A busca pela longevidade é um dos objetivos mais antigos da humanidade. A ideia de viver mais e com saúde é atraente para muitos, e diversas estratégias têm sido exploradas para alcançar esse objetivo. David Sinclair, um renomado biólogo molecular e professor de genética da Universidade de Harvard, é uma das principais vozes na pesquisa sobre envelhecimento. Ele defende que a ativação dos “genes da longevidade” pode ser uma chave para retardar o envelhecimento. Entenda os impactos de comer uma vez ao dia.
Durante uma entrevista, Sinclair destacou que esses genes não interrompem o envelhecimento, mas sim ativam processos de reparo celular que ajudam a manter a função celular por mais tempo. Entre os genes que desempenham esse papel estão as sirtuínas, que podem ser ativadas por condições estressantes como jejum, exercícios intensos ou exposição ao frio. Assim, a prática de fazer apenas uma refeição por dia pode ser uma estratégia eficaz para ativar essa rede genética de sobrevivência.
Como o jejum intermitente afeta o corpo?
O jejum intermitente, que inclui a prática de fazer apenas uma refeição por dia, tem ganhado popularidade como uma abordagem para melhorar a saúde e promover a longevidade. Sinclair explica que, à medida que envelhecemos, nosso metabolismo desacelera, reduzindo a necessidade de calorias. Ele argumenta que o jejum e outros estressores moderados ativam programas de sobrevivência no corpo, o que pode combater o envelhecimento e as doenças.
Estudos publicados na revista Metabolism: Clinical and Experimental indicam que essa prática pode levar à perda de peso e à melhora nos níveis de colesterol, com redução do LDL e aumento do HDL. No entanto, é importante notar que alguns participantes relataram sentir mais fome e níveis elevados de cortisol no início do processo.

Como o jejum intermitente afeta o corpo?
O JI pode desencadear várias mudanças metabólicas e celulares no corpo:
- Perda de peso: Ao restringir o período de alimentação, o JI pode levar a uma redução na ingestão calórica geral, resultando em perda de peso. Além disso, pode aumentar a queima de gordura, pois o corpo aprende a utilizar a gordura armazenada como fonte de energia durante os períodos de jejum.
- Melhora da sensibilidade à insulina: O JI pode ajudar a reduzir a resistência à insulina, tornando as células do corpo mais sensíveis à insulina e facilitando a regulação dos níveis de açúcar no sangue.
- Redução da inflamação: Alguns estudos sugerem que o JI pode diminuir os marcadores de inflamação no corpo, o que pode ser benéfico na prevenção de doenças crônicas.
- Saúde do coração: O JI tem sido associado a melhorias em vários fatores de risco para doenças cardíacas, incluindo pressão arterial, colesterol LDL e triglicerídeos.
- Autofagia: Durante os períodos de jejum, o corpo inicia um processo de “limpeza” celular chamado autofagia, no qual as células removem componentes danificados ou disfuncionais. Isso pode ter efeitos protetores contra o envelhecimento e doenças.
- Alterações hormonais: O JI pode influenciar a liberação de vários hormônios, incluindo o hormônio do crescimento (HGH), que pode aumentar, e a insulina, que diminui. Essas alterações hormonais podem contribuir para os benefícios do JI.
Jejum intermitente e longevidade
Pesquisas em animais têm demonstrado consistentemente que a restrição calórica, incluindo o JI, pode aumentar a expectativa de vida. Os mecanismos pelos quais o JI pode influenciar a longevidade incluem:
- Melhora da saúde metabólica: Ao melhorar a sensibilidade à insulina e regular os níveis de açúcar no sangue, o JI pode ajudar a prevenir doenças metabólicas associadas ao envelhecimento.
- Redução do estresse oxidativo: O JI pode diminuir a produção de radicais livres e aumentar as defesas antioxidantes, protegendo as células contra danos.
- Aumento da autofagia: A ativação da autofagia pelo JI pode remover proteínas danificadas e organelas, promovendo a saúde celular e a longevidade.
- Modulação de vias de sinalização: O JI pode afetar vias de sinalização celular ligadas ao envelhecimento, como a via da insulina/IGF-1 e a via mTOR.
Quais são os benefícios e riscos de comer uma vez ao dia?
Os benefícios de consumir apenas uma refeição por dia incluem a potencial perda de peso e a melhoria dos marcadores de saúde metabólica. Além disso, a prática pode ajudar a ativar os genes da longevidade, promovendo a reparação celular e a manutenção da função celular. No entanto, é crucial considerar os riscos associados a essa prática.
- Fome Excessiva: A redução drástica na ingestão calórica pode levar a uma sensação constante de fome, o que pode ser difícil de gerenciar para algumas pessoas.
- Aumento do Cortisol: O estresse associado ao jejum pode elevar os níveis de cortisol, o que pode ter efeitos negativos a longo prazo.
- Deficiências Nutricionais: Consumir apenas uma refeição por dia pode dificultar a obtenção de todos os nutrientes necessários para uma saúde ótima.
É seguro adotar a estratégia de uma refeição por dia?
Antes de adotar qualquer nova estratégia alimentar, é essencial consultar um profissional de saúde para garantir que a prática seja segura e adequada às necessidades individuais. A condição física e os objetivos de saúde de cada pessoa são únicos, e o que funciona para uma pessoa pode não ser apropriado para outra.
Em resumo, a prática de fazer apenas uma refeição por dia pode oferecer benefícios para a saúde e a longevidade, mas deve ser abordada com cautela e orientação profissional. A ativação dos genes da longevidade através de estressores moderados, como o jejum, pode ser uma ferramenta poderosa na busca por uma vida mais longa e saudável.