemas pontuais se transformem em crises de maior proporção.
As falências da BRK Financeira e da PortoCred reforçam a importância da fiscalização constante e da transparência nas operações das instituições financeiras. O episódio serve de alerta para a necessidade de aprimorar mecanismos de controle e de fortalecer a educação financeira da população, para que consumidores possam tomar decisões mais seguras ao escolher onde investir ou contratar serviços.
O Banco Central, por sua vez, deve intensificar a supervisão sobre o setor, buscando antecipar riscos e garantir que situações semelhantes sejam identificadas e tratadas de forma preventiva. Para os brasileiros, o momento é de atenção redobrada às informações sobre as instituições com as quais mantêm relacionamento, valorizando a segurança e a confiabilidade no ambiente financeiro.