O salário mínimo no Brasil é um tema de grande relevância, pois afeta diretamente a vida de milhões de trabalhadores e suas famílias. Em 2025, o valor do salário mínimo foi ajustado para R$ 1.518,00, representando um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior. Este reajuste foi implementado oficialmente a partir de 1º de janeiro, embora o orçamento tenha sido sancionado apenas em abril. O impacto desse aumento se estende além dos trabalhadores que recebem o piso salarial, influenciando também aposentadorias e benefícios sociais.
O salário mínimo é uma ferramenta essencial para a política econômica e social do país. Ele serve como base para o cálculo de diversos benefícios e é um indicador importante para o reajuste de salários no setor público. Além disso, o salário mínimo é um parâmetro para a definição de pisos salariais em diversas categorias profissionais. A política de valorização do salário mínimo busca não apenas repor perdas inflacionárias, mas também promover um aumento real do poder de compra dos trabalhadores.
Como é calculado o reajuste do salário mínimo?
O cálculo do reajuste do salário mínimo no Brasil segue uma política de valorização que considera dois principais fatores: a inflação acumulada nos 12 meses anteriores, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, limitado a 2,5%. Essa metodologia visa garantir que o salário mínimo acompanhe a evolução dos preços e o crescimento econômico, proporcionando um aumento real no poder de compra dos trabalhadores.
Em caso de crescimento negativo do PIB, o reajuste considera apenas a inflação. Essa política tem como objetivo equilibrar a necessidade de aumentar o poder aquisitivo dos trabalhadores com a capacidade econômica do país de sustentar tais aumentos. O impacto do reajuste é significativo, pois afeta não apenas os trabalhadores que recebem o salário mínimo, mas também aqueles que dependem de benefícios sociais indexados a ele.

Qual a previsão do governo para os próximos anos?
O governo federal estima que o valor em 2026 será de R$ 1.630, o que representa um reajuste de 7,37%. A projeção consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para o próximo ano, elaborado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento. Ainda segundo o PLDO, os valores previstos para os anos seguintes são: R$ 1.724 em 2027, R$ 1.823 em 2028 e R$ 1.925 em 2029.
Quais são os descontos aplicados ao salário mínimo?
Os trabalhadores que recebem o salário mínimo estão sujeitos a descontos obrigatórios, como a contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Imposto de Renda (IR), dependendo da faixa salarial. A alíquota do INSS pode chegar a 14%, enquanto o IR é progressivo, com isenção para rendimentos até R$ 2.259,20. Além desses, podem ocorrer descontos não obrigatórios, como vale-transporte, empréstimos consignados e contribuições sindicais.
É importante destacar que os descontos não podem ultrapassar 70% do valor do salário, garantindo que o trabalhador receba uma quantia mínima para sua subsistência. A legislação busca proteger o trabalhador, assegurando que ele tenha condições de arcar com suas despesas básicas, mesmo após os descontos.
Quais os valores para se viver no Brasil?
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que o salário mínimo ideal para atender às necessidades básicas de uma família seria significativamente maior do que o valor atual. Este cálculo considera despesas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Em 2024, o salário mínimo representava apenas 20,85% do valor necessário para cobrir essas despesas.
Apesar da disparidade entre o salário mínimo real e o ideal, especialistas apontam que um aumento significativo do piso salarial poderia ter efeitos adversos na economia, como o aumento da informalidade e a pressão sobre as contas públicas. O equilíbrio macroeconômico é essencial para que o país possa considerar aumentos mais expressivos no futuro.
Como funciona o salário mínimo regional?
Além do salário mínimo nacional, alguns estados brasileiros adotam um salário mínimo regional, que pode ser superior ao piso nacional. Essa prática é autorizada pela Lei Complementar nº 103/2000 e visa atender às particularidades econômicas e sociais de cada região. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná possuem seus próprios pisos salariais, que são definidos com base em negociações entre representantes dos trabalhadores e empregadores.
Como funciona:
- Salário Mínimo Nacional: É o valor mínimo de remuneração definido pelo governo federal e válido para todo o país. Ele serve como base para todos os demais salários.
- Autonomia Estadual: Alguns estados, por meio de suas Assembleias Legislativas, têm a prerrogativa de definir um salário mínimo regional próprio. Essa prática é possível porque a Constituição Federal permite que os estados criem leis que estabeleçam pisos salariais para categorias que não possuam acordos ou convenções coletivas de trabalho ou leis federais que definam seus salários.
- Valor Superior ao Nacional: O salário mínimo regional sempre será igual ou superior ao salário mínimo nacional. Nunca pode ser menor.
- Faixas Salariais: Alguns estados, como Rio Grande do Sul e Paraná, dividem o salário mínimo regional em faixas, que variam de acordo com a categoria profissional do trabalhador. Isso significa que diferentes profissões podem ter pisos salariais diferentes dentro do mesmo estado. Outros estados, como São Paulo, podem ter um valor único.
- Reajuste Anual: Assim como o salário mínimo nacional, o salário mínimo regional também é reajustado anualmente, geralmente levando em conta a inflação (como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC) e, em alguns casos, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
- Abrangência: O salário mínimo regional se aplica a trabalhadores regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que não tenham um piso salarial definido por lei federal, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Servidores públicos estaduais e municipais, por exemplo, não são abrangidos pelo salário mínimo regional.
Estados que adotam o salário mínimo regional (em 2025):
Atualmente, os estados que geralmente possuem um salário mínimo regional são:
- São Paulo
- Rio de Janeiro
- Paraná
- Santa Catarina
- Rio Grande do Sul
O salário mínimo regional reflete as diferenças no custo de vida e na produtividade entre as regiões, proporcionando uma remuneração mais adequada às condições locais. Essa regionalização é vista como uma forma de adaptar a política salarial às realidades econômicas de cada estado, promovendo uma distribuição mais equitativa da renda.