Em 2002, o Volkswagen Gol liderava as vendas de automóveis no Brasil, marcando uma era de sucesso para a montadora. No entanto, em meio a esse cenário de prosperidade, uma história peculiar começou a se desenrolar na cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul. A Comercial Gaúcha Volkswagen, uma concessionária local, tornou-se o centro de um dos episódios mais curiosos do mercado automotivo brasileiro.
A concessionária, que enfrentava dificuldades para atingir as metas de vendas impostas pela Volkswagen, acabou perdendo seu credenciamento. Em vez de seguir o caminho convencional de mudar de montadora ou se tornar uma revenda multimarcas, o proprietário Otmar Essig tomou uma decisão inusitada: manter os carros remanescentes em exposição, como se fossem peças de um museu particular.
Por que os carros permaneceram intocados?
A decisão de Otmar Essig de não vender os veículos remanescentes da concessionária foi motivada por um desejo pessoal de preservação. Ele cuidava dos carros diariamente, mantendo-os em estado impecável, apesar do interesse de potenciais compradores. Os veículos, que incluíam modelos como o Volkswagen Quantum e Fuscas da série Itamar, permaneceram protegidos do tempo e do uso por mais de duas décadas.
Essig adotou uma rotina disciplinada, visitando a concessionária diariamente para tomar chimarrão e conversar com amigos. Mesmo com a curiosidade crescente em torno dos veículos expostos, ele nunca demonstrou interesse em vendê-los. Para evitar mal-entendidos, adesivos foram colocados nos vidros dos carros, indicando claramente que não estavam à venda.

O destino dos carros em 2025
Após a morte de Otmar Essig em 2022, a família decidiu respeitar seu desejo de manter os veículos intocados por mais alguns anos. Somente em 2025, quase 23 anos após o fechamento da concessionária, os carros foram finalmente colocados à venda. O processo de comercialização envolveu a regularização da documentação dos veículos e do imóvel onde estavam armazenados.
Um aspecto curioso do caso é que alguns dos veículos, por nunca terem sido faturados, ainda eram legalmente considerados novos. A venda foi realizada pelo CNPJ da Comercial Gaúcha, ativo desde 1967, e as notas fiscais foram emitidas como se os carros fossem 0 km, apesar de terem mais de 30 anos de fabricação.
Qual o futuro dos veículos resgatados?
O novo proprietário dos veículos planeja levá-los para os Estados Unidos, onde serão expostos ao público. Essa decisão garante que o legado de preservação iniciado por Otmar Essig será mantido, permitindo que mais pessoas apreciem esses modelos clássicos em sua condição original.
Embora a história da concessionária fantasma tenha chegado ao fim, ela deixa um legado de curiosidade e preservação no mercado automotivo. A decisão de Otmar Essig de manter os carros intocados por tanto tempo é um testemunho de sua paixão por automóveis e de seu desejo de preservar um pedaço da história automotiva brasileira.