A Praia da Barra do Una, localizada em Peruíbe, São Paulo, enfrenta um desafio significativo com o avanço do mar. Este fenômeno ameaça não apenas a integridade da área, mas também as últimas famílias de caiçaras que ali residem. Para proteger esta importante Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), o governo do estado de São Paulo implementou um plano emergencial.
As medidas emergenciais visam conter a erosão costeira, que tem sido exacerbada pelas mudanças climáticas. A perda de áreas de praia e a ameaça à vegetação e construções locais são preocupações centrais. Este artigo explora as ações propostas e a mobilização dos órgãos públicos e da comunidade para enfrentar este desafio.
Qual o plano para proteger a praia?

O plano emergencial para a Praia da Barra do Una inclui uma série de ações destinadas a mitigar a erosão. Entre as medidas estão a instalação de barreiras de paus e pedras, cercas de bambu e o uso de drones para monitoramento. A SP Águas, responsável pela gestão hídrica, está avaliando técnicas de enrocamento com pedras e blocos para estabilizar as áreas mais críticas.
O uso de cercas de bambu, já testado com sucesso na Reserva Ecológica Jureia-Itatins, é uma estratégia considerada eficaz para proteger a vegetação e criar barreiras naturais contra a erosão. Além disso, o monitoramento por drones de alta precisão é uma ferramenta essencial para acompanhar a evolução das condições costeiras e ajustar as estratégias conforme necessário.
1. Construção de uma Barreira de Enroncamento:
- Será construída uma proteção de 200 metros de extensão ao longo da estrada de Barra do Una.
- Essa barreira consistirá no posicionamento de grandes pedras (enrocamento) de até 3 metros de altura para conter o avanço do mar e proteger moradores e a estrada.
2. Restauração da Restinga:
- A Fundação Florestal, após as intervenções emergenciais, promoverá a recuperação da vegetação de restinga, que é fundamental para a proteção natural da costa.
3. Monitoramento Constante:
- A Defesa Civil realizará o monitoramento contínuo da situação da erosão e do avanço do mar.
- Desde 2020, a Fundação Florestal utiliza drones para capturar imagens aéreas detalhadas, coletando dados para entender o processo erosivo e planejar intervenções eficazes.
4. Ações Emergenciais e Manutenção:
- A Prefeitura de Peruíbe tem alocado materiais rígidos para conter o avanço do mar e continuará com a manutenção dessas estruturas.
- Em novembro de 2024, uma estrutura de cercamento com bambus foi implementada, mostrando resultados positivos na proteção da vegetação.
5. Plano Comunitário de Adaptação à Erosão Costeira:
- Está em elaboração, junto ao Conselho Deliberativo da RDS Barra do Una, com participação da comunidade, poder público e pesquisadores, um plano de longo prazo.
- Este plano definirá diretrizes e ações permanentes para o enfrentamento sustentável do problema, integrando estudos técnicos e a experiência prática acumulada no local.
Como a comunidade e os órgãos públicos estão envolvidos?
A mobilização para enfrentar a erosão na Praia da Barra do Una envolve diversos órgãos públicos e a comunidade local. A Fundação Florestal, o Instituto de Pesquisas Ambientais e a Defesa Civil estão entre as entidades que colaboram com a prefeitura de Peruíbe e os moradores da região. Pesquisadores identificaram que a mudança do curso do Rio Una é uma das causas da erosão, agravada por eventos climáticos extremos.
Para mitigar o problema, a SP Águas estuda o desassoreamento dos canais estuarinos e da foz do rio. Esta ação visa restaurar o fluxo natural das águas e reduzir a pressão sobre as áreas costeiras. A participação ativa da comunidade é crucial para o sucesso das medidas, garantindo que as soluções implementadas sejam sustentáveis e adaptadas às necessidades locais.
Quais são os desafios enfrentados por outras praias do litoral paulista?
A erosão costeira não é um problema exclusivo da Praia da Barra do Una. Outras praias do litoral paulista também enfrentam desafios semelhantes. Em Ilhabela, estudos foram realizados para conter a perda de areia, mas a proposta de recheio das praias não avançou. Em Santos, barreiras submersas com geobags têm sido eficazes em reduzir o avanço do mar.
Em Caraguatatuba, muros de pedra foram construídos para conter a erosão e o assoreamento da foz do Rio Juqueriquerê. Essas iniciativas demonstram a diversidade de abordagens que podem ser adotadas para enfrentar a erosão costeira, cada uma adaptada às condições específicas de cada localidade.
O enfrentamento da erosão costeira é um desafio complexo que requer a colaboração de diversos setores da sociedade. A experiência da Praia da Barra do Una pode servir de exemplo para outras regiões que enfrentam problemas semelhantes, destacando a importância de ações coordenadas e sustentáveis.