Pesquisas recentes têm apontado para a relação entre a alimentação e a saúde mental, especialmente no que diz respeito à prevenção de transtornos como a depressão. Um estudo publicado no British Journal of Nutrition trouxe novas evidências sobre como determinados alimentos podem influenciar positivamente o humor e reduzir o risco de desenvolver sintomas depressivos ao longo do tempo.
O levantamento envolveu milhares de participantes adultos, acompanhados por vários anos, e analisou padrões alimentares associados à incidência de depressão. Os resultados sugerem que uma dieta equilibrada, rica em nutrientes específicos, pode desempenhar papel relevante na proteção contra o transtorno depressivo, destacando a importância de escolhas alimentares conscientes no cotidiano.
Quais alimentos estão associados à redução do risco de depressão?

De acordo com o estudo do British Journal of Nutrition, certos grupos alimentares mostraram-se mais eficazes na diminuição do risco de depressão. Entre eles, destacam-se frutas, vegetais, peixes ricos em ômega-3, grãos integrais e oleaginosas. Esses alimentos são fontes de vitaminas, minerais e compostos bioativos que, segundo os pesquisadores, podem contribuir para o equilíbrio dos neurotransmissores cerebrais e para a redução de processos inflamatórios ligados ao desenvolvimento de sintomas depressivos.
- Frutas e vegetais: Ricos em antioxidantes, fibras e micronutrientes, ajudam a proteger as células do cérebro contra danos oxidativos.
- Peixes gordurosos: Salmão, sardinha e atum possuem altos níveis de ácidos graxos ômega-3, associados à melhora do funcionamento cerebral.
- Grãos integrais: Fontes de vitaminas do complexo B, fundamentais para a produção de serotonina, neurotransmissor relacionado ao bem-estar.
- Nozes e sementes: Contêm magnésio e outros minerais que auxiliam na regulação do humor.
Como a alimentação influencia a saúde mental?
A conexão entre dieta e saúde mental é mediada por diversos mecanismos biológicos. Os nutrientes presentes nos alimentos citados atuam na produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que desempenham papel central na regulação do humor. Além disso, compostos anti-inflamatórios e antioxidantes ajudam a proteger o sistema nervoso contra danos e inflamações, fatores frequentemente associados ao desenvolvimento de quadros depressivos.
O estudo reforça que padrões alimentares baseados em alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras saturadas, tendem a aumentar o risco de depressão. Por outro lado, uma alimentação variada e natural, com ênfase em vegetais, frutas e peixes, está ligada a melhores indicadores de saúde mental.
- Neurotransmissores: Alimentos ricos em triptofano, por exemplo (aminoácido precursor da serotonina, o hormônio do bem-estar), como arroz integral, carne bovina, feijão, aves, peixe e banana, podem contribuir para a produção de substâncias que regulam o humor.
- Inflamação: Dietas ricas em alimentos processados, açúcares e gorduras saturadas podem levar à inflamação crônica no corpo e no cérebro, o que tem sido associado a um maior risco de depressão e ansiedade. Por outro lado, alimentos com propriedades anti-inflamatórias, como os ricos em ômega-3, podem ser benéficos.
- Saúde intestinal: O intestino é considerado o “segundo cérebro” e há uma conexão direta entre a saúde da microbiota intestinal e a saúde mental. Alimentos probióticos e prebióticos, que promovem bactérias intestinais saudáveis, podem influenciar positivamente o humor e o comportamento.
- Estabilidade dos níveis de açúcar no sangue: Carboidratos complexos (presentes em grãos integrais), por exemplo, ajudam a manter níveis estáveis de açúcar no sangue, evitando picos e quedas que podem afetar o humor e a energia.
- Nutrientes essenciais: Vitaminas do complexo B, magnésio, zinco e vitamina D são cruciais para o funcionamento cerebral e a regulação do humor.
Como incorporar alimentos que previnem a depressão na dieta
Incorporar alimentos que auxiliam na prevenção da depressão é um passo importante para cuidar da sua saúde mental. Aqui estão algumas dicas práticas:
Frutas e Vegetais
- Variedade é chave: Busque consumir uma ampla gama de frutas e vegetais coloridos diariamente. Eles são ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes que protegem o cérebro.
- Exemplos: Frutas cítricas, berries (amora, mirtilo, morango), vegetais de folhas verdes escuras (espinafre, couve), brócolis, abobrinha, cenoura.
- Como incluir: Adicione frutas no café da manhã (em iogurtes, cereais ou vitaminas), faça saladas coloridas no almoço e jantar, e tenha vegetais cozidos ou crus como acompanhamento das suas refeições.
Peixes Ricos em Ômega-3
- Frequência: Tente incluir peixes gordurosos na sua dieta pelo menos duas a três vezes por semana.
- Opções: Salmão, sardinha, atum (em conserva com baixo sódio ou fresco), cavala e arenque são excelentes fontes de EPA e DHA, tipos de ômega-3 importantes para a função cerebral.
- Preparo: Prefira peixes grelhados, assados ou cozidos a vapor. Evite frituras.
Grãos Integrais
- Trocas inteligentes: Substitua grãos refinados por suas versões integrais.
- Exemplos: Arroz integral, aveia, quinoa, pão integral, macarrão integral.
- Benefícios: Fornecem carboidratos complexos que mantêm a energia e o humor estáveis, além de fibras que promovem a saúde intestinal.
- Como incluir: Comece o dia com aveia, use arroz integral nas refeições principais e escolha pães integrais para lanches.
Oleaginosas e Sementes
- Lanches saudáveis: São ótimas opções para lanches intermediários devido à sua praticidade e riqueza nutricional.
- Opções: Nozes, amêndoas, castanha-do-pará, castanha de caju, sementes de chia e linhaça.
- Benefícios: Contêm ômega-3 (nozes, chia, linhaça), fibras, proteínas, vitaminas e minerais que contribuem para a saúde cerebral.
- Como incluir: Adicione-as em iogurtes, saladas, frutas, vitaminas ou consuma-as puras como snack. Lembre-se da moderação, pois são calóricas. Prefira as versões sem sal e sem açúcar.

Quais hábitos alimentares podem ser incorporados no dia a dia?
Adotar uma rotina alimentar saudável não exige mudanças radicais, mas sim pequenas adaptações que podem ser mantidas a longo prazo. O estudo sugere algumas práticas simples para incluir alimentos protetores contra a depressão no cardápio diário:
- Priorizar o consumo de frutas frescas em lanches e sobremesas.
- Adicionar vegetais variados nas principais refeições.
- Incluir peixes ricos em ômega-3 ao menos duas vezes por semana.
- Optar por grãos integrais, como arroz integral, aveia e quinoa, no lugar de refinados.
- Consumir nozes, castanhas e sementes como opções de snacks saudáveis.
Essas escolhas alimentares, quando associadas a outros hábitos saudáveis, como prática regular de atividade física e sono adequado, podem contribuir para a manutenção do equilíbrio emocional e para a prevenção de transtornos mentais.
O estudo do British Journal of Nutrition reforça a importância de olhar para a alimentação como parte fundamental do cuidado com a saúde mental. Embora a dieta não substitua tratamentos médicos ou psicológicos, ela pode ser uma aliada relevante na redução do risco de depressão, oferecendo suporte ao bem-estar geral.