O cenário do mercado de trabalho brasileiro tem passado por transformações significativas nos últimos anos, refletindo mudanças nas preferências e prioridades dos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em junho de 2025 revelou tendências importantes sobre o desejo de autonomia e a busca por estabilidade entre os profissionais do país. Os dados apontam para uma sociedade cada vez mais dividida entre o empreendedorismo e o tradicional emprego com carteira assinada.
Segundo o levantamento, a maioria dos brasileiros manifesta preferência por trabalhar por conta própria, enquanto uma parcela menor se sente mais confortável em posições formais, contratados por empresas. Esse movimento evidencia não apenas uma mudança de mentalidade, mas também a influência de fatores econômicos e sociais que impactam as decisões de carreira dos trabalhadores.
O que a pesquisa Datafolha revela sobre o trabalho no Brasil?
De acordo com a pesquisa, 59% dos entrevistados afirmaram preferir atuar como autônomos, enquanto 39% declararam sentir-se melhor em empregos formais, contratados por empresas. Esse resultado demonstra uma tendência crescente de valorização da independência profissional, que pode estar relacionada ao desejo de maior flexibilidade, controle sobre a rotina e potencial de ganhos variáveis.
O estudo foi realizado com 2.016 pessoas, abrangendo 136 municípios em diferentes regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o que confere robustez aos resultados apresentados. Além disso, o levantamento investigou a disposição dos brasileiros em relação ao trabalho com ou sem registro em carteira, trazendo à tona questões sobre segurança e remuneração.
Preferência por trabalho com carteira assinada ou remuneração maior?
Um dos pontos centrais do levantamento envolveu a escolha entre trabalhar com carteira assinada, mesmo com salário menor, ou optar por uma remuneração mais alta sem registro formal. Os dados mostram que 67% dos participantes preferem a estabilidade da carteira assinada, mesmo que isso signifique receber menos. Por outro lado, 31% se disseram dispostos a abrir mão do registro em troca de um salário mais elevado.
Esse contraste evidencia que, apesar do crescimento do trabalho autônomo, a formalização ainda exerce forte apelo entre os brasileiros. A segurança proporcionada por direitos trabalhistas, como férias, 13º salário e acesso à previdência social, segue sendo um fator determinante para a maioria. No entanto, a parcela que aceita a informalidade em busca de melhores ganhos aumentou em relação a anos anteriores, indicando uma mudança gradual de comportamento.
Quais fatores influenciam a escolha entre autonomia e estabilidade?
Diversos elementos contribuem para a decisão entre atuar por conta própria ou buscar um emprego formal. Entre eles, destacam-se:
- Flexibilidade de horários: O trabalho autônomo permite maior controle sobre a rotina diária.
- Potencial de renda: Muitos enxergam na informalidade a possibilidade de ganhos superiores ao salário fixo.
- Segurança jurídica: A carteira assinada garante direitos trabalhistas e previdenciários.
- Estabilidade financeira: Empregos formais costumam oferecer previsibilidade de renda.
- Contexto econômico: Situações de crise ou desemprego podem impulsionar o empreendedorismo por necessidade.
Além desses fatores, aspectos regionais e setoriais também influenciam as escolhas dos trabalhadores. Em áreas com maior oferta de empregos formais, a preferência pela carteira assinada tende a ser mais expressiva. Já em regiões com economia informal predominante, o trabalho autônomo ganha espaço.
Como a tendência de trabalho autônomo impacta o mercado brasileiro?
O aumento do número de pessoas que preferem trabalhar por conta própria traz desafios e oportunidades para o mercado de trabalho no Brasil. Por um lado, há o estímulo ao empreendedorismo e à inovação, com o surgimento de novos negócios e serviços. Por outro, cresce a preocupação com a proteção social desses profissionais, que muitas vezes ficam à margem dos direitos garantidos pela legislação trabalhista.
Especialistas apontam que a formalização de autônomos e a criação de políticas públicas voltadas para esse segmento são essenciais para garantir condições dignas de trabalho. A tendência observada em 2025 indica que o equilíbrio entre autonomia e segurança será um dos principais temas em debate nos próximos anos, exigindo adaptações tanto do setor público quanto das empresas privadas.
O panorama apresentado pela pesquisa Datafolha revela um Brasil em transformação, onde a busca por liberdade profissional convive com o desejo de estabilidade. As escolhas dos trabalhadores refletem não apenas suas necessidades individuais, mas também as mudanças estruturais da economia e da sociedade.