O Brasil enfrenta desafios significativos em relação à infraestrutura hidráulica, especialmente no que diz respeito ao tratamento e descarte de resíduos. A implementação de sistemas mais eficientes requer mudanças estruturais tanto em nível público quanto privado. No entanto, essas mudanças podem ser financeiramente inviáveis para muitos cidadãos, considerando a renda média no país. A prática de jogar papel higiênico na privada parece inofensiva, mas pode oferecer riscos no Brasil; entenda abaixo.
Um dos principais obstáculos é a necessidade de diferentes tipos de tubulações nas residências, ou a adoção de trituradores sanitários. Embora algumas construtoras tenham começado a implementar a divisão de tubulações de esgoto, essa prática ainda não é amplamente adotada. A falta de infraestrutura adequada impacta diretamente a eficiência do saneamento básico no país.
Qual é o estado atual do tratamento de esgoto no Brasil?
O tratamento de esgoto no Brasil ainda está longe de ser ideal. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE de 2021, apenas 47% da população tem acesso à coleta de esgoto. Destes, somente 46% dos resíduos coletados passam por tratamento adequado. Isso significa que uma parcela significativa dos resíduos é descartada sem tratamento, o que pode resultar em poluição de rios, córregos e mares.
Essa situação evidencia a necessidade urgente de expandir e melhorar o sistema de saneamento básico no país. Sem um tratamento adequado, o descarte de resíduos, como o papel higiênico, pode agravar ainda mais os problemas ambientais e de saúde pública.

Quais são os riscos de jogar o papel higiênico na privada?
O descarte de papel higiênico na rede de esgoto pode causar entupimentos, especialmente na rede domiciliar. Embora seja menos provável que cause problemas na rede pública, a combinação de papel higiênico com outros resíduos, como lixos sólidos e gorduras, pode levar à formação de obstruções. Essas obstruções podem resultar em custos adicionais para reparos e manutenção.
Além disso, o uso inadequado de recursos hídricos para lidar com esses entupimentos representa um gasto adicional de água, um recurso que deve ser utilizado de forma consciente e sustentável.
Principais riscos de jogar papel higiênico na privada no Brasil:
- Entupimento de encanamentos: Esta é a principal preocupação. Embora o papel higiênico seja feito para se desintegrar na água, muitos sistemas de esgoto no Brasil são antigos, com canos estreitos e muitas curvas. Além disso, o papel higiênico brasileiro, principalmente os de folha dupla ou tripla, tende a ser mais resistente à umidade e menos solúvel, o que dificulta sua desintegração rápida. Isso pode causar o acúmulo de papel e, consequentemente, entupimentos no seu próprio imóvel ou na rede pública.
- Danos à fossa séptica: Para casas e edifícios que utilizam fossa séptica, o descarte de papel higiênico na privada pode sobrecarregar o sistema, entupir a fossa e prejudicar o processo de tratamento dos efluentes, exigindo manutenções mais frequentes e caras.
- Acúmulo nas estações de tratamento de esgoto: Mesmo em cidades com redes de esgoto mais modernas, o papel que não se desfaz completamente pode se acumular nas grades e filtros das estações de tratamento, sobrecarregando o sistema e dificultando o tratamento adequado do esgoto.
- Desperdício de água: Para garantir que o papel desça pela descarga, muitas vezes é necessário dar mais de uma descarga ou usar mais água do que o normal, aumentando o consumo de água potável.
- Problemas ambientais: Quando o esgoto não é tratado adequadamente (o que ainda é uma realidade em muitas partes do Brasil), o papel higiênico, mesmo biodegradável, pode acabar poluindo rios e oceanos.
Onde é possível jogar papel higiênico na privada?
Em países como Estados Unidos e na Europa, é comum jogar o papel higiênico na privada. Isso se deve a dois fatores principais:
- Infraestrutura de saneamento: Esses países geralmente possuem sistemas de esgoto mais modernos e robustos, projetados para lidar com o descarte de papel higiênico.
- Qualidade do papel higiênico: O papel higiênico fabricado nesses locais costuma ter uma composição que permite uma desintegração mais rápida e eficiente em contato com a água.
Possíveis soluções para melhorar a infraestrutura de saneamento:
Para melhorar a infraestrutura de saneamento no Brasil, várias medidas podem ser consideradas. Em primeiro lugar, é essencial investir em tecnologias que permitam a separação e o tratamento eficaz dos resíduos. Isso inclui a instalação de sistemas de tubulação mais avançados e o uso de trituradores sanitários em residências.
Além disso, políticas públicas que incentivem a construção de redes de esgoto mais eficientes e a ampliação do tratamento de esgoto são fundamentais. A conscientização da população sobre a importância do descarte adequado de resíduos também desempenha um papel crucial na preservação dos recursos hídricos e na manutenção da saúde pública.
Qual a melhor forma de descarte no Brasil?
Considerando a realidade brasileira, a recomendação geral ainda é descartar o papel higiênico no lixo do banheiro. Para garantir a higiene, é importante:
- Manter a lixeira com tampa.
- Utilizar sacos plásticos na lixeira.
- Descartar o lixo do banheiro com frequência, preferencialmente diariamente ou assim que for utilizado para fezes.
Em resumo, embora a prática de jogar papel higiênico na privada seja mais higiênica por evitar o acúmulo de resíduos no ambiente do banheiro, a infraestrutura brasileira e a composição do papel higiênico nacional tornam o descarte no lixo a opção mais segura para evitar problemas de entupimento e sobrecarga nos sistemas de saneamento.
O futuro do saneamento básico no Brasil depende de esforços conjuntos entre governo, setor privado e sociedade civil. Investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia são essenciais para garantir que todos os brasileiros tenham acesso a serviços de saneamento adequados. Com um planejamento estratégico e ações coordenadas, é possível superar os desafios atuais e construir um sistema de saneamento mais eficiente e sustentável.