Mayara Kelly Melo Mota, soldada da Polícia Militar do Ceará, tem ganhado visibilidade nas redes sociais após se tornar alvo de denúncias e sanções disciplinares por conta de conteúdos publicados online. Aos 31 anos, Mayara atua como mãe, influenciadora digital e policial, e sua situação reacende a discussão sobre os limites da presença de militares nas plataformas digitais.
Em 2022, a policial já havia enfrentado um inquérito policial militar (IPM), posteriormente arquivado, por causa de uma postagem no Instagram. Mais recentemente, novos vídeos publicados em suas redes — um em que ela lava uma viatura e outro em que ensina como aplicar um torniquete — resultaram em punições administrativas.
Quais são os limites para militares nas redes sociais?
A questão dos limites para militares nas redes sociais é complexa e envolve a necessidade de equilibrar a liberdade de expressão com as normas de conduta da instituição. No caso de Mayara, seus defensores argumentam que as punições refletem uma quebra de isonomia, já que outros policiais do sexo masculino não enfrentaram as mesmas consequências por conteúdos semelhantes. Isso levanta a discussão sobre igualdade de tratamento dentro das forças de segurança.
O advogado de Mayara destaca que o conteúdo produzido por ela tem raízes em experiências pessoais e familiares, como o incidente em que seu irmão, também policial, foi baleado em serviço. Esse contexto pessoal, segundo a defesa, justifica a intenção educativa das postagens, que visam compartilhar conhecimento e experiências com o público.
As informações foram obtidas a partir de postagens públicas da própria Mayara e de apurações realizadas pela CNN, que ajudam a traçar o perfil da policial, que, segundo sua defesa, estaria sendo vítima de perseguição institucional.
Quem é Mayara Kelly?
Com um perfil ativo e quase 47 mil seguidores, Mayara compartilha em suas redes momentos que envolvem sua rotina na Polícia Militar, treinos, dicas práticas e registros com a família. Um dos vídeos que gerou punição mostra a soldada ensinando o uso de um torniquete, equipamento utilizado em primeiros socorros, especialmente em casos de hemorragia.
A defesa da policial sustenta que a medida aplicada à militar revela uma desigualdade de tratamento entre homens e mulheres. De acordo com os advogados, outros policiais do sexo masculino já publicaram conteúdos semelhantes, sem que houvesse qualquer tipo de sanção ou processo disciplinar.
O advogado de Mayara explicou que a motivação para a gravação do vídeo surgiu de uma experiência pessoal: o irmão da policial — que também atua na corporação — foi baleado na perna durante uma operação. O episódio a inspirou a criar o conteúdo com o objetivo de compartilhar uma técnica que pode salvar vidas.
Qual o impacto das redes sociais na carreira militar?

O uso das redes sociais por militares pode ter um impacto significativo em suas carreiras, tanto positivo quanto negativo. Por um lado, pode humanizar a imagem dos policiais, mostrando o lado pessoal e os desafios enfrentados no dia a dia. Por outro, pode levar a conflitos com as normas institucionais, como visto no caso de Mayara. A questão central é como equilibrar esses dois aspectos de forma que a presença online não prejudique a carreira dos agentes.
Casada com um colega de farda, com quem está há mais de uma década, Mayara é mãe de dois filhos. Em suas redes, ela costuma demonstrar carinho pelos pequenos. Em uma publicação, chama o primogênito de “meu príncipe, minha joia mais preciosa”, enquanto descreve a filha mais nova, de 10 meses, como sua “futura confidente”.