Quem adquiriu uma smart TV recentemente pode se surpreender: o aparelho pode se tornar ultrapassado em pouco tempo. Segundo informações do Metrópoles, o governo está prestes a publicar um novo decreto que estabelece a implantação da chamada TV 3.0 no Brasil. Para acessar a nova tecnologia, será necessário adquirir um conversor específico — mesmo que o televisor seja dos modelos mais avançados atualmente à venda.
Mesmo televisores smart lançados recentemente poderão se tornar incompatíveis com o novo padrão, caso não sejam adaptados. Para acessar a TV 3.0, será necessário adquirir um conversor específico, cujo valor estimado gira em torno de R$ 400. Enquanto a indústria se prepara para lançar aparelhos já compatíveis, o governo discute medidas para facilitar a transição, incluindo linhas de financiamento e distribuição gratuita de adaptadores para famílias de baixa renda.
O que é a TV 3.0 e como ela funciona?

A TV 3.0 representa a próxima geração da televisão aberta, baseada em um padrão tecnológico que permite a transmissão de conteúdos em alta resolução, maior interatividade e integração com a internet. Diferente do modelo atual, a nova tecnologia possibilita acessar canais e conteúdos extras por meio de aplicativos, não apenas pelo controle remoto tradicional. Isso significa que, além da programação ao vivo, o espectador poderá escolher assistir séries, jogos ou programas sob demanda, diretamente pela televisão.
Outro aspecto importante é a personalização do conteúdo. Com a necessidade de login para acessar a programação, as emissoras poderão identificar preferências dos usuários e direcionar anúncios de acordo com o perfil de cada um, de maneira semelhante ao que já ocorre em plataformas digitais. A TV 3.0 também permitirá funcionalidades como compras instantâneas durante a exibição de novelas ou eventos esportivos, tornando a experiência mais interativa.
Quais mudanças a TV 3.0 traz para os consumidores?
Para quem possui televisores fabricados antes da chegada da TV 3.0, será indispensável o uso de um conversor conectado à porta USB ou HDMI para acessar o novo sinal. O investimento nesse adaptador é uma das principais preocupações dos consumidores, especialmente diante do valor estimado e da necessidade de adaptação em aparelhos relativamente novos. No entanto, o governo estuda alternativas para facilitar esse processo, como linhas de crédito para a indústria e distribuição gratuita de conversores para inscritos no Cadastro Único.
- Interatividade ampliada: acesso a conteúdos extras, escolha de câmeras em eventos ao vivo e participação em enquetes em tempo real.
- Publicidade direcionada: anúncios personalizados com base no perfil do espectador, semelhante ao que ocorre em redes sociais.
- Conteúdo sob demanda: possibilidade de assistir programas, séries e eventos esportivos a qualquer momento.
- Compras integradas: aquisição de produtos exibidos na programação com apenas um clique.
Por que sua TV pode ficar obsoleta com o novo decreto?
O principal motivo pelo qual sua TV atual pode ficar obsoleta com a chegada da TV 3.0 é a compatibilidade tecnológica.
- Necessidade de novos receptores: A TV 3.0 utilizará um novo padrão de transmissão (provavelmente o ATSC 3.0, que já está sendo testado). A grande maioria das TVs que temos hoje no Brasil, mesmo as Smart TVs 4K, não possuem o receptor (ou “tuner”) compatível com esse novo sinal.
- Qualidade de imagem e som: Embora muitas TVs recentes já tenham capacidade para 4K e HDR, elas não estão preparadas para receber o sinal nativo da TV 3.0 com todas as suas funcionalidades e aprimoramentos de áudio imersivo.
O que fazer? Será preciso comprar uma TV nova?
Não necessariamente. A transição para a TV 3.0 será gradual. O Ministério das Comunicações não planeja o desligamento imediato do atual sistema de TV digital (TV 2.0).
- Conversores: Assim como na transição da TV analógica para a digital, haverá a possibilidade de usar conversores para adaptar TVs mais antigas ao novo sinal da TV 3.0. O governo ainda não definiu se esses conversores serão distribuídos gratuitamente para famílias de baixa renda, como ocorreu anteriormente.
- TVs mais recentes: Alguns televisores lançados a partir de 2020 já possuem tecnologias como 4K, HDR e áudio imersivo, o que pode permitir que alguns consumidores usufruam de parte dos benefícios da TV 3.0 sem a necessidade de trocar de aparelho imediatamente, mas ainda precisarão de um conversor para receber o sinal do novo padrão. As fabricantes já estão se adaptando e, a partir de 2025, novas TVs devem ser lançadas com o receptor integrado para a TV 3.0.
Como será a transição para o novo sistema?
A implementação da TV 3.0 está prevista para iniciar em 2026, mas o sinal digital atual continuará disponível por pelo menos mais dez anos. Isso garante que quem não quiser ou não puder investir no novo conversor ainda terá acesso à programação tradicional. A indústria aguarda a definição do padrão oficial, sugerido como o americano, para iniciar a produção em larga escala dos equipamentos necessários.
Durante esse período de transição, espera-se que a oferta de aparelhos compatíveis aumente gradualmente, reduzindo custos e facilitando o acesso à nova tecnologia. O governo também avalia políticas públicas para garantir que famílias de baixa renda não fiquem excluídas do novo sistema, mantendo o compromisso com a democratização do acesso à informação.
O que muda para as emissoras de TV?
Com a chegada da TV 3.0, as emissoras terão a oportunidade de diversificar suas estratégias de conteúdo e publicidade. A integração com a internet permitirá oferecer experiências mais ricas, como transmissões em múltiplos ângulos, conteúdos exclusivos e maior interação com o público. Além disso, a possibilidade de direcionar anúncios de acordo com o perfil do espectador abre novas oportunidades de receita e parcerias comerciais.
Para as empresas de comunicação, a adaptação ao novo modelo exigirá investimentos em tecnologia e inovação, além de estratégias para engajar o público em um ambiente cada vez mais competitivo. A expectativa é que a TV 3.0 contribua para revitalizar a televisão aberta, tornando-a mais relevante diante das mudanças nos hábitos de consumo de mídia no Brasil.
Com a evolução da TV aberta para a TV 3.0, o cenário audiovisual brasileiro entra em uma nova fase, marcada pela convergência entre televisão e internet. A transição promete trazer benefícios para consumidores e emissoras, mas também impõe desafios relacionados à inclusão digital e à atualização dos equipamentos. O acompanhamento das próximas etapas será fundamental para entender como essa transformação vai impactar o cotidiano dos brasileiros nos próximos anos.