Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou uma decisão importante envolvendo dois produtos amplamente conhecidos no mercado brasileiro. Nessa segunda (23/6), o órgão determinou o recolhimento do Suplemento Proteico – 100% Full Whey, da Fullife Nutrition, e da canela-da-China em pó da marca Kinino, após análises laboratoriais apontarem irregularidades em suas composições e rotulagens.
Os testes realizados pela Fundação Ezequiel Dias revelaram que o suplemento proteico apresentava contaminação por uma bactéria capaz de provocar intoxicação alimentar, além da presença de glúten não informado no rótulo. No caso da canela, foi detectada a adição de amido, substância que não faz parte da composição original da especiaria. Essas descobertas levantaram preocupações sobre a segurança dos consumidores, especialmente daqueles com restrições alimentares.
Como a decisão da Anvisa foi motivada?

A decisão da Anvisa foi motivada pelo descumprimento das normas sanitárias vigentes. O suplemento proteico, ao conter glúten sem a devida informação no rótulo, coloca em risco pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten. Além disso, a presença de uma bactéria patogênica representa ameaça à saúde pública, podendo causar quadros de intoxicação alimentar. Já a canela-da-China em pó, ao apresentar amido em sua composição, viola o padrão de identidade e qualidade estabelecido para especiarias, comprometendo a confiança do consumidor.
Suplemento Proteico – 100% Full Whey, da Fullife Nutrition
- Presença de Glúten Não Declarado: Análises laboratoriais revelaram a presença de glúten no produto, apesar de o rótulo indicar ser isento dessa substância. Isso representa um risco significativo para pessoas celíacas ou com sensibilidade ao glúten.
- Informações Enganosas na Rotulagem: O suplemento apresentava alegações não permitidas em seu rótulo, o que, segundo a Anvisa, induzia o consumidor ao erro, fornecendo informações enganosas sobre os benefícios e a composição do produto. Essas violações comprometem a confiança do consumidor e a segurança alimentar.
- Irregularidades em Análises Histológicas e Matérias Estranhas: O produto também teve resultados insatisfatórios na avaliação de elementos histológicos e na pesquisa de matérias estranhas macro e microscópicas, indicando problemas de qualidade e pureza.
Canela-da-China em pó da marca Kinino
- Adulteração com Amido: Testes laboratoriais constataram a presença de amido na canela-da-China em pó, um componente que não é característico da especiaria. Essa adulteração indica que o produto não é puro e pode afetar sua qualidade e propriedades.
- Presença de Matérias Estranhas: O lote da canela em pó da Kinino apresentou resultados insatisfatórios na avaliação histológica e na detecção de matérias estranhas, tanto visíveis quanto microscópicas. Isso sugere contaminação e falta de higiene no processo de produção.
- Não Conformidade com a Legislação Sanitária: Os parâmetros identificados em ambos os produtos não estavam de acordo com a legislação sanitária brasileira, que estabelece os padrões de identidade e qualidade para alimentos e suplementos.
Quais os riscos do consumo desses produtos adulterados?
O consumo de alimentos com ingredientes não declarados pode resultar em sérias consequências para indivíduos com alergias ou intolerâncias. No caso do suplemento, a ingestão de glúten por celíacos pode desencadear reações adversas, como dores abdominais, diarreia e outros sintomas gastrointestinais. A contaminação bacteriana, por sua vez, pode causar intoxicação alimentar, levando a quadros de vômito, febre e mal-estar. Já a canela adulterada com amido pode ser prejudicial para quem necessita de dietas restritas, além de caracterizar fraude ao consumidor.
- Falta de efeito terapêutico (em medicamentos): Medicamentos adulterados podem não conter o princípio ativo correto, conter uma dosagem errada (menor ou maior do que o indicado) ou até mesmo não ter nenhum princípio ativo. Isso pode tornar o tratamento ineficaz, agravar doenças, e em casos de condições crônicas ou infecciosas, pode ter consequências fatais.
- Substâncias tóxicas: Produtos adulterados podem conter ingredientes prejudiciais, contaminantes, ou substâncias desconhecidas que não passaram por controle de qualidade. Isso pode levar a:
- Intoxicações: Com sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, dor de cabeça e mal-estar geral.
- Reações alérgicas severas: Que podem ser fatais em pessoas sensíveis.
- Danos irreversíveis a órgãos: Como fígado e rins, que podem ser sobrecarregados por substâncias tóxicas.
- Cegueira: Em casos de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol.
- Interações perigosas: Medicamentos falsificados podem reagir de forma inesperada com outros remédios que você esteja tomando, diminuindo a eficácia do tratamento ou causando complicações sérias.
- Agravamento de condições de saúde: Se o produto não cumprir sua função original ou introduzir novas toxinas no corpo, pode piorar o estado de saúde do consumidor.
- Problemas nutricionais (em alimentos e suplementos): Alimentos ou suplementos adulterados podem ter seu valor nutricional reduzido ou substituído por ingredientes de menor qualidade, impedindo que o consumidor atinja seus objetivos nutricionais ou de saúde.
- Danos ortopédicos: No caso de tênis falsificados, que não oferecem o suporte adequado.
- Problemas oculares: Óculos de sol falsificados que não filtram os raios UV podem danificar os olhos.
- Riscos de incêndio, choques e explosões: Em eletrônicos falsificados, como carregadores e baterias.
Como os consumidores devem proceder diante do recolhimento?
Com a proibição da comercialização dos produtos em todo o território nacional, a orientação da Anvisa é clara: interromper imediatamente o uso dos itens afetados. Recomenda-se que os consumidores entrem em contato com os fabricantes para informações sobre o recolhimento e possíveis ressarcimentos. Além disso, é importante que as pessoas fiquem atentas a sintomas relacionados ao consumo dos produtos e procurem assistência médica caso necessário.
- Verificar o lote dos produtos em casa antes do consumo.
- Entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente das marcas envolvidas.
- Evitar o consumo de produtos com suspeita de adulteração ou fora dos padrões sanitários.
Como evitar problemas com alimentos adulterados?
Para reduzir riscos, é fundamental adotar algumas práticas no dia a dia. A leitura atenta dos rótulos, a compra de produtos em estabelecimentos confiáveis e a observação de selos de qualidade são medidas que contribuem para a segurança alimentar. Além disso, acompanhar comunicados oficiais de órgãos como a Anvisa pode ajudar a identificar rapidamente produtos sob suspeita ou recolhimento.
- Leia sempre as informações do rótulo, principalmente se tiver restrições alimentares.
- Prefira marcas reconhecidas e com histórico positivo no mercado.
- Fique atento a alertas e notas técnicas emitidas por órgãos reguladores.
O episódio reforça a importância da fiscalização constante e da transparência na cadeia de produção de alimentos e suplementos. O consumidor, por sua vez, deve permanecer atento às orientações das autoridades sanitárias para garantir sua saúde e bem-estar.