Na tarde desta terça-feira (10/6), o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve presente no Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento no âmbito de um inquérito que apura suposta tentativa de golpe de Estado. O caso ganhou destaque nacional devido à relevância das investigações e ao envolvimento de figuras centrais do cenário político brasileiro. Durante o interrogatório, Bolsonaro protagonizou momentos que chamaram a atenção da imprensa e do público, especialmente por suas interações pessoais registradas durante a audiência.
Enquanto respondia às perguntas das autoridades, o ex-presidente foi flagrado trocando mensagens de caráter pessoal com sua esposa, Michelle Bolsonaro. A troca de mensagens incluiu elogios e emojis, o que gerou repercussão nas redes sociais e levantou discussões sobre o comportamento de figuras públicas em situações formais. O episódio ocorreu em meio a um contexto de forte tensão política, com o país acompanhando de perto os desdobramentos do processo judicial.
O que motivou o depoimento de Jair Bolsonaro no STF?

O depoimento de Jair Bolsonaro foi motivado por investigações que apuram possíveis ações para impedir a transição democrática após as eleições de 2022. O inquérito, conduzido pelo STF, investiga a atuação de um grupo que teria buscado, de forma organizada, abalar o Estado Democrático de Direito. As acusações incluem tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa e danos ao patrimônio público.
Além de Bolsonaro, outros sete investigados, considerados parte do chamado “núcleo crucial” do processo, também foram convocados para prestar esclarecimentos. O objetivo das autoridades é compreender a extensão da participação de cada envolvido e identificar possíveis ramificações das ações investigadas. O caso é acompanhado de perto por órgãos de fiscalização e pela sociedade civil, que aguardam os próximos passos do julgamento.
- Acusação de Tentativa de Golpe de Estado: Bolsonaro é um dos réus na ação que investiga o planejamento de medidas inconstitucionais para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Minuta do Golpe: A investigação se baseia, em grande parte, em documentos encontrados e delações (como a de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) que indicariam a formulação e edição de minutas de um golpe, incluindo a possibilidade de decretação de Estado de Sítio ou de Defesa.
- Críticas ao Sistema Eleitoral: Bolsonaro foi questionado sobre suas declarações a respeito das urnas eletrônicas e defendeu que suas falas eram “críticas” e não “ataques”, reiterando seu posicionamento em defesa do voto impresso.
- Reuniões com Comandantes das Forças Armadas: O ex-presidente confirmou que em 7 de dezembro de 2022, foram projetados “de forma rápida” os considerandos de uma minuta em reunião com comandantes das Forças Armadas, mas alegou que a discussão “começou sem força” e que “nada foi para frente”.
- Relação com os Atos de 8 de Janeiro: Bolsonaro negou ter colaborado com os atos de 8 de janeiro, classificando-os como uma “baderna” e não uma tentativa de golpe articulada.
- Pedidos de Desculpas e “Desabafos”: Em um momento do interrogatório, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por ter insinuado que ele e outros ministros teriam recebido valores ilegais, chamando a fala de “desabafo” e afirmando não ter indícios para tal acusação.
Quais foram os detalhes revelados durante o interrogatório?
O fotógrafo Brenno Carvalho divulgou mensagens amorosas trocadas entre Jair Bolsonaro e Michelle durante o interrogatório do golpe. pic.twitter.com/hCP3tSctgh
— POPTime (@siteptbr) June 10, 2025
Durante o interrogatório, além das perguntas relacionadas ao inquérito, chamou atenção o comportamento do ex-presidente ao interagir com o celular. Imagens registradas mostraram Bolsonaro trocando mensagens carinhosas com Michelle Bolsonaro, utilizando emojis variados, como corações rosa e figuras de animais. A presença de determinados emojis, como a melancia — termo usado no meio militar para se referir a militares com inclinações de esquerda —, também foi notada.
As imagens exibidas permitiram observar ainda outras informações armazenadas no aparelho do ex-presidente, incluindo capturas de tela de matérias jornalísticas sobre autoridades do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Esses detalhes, embora não estejam diretamente ligados ao objeto do inquérito, foram amplamente repercutidos e analisados por veículos de comunicação e especialistas em comportamento político.
Quais são as acusações enfrentadas pelos réus no processo?
Os réus envolvidos no processo, incluindo Jair Bolsonaro, respondem a uma série de acusações relacionadas à tentativa de subverter a ordem democrática. Entre os principais crimes investigados estão:
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Tentativa de golpe de Estado
- Participação em organização criminosa armada
- Dano qualificado ao patrimônio público
- Deterioração de patrimônio tombado
Essas acusações são consideradas graves e podem resultar em penas significativas, caso haja condenação. O julgamento busca esclarecer os fatos e determinar a responsabilidade de cada envolvido, respeitando o devido processo legal.
Quais as repercussões?
A investigação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do chamado “núcleo crucial” tem gerado grande repercussão no Brasil. O acompanhamento do caso por parte da população e da imprensa reflete a importância do tema para o cenário político e institucional do país. Debates sobre a preservação da democracia, o papel das instituições e a conduta de autoridades públicas têm sido frequentes desde o início do processo.
O desdobramento do julgamento é aguardado com expectativa, já que pode impactar diretamente o futuro político dos envolvidos e influenciar discussões sobre a estabilidade democrática no Brasil. O episódio reforça a necessidade de transparência e responsabilidade no exercício de cargos públicos, além de destacar o papel do Judiciário na garantia do Estado de Direito.