Uma espécie de lobo que se extinguiu há cerca de 12.500 anos está de volta, graças aos avanços da biotecnologia. A Colossal Biosciences, uma empresa sediada em Dallas, anunciou a criação dos primeiros filhotes de lobo-terrível, utilizando DNA antigo e técnicas de clonagem. Este feito representa um marco significativo na ciência da desextinção, demonstrando o potencial de ressuscitar espécies extintas a partir da tecnologia.
O lobo-terrível, conhecido cientificamente como Aenocyon dirus, era um predador formidável que habitava a América do Norte. Com características distintas, como uma cabeça mais larga e uma mandíbula poderosa, este animal inspirou o temível canino da série “Game of Thrones“. A Colossal conseguiu recriar uma versão híbrida deste lobo, combinando tecnologia de edição genética com o DNA do lobo-cinzento, seu parente mais próximo.
Como a desextinção foi possível?
O processo de desextinção do lobo-terrível envolveu a extração de DNA de fósseis antigos. Os cientistas da Colossal e seus colaboradores conseguiram montar genomas de alta qualidade a partir de um dente de 13.000 anos e um crânio de 72.000 anos. Comparando esses genomas com os de canídeos vivos, eles identificaram variantes genéticas específicas do lobo-terrível.
Utilizando a tecnologia CRISPR, a equipe alterou células de lobo-cinzento, fazendo edições em genes selecionados para replicar características do lobo-terrível. Essas células foram então clonadas e transferidas para óvulos doadores, resultando em embriões que foram gestados por mães substitutas, culminando no nascimento dos filhotes de lobo-terrível.
Como funciona a tecnologia da desextinção?
A desextinção do lobo-terrível levanta questões importantes sobre o papel dessas criaturas em ecossistemas modernos. Embora a Colossal tenha tomado precauções para garantir o bem-estar dos animais envolvidos, o impacto ecológico de reintroduzir espécies extintas ainda é incerto. Especialistas questionam se esses animais poderão desempenhar funções ecológicas significativas ou se sua existência será limitada a ambientes controlados.
Além disso, a tecnologia desenvolvida para o lobo-terrível pode beneficiar espécies ameaçadas de extinção. A Colossal já aplicou técnicas semelhantes para clonar lobos vermelhos, uma espécie criticamente ameaçada, demonstrando o potencial da biotecnologia para a conservação.
Quais os próximos passos da Colossal Biosciences?

A Colossal Biosciences planeja continuar seus esforços de desextinção, com planos para ressuscitar outras espécies, como o mamute-lanoso. A empresa acredita que suas tecnologias podem não apenas trazer de volta espécies extintas, mas também ajudar na preservação de espécies em risco.
No entanto, o debate sobre a ética e a viabilidade da desextinção persiste. Críticos argumentam que os recursos poderiam ser melhor empregados em esforços de conservação tradicionais. Apesar disso, a Colossal continua a avançar, buscando equilibrar inovação científica com responsabilidade ambiental.
1. Recuperação e Sequenciamento de DNA Antigo:
- A Colossal Biosciences extrai DNA de restos fossilizados de lobos-terríveis. Eles utilizaram amostras de um dente de 13.000 anos encontrado em Ohio e um fragmento de crânio de 72.000 anos descoberto em Idaho.
- Com esse material genético, os cientistas conseguiram montar o genoma mais completo do lobo-terrível até o momento.
2. Comparação Genômica:
- O genoma do lobo-terrível é comparado com o de seus parentes vivos mais próximos, o lobo-cinzento ( Canis lupus ), bem como outros canídeos como chacais, raposas e coiotes.
- Essa análise permite identificar as diferenças genéticas específicas que tornavam o lobo-terrível único em termos de características físicas (fenótipo).
3. Identificação de Genes-Chave:
- Os cientistas focam em identificar os genes responsáveis por características distintivas do lobo-terrível, como tamanho maior, mandíbulas mais fortes, pelagem mais espessa e, surpreendentemente, uma coloração clara da pelagem.
4. Edição Genômica com CRISPR:
- A tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 é utilizada para modificar o DNA de células de lobo-cinzento. Essa ferramenta molecular permite fazer edições precisas em locais específicos do genoma.
- Os cientistas inserem as variantes genéticas identificadas no genoma do lobo-cinzento, visando replicar as características do lobo-terrível. Para o lobo-terrível, foram realizadas cerca de 20 edições precisas em 14 genes.
5. Clonagem por Transferência Nuclear de Célula Somática (SCNT):
- O núcleo contendo o DNA editado da célula de lobo-cinzento é transferido para um óvulo não fertilizado de um lobo-cinzento (ou, no caso do sucesso anunciado, de um cão doméstico, Canis familiaris, como espécie substituta), cujo próprio núcleo foi removido.
- Esse óvulo reconstruído é estimulado a se dividir e formar um embrião.
O retorno do lobo-terrível marca um avanço notável na ciência da desextinção, abrindo novas possibilidades para a biotecnologia e a conservação. Enquanto o mundo observa os próximos passos da Colossal, a discussão sobre o papel e o impacto dessas criaturas no mundo moderno continua. A ciência está em um ponto de inflexão, onde o passado e o futuro se encontram, oferecendo um vislumbre do que pode ser possível com a tecnologia genética.