A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, nesta terça-feira (22/4), o uso do medicamento donanemabe no Brasil, um avanço inédito no tratamento do Alzheimer no país. O remédio, que será comercializado com o nome Kisunla, é produzido pela farmacêutica americana Eli Lilly.
O Kisunla é voltado para o tratamento de adultos nas fases iniciais do Alzheimer, especificamente aqueles que apresentam sintomas leves da doença, como comprometimento cognitivo leve ou demência em estágio inicial. Para que o uso seja indicado, é necessário que haja confirmação da presença de placas amiloides, típicas da evolução da enfermidade.
Como o medicamento atua no combate ao Alzheimer?

O donanemabe tem como principal função a remoção das placas amiloides no cérebro. Ensaios clínicos demonstraram que o medicamento pode retardar a progressão do Alzheimer de forma significativa. De acordo com a Eli Lilly, o tratamento foi capaz de reduzir as placas a níveis considerados negativos em uma porcentagem considerável de pacientes: 30% aos seis meses, 66% aos doze meses e 76% aos dezoito meses. Este medicamento é administrado de forma injetável, uma vez por mês, o que facilita o acompanhamento e a adesão ao tratamento.
- Alvo nas placas amiloides: O donanemabe é um anticorpo monoclonal projetado especificamente para se ligar às placas beta-amiloides presentes no cérebro de pessoas com Alzheimer. Essas placas são depósitos anormais de proteína que se acumulam entre os neurônios e são consideradas um dos principais fatores que contribuem para a progressão da doença.
- Remoção das placas amiloides: Ao se ligar às placas beta-amiloides, o donanemabe sinaliza para o sistema imunológico do corpo para que essas placas sejam removidas do cérebro. Esse processo de limpeza visa reduzir a carga de amiloide e, consequentemente, diminuir o impacto negativo dessa proteína nos neurônios.
- Potencial para retardar a progressão da doença: Estudos clínicos demonstraram que o donanemabe pode levar a uma redução significativa das placas amiloides no cérebro e, em alguns casos, pode estar associado a uma desaceleração do declínio cognitivo e funcional em pessoas com estágios iniciais da doença de Alzheimer. No entanto, é importante notar que o donanemabe não é uma cura para o Alzheimer e seus efeitos podem variar entre os indivíduos.
Qual é o próximo passo para o donanemabe no Brasil?
Após a aprovação pela Anvisa, o próximo passo para o donanemabe é passar pelo processo de precificação junto à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Ainda não há uma previsão exata de quando o medicamento estará disponível para comercialização no Brasil, nem qual será o seu custo. Este processo é crucial para garantir que o medicamento seja acessível aos pacientes que dele necessitam.
Quais são os sintomas iniciais do Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença que afeta cerca de 1,2 milhão de brasileiros, com 100 mil novos casos diagnosticados anualmente. Os sintomas iniciais, conhecidos como Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), incluem mudanças sutis na memória e no fluxo do pensamento. Identificar esses sintomas precocemente é essencial para iniciar um tratamento eficaz e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Especialistas destacam a importância de diferenciar os sintomas do Alzheimer do envelhecimento normal. A frequência dos esquecimentos e o impacto no dia a dia são fatores determinantes para o diagnóstico. Muitas vezes, a perda de memória é atribuída ao envelhecimento natural, o que pode atrasar a busca por tratamento adequado.
A aprovação do donanemabe representa um avanço significativo no tratamento do Alzheimer, oferecendo uma nova esperança para pacientes e suas famílias. Com a expectativa de que o medicamento esteja disponível em breve no mercado brasileiro, a comunidade médica aguarda ansiosamente por mais informações sobre sua eficácia e acessibilidade. O desenvolvimento de tratamentos como o donanemabe é um passo importante na luta contra uma doença que continua a desafiar a ciência e a medicina.