Nesta quinta-feira (26/6), a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul colheu o depoimento da adolescente que mantinha um relacionamento online com o garoto de 14 anos suspeito de assassinar os pais e o irmão de 3 anos, no distrito de Comendador Venâncio, em Itaperuna (RJ). Paralelamente, os investigadores realizam perícia nos dispositivos eletrônicos do adolescente, como o celular e o computador, na tentativa de compreender melhor a dinâmica do crime e verificar se houve influência ou incentivo à distância. O delegado explicou o caso.
As investigações tiveram início após a avó do adolescente procurar a polícia, preocupada com o desaparecimento da família. O jovem, que mantinha um relacionamento virtual com uma adolescente do Mato Grosso do Sul, passou a ser o principal suspeito após inconsistências em seu relato. O caso ganhou complexidade com a análise de aparelhos eletrônicos do suspeito, como celular e computador, para identificar possíveis influências externas ou apoio remoto.
Como a polícia chegou ao adolescente suspeito?
O desenrolar da investigação começou quando a avó notou o sumiço dos familiares e buscou ajuda das autoridades. Durante as buscas, o adolescente apresentou versões contraditórias sobre o paradeiro dos pais e do irmão. A polícia, ao realizar uma vistoria autorizada na residência, encontrou indícios como manchas de sangue, sinais de queima e um forte odor vindo da cisterna, onde os corpos foram localizados. A partir desse momento, o jovem confessou o crime em depoimento formal.
Segundo informações da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, o adolescente relatou ter utilizado a arma do pai, que estava guardada sob o colchão, para cometer os homicídios enquanto os familiares dormiam. Após o ato, tentou ocultar os vestígios, arrastando os corpos e utilizando produtos de limpeza. Também tentou queimar roupas sujas e preparar uma bolsa de viagem, o que indica um planejamento prévio.
Como o delegado explicou o caso?
Durante as investigações, surgiu a hipótese de que a adolescente com quem o jovem mantinha um relacionamento virtual poderia ter algum envolvimento no crime. O contato entre eles teria começado por meio de um jogo online, quando ambos tinham cerca de 8 anos. A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul ouviu a jovem para apurar se houve instigação, incentivo ou apoio remoto durante a execução dos homicídios.
- Os aparelhos eletrônicos do adolescente, como celular e computador, foram encaminhados para perícia.
- O objetivo é identificar trocas de mensagens, pesquisas na internet e eventuais orientações recebidas.
- Até o momento, não há confirmação de que o jovem tenha pesquisado métodos para cometer os crimes, mas a possibilidade de influência virtual segue em análise.
“Ainda estamos analisando o conteúdo das mídias. Não há prova de que ele tenha pesquisado como matar os pais, mas é factível que tenha feito tudo sozinho ou com ajuda virtual da namorada. Vamos confirmar isso”, revelou o delegado.
“Ele conversou de boa, frio, com respostas rápidas. Indagado por um investigador se voltaria no tempo, ele disse que não se arrependeu e que faria tudo de novo”, completou o delegado.
Quais as consequências legais para o adolescente?

Após confessar os atos, o adolescente foi apreendido e responderá por atos infracionais análogos a triplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê medidas socioeducativas para menores de 18 anos envolvidos em crimes, que podem incluir internação em unidade específica, acompanhamento psicológico e restrição de liberdade por tempo determinado.
- O jovem será submetido a avaliação psicológica e social.
- O processo tramita em segredo de justiça, como determina a legislação brasileira.
- O caso reacende debates sobre a responsabilidade penal de adolescentes e a influência de ambientes virtuais em comportamentos violentos.
O que falta esclarecer?
Os peritos analisam os dispositivos eletrônicos do adolescente para reconstruir a dinâmica do crime e identificar possíveis cúmplices ou instigadores. Além disso, a investigação apura se houve tentativa de acessar recursos financeiros da família, como o saldo do FGTS do pai, o que pode indicar motivação adicional. A arma utilizada foi localizada na casa da avó, que também foi ouvida pelas autoridades.
O caso segue sob investigação, com atenção voltada para o contexto familiar, as relações virtuais e o comportamento do adolescente antes e depois do crime. As autoridades reforçam a importância do acompanhamento de menores no ambiente digital e da observação de sinais de risco em situações familiares.