O café é uma das bebidas mais consumidas no Brasil, com um consumo médio de 6,26 kg por pessoa ao ano. Além de ser uma fonte de energia matinal, o café tem sido objeto de estudos que investigam seus efeitos na saúde do cérebro. Com o Brasil ocupando a posição de segundo maior mercado de café globalmente, entender seus impactos na saúde é crucial.
Recentemente, pesquisas têm destacado o potencial do café em proteger contra doenças neurodegenerativas. Este artigo explora como o consumo de café pode influenciar positivamente a saúde mental e cardiovascular, além de discutir a quantidade ideal de consumo diário.
Como o café afeta a saúde do cérebro?
Estudos indicam que a cafeína, presente no café, pode ter um efeito protetor sobre o cérebro. Um estudo observou que indivíduos que consumiam menos de 200 mg de cafeína diariamente tinham maior probabilidade de desenvolver comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer, em comparação com aqueles que consumiam mais.
A cafeína atua como um estimulante do sistema nervoso central, bloqueando a adenosina, que é responsável pela sensação de cansaço. Isso resulta em maior estado de alerta e melhora na liberação de neurotransmissores como dopamina e norepinefrina, que são essenciais para o humor e a memória.

Benefícios potenciais:
- Melhora da função cognitiva: A cafeína, principal componente do café, é um estimulante do sistema nervoso central que pode melhorar o estado de alerta, a atenção, a concentração, o humor, o tempo de reação e a memória de trabalho. Ela age bloqueando os receptores de adenosina no cérebro, um neurotransmissor que promove o sono e o relaxamento. Isso leva a um aumento da atividade neuronal e à liberação de outros neurotransmissores importantes, como dopamina e norepinefrina.
- Proteção contra doenças neurodegenerativas: Estudos sugerem que o consumo regular de café pode estar associado a um menor risco de desenvolver doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Os antioxidantes presentes no café podem ajudar a proteger as células cerebrais contra o estresse oxidativo, um fator que contribui para essas doenças. Além disso, a cafeína pode ter um papel na redução do acúmulo de proteínas anormais no cérebro, como a beta-amiloide no caso do Alzheimer.
- Melhora do humor e redução do estresse: A cafeína pode estimular a produção de neurotransmissores associados à sensação de bem-estar, como a serotonina e a dopamina, o que pode levar a uma melhora do humor e redução dos níveis de estresse.
- Possível efeito protetor contra depressão: Alguns estudos observacionais indicam uma possível ligação entre o consumo moderado da bebida e um menor risco de depressão.
Riscos potenciais e efeitos negativos:
- Ansiedade e nervosismo: Em doses elevadas, a cafeína pode causar ou exacerbar a ansiedade, nervosismo, agitação e palpitações cardíacas em algumas pessoas.
- Insônia e problemas de sono: A cafeína pode interferir no sono, dificultando o adormecer e reduzindo a qualidade do sono, especialmente se consumida perto da hora de dormir.
- Dependência e abstinência: O consumo regular de cafeína pode levar à dependência, fazendo com que o corpo necessite de doses cada vez maiores para obter os mesmos efeitos. A interrupção abrupta do consumo pode causar sintomas de abstinência, como dor de cabeça, fadiga e irritabilidade.
- Efeitos gastrointestinais: Em algumas pessoas, o café pode causar desconforto gastrointestinal, como azia ou aumento da motilidade intestinal.
- Interação com medicamentos: A cafeína pode interagir com alguns medicamentos, como anticonvulsivantes, podendo afetar sua eficácia ou aumentar seus efeitos colaterais.
- Aumento do risco de certos problemas em grupos específicos: Em mulheres que fazem terapia de reposição hormonal oral, altas doses de café podem estar associadas a um maior risco de Doença de Parkinson. Pessoas com hipertensão, distúrbios convulsivos ou doenças cardíacas devem consultar um médico para definir um nível seguro de ingestão de café.
Quais são os benefícios cardiovasculares do café?
Além dos benefícios cognitivos, o café também está associado a vantagens para a saúde do coração. Pesquisas sugerem que o consumo moderado de café pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC). A presença de antioxidantes no café contribui para a proteção das células contra danos oxidativos.
O consumo de 0,5 a 3 xícaras de café por dia tem sido associado a uma redução significativa na mortalidade por todas as causas, incluindo a mortalidade cardiovascular. No entanto, é importante consumir café de forma equilibrada para evitar efeitos adversos.
A bebida é adequada para todos?
Embora o café ofereça diversos benefícios, seus efeitos podem variar de acordo com fatores individuais como genética e estilo de vida. Algumas pessoas metabolizam a cafeína mais lentamente, o que pode aumentar a sensibilidade a seus efeitos, como insônia e nervosismo.
Indivíduos com condições como ansiedade ou problemas gástricos devem ser cautelosos com o consumo de café, pois a cafeína pode agravar esses sintomas. Ajustar a ingestão de café conforme as necessidades individuais é essencial para aproveitar seus benefícios sem riscos.
Qual é a quantidade ideal de café diária?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de cafeína não ultrapasse 400 mg por dia. Exceder essa quantidade pode levar a efeitos indesejados, como aumento da pressão arterial e problemas digestivos. Para idosos, que metabolizam a cafeína mais lentamente, é aconselhável evitar o consumo no final do dia.
Em conclusão, o café pode ser uma adição benéfica à dieta quando consumido com moderação. Considerar a quantidade, a sensibilidade individual e o momento do consumo pode ajudar a maximizar os benefícios do café para a saúde mental e física.