Nos últimos anos, a busca por transformações corporais radicais tem gerado debates intensos sobre identidade e saúde. Um exemplo notável é o da modelo alemã Martina Big, que desde 2017 vem realizando procedimentos para alterar drasticamente sua aparência. Utilizando injeções de melanina e câmaras de bronzeamento, Martina busca alcançar o tom de pele que considera ideal, afirmando ser uma mulher transracial.
Conhecida por suas mudanças corporais extremas, Martina também adotou o nome Malaika Kubwa, que significa “grande anja” em suaíli, após uma cerimônia no Quênia. Suas transformações incluem não apenas a alteração da cor da pele, mas também procedimentos como implantes mamários de grandes proporções, que levantam preocupações médicas.
Como as câmaras de bronzeamento oferecem riscos à pele?
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O uso de câmaras de bronzeamento, como as que Martina utiliza, é controverso devido aos riscos associados. No Brasil, essa prática é proibida desde 2009, pois aumenta significativamente o risco de câncer de pele. Além disso, essas câmaras podem causar queimaduras e acelerar o envelhecimento da pele, conforme explica o dermatologista Denis Ricardo Miyashiro.
Apesar dos riscos, Martina continua a utilizar sua câmara de bronzeamento com frequência. Ela afirma que, após as injeções de melanina, conseguiu atingir o tom de pele desejado em apenas um mês. No entanto, os especialistas alertam que tais práticas podem ter consequências graves para a saúde a longo prazo.
Riscos imediatos:
- Queimaduras solares: A exposição intensa à radiação UV pode causar queimaduras dolorosas, vermelhidão e descamação da pele.
- Reações alérgicas: Algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas aos raios UV ou aos produtos utilizados nas câmaras de bronzeamento.
- Danos aos olhos: A exposição direta aos raios UV pode causar danos à córnea e à retina, aumentando o risco de catarata e outras doenças oculares.
Riscos a longo prazo:
- Envelhecimento precoce: A radiação UV acelera o envelhecimento da pele, causando rugas, manchas e perda de elasticidade.
- Câncer de pele: A exposição frequente e intensa à radiação UV é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, incluindo o melanoma, o tipo mais agressivo.
- Danos ao sistema imunológico: A radiação UV pode enfraquecer o sistema imunológico, tornando a pele mais vulnerável a infecções.
Outros riscos:
- Danos ao DNA: A radiação UV pode danificar o DNA das células da pele, aumentando o risco de mutações que podem levar ao câncer.
- Dependência: Algumas pessoas podem desenvolver dependência do bronzeamento artificial, buscando constantemente a exposição aos raios UV, mesmo cientes dos riscos.
Como as modificações corporais da mulher afetam a saúde?
Além das mudanças na cor da pele, Martina passou por diversas modificações corporais. Em 2012, ela realizou uma lipoaspiração e colocou facetas de porcelana nos dentes. No entanto, são os implantes mamários que mais chamam atenção. Inicialmente, ela optou por próteses de dois litros, mas posteriormente aumentou para 6,6 litros por seio, com capacidade para chegar a 20 litros.
Esses implantes gigantes podem causar problemas de saúde significativos, como dores nas costas e problemas posturais, conforme alerta a cirurgiã plástica Beatriz Lassance. A sobrecarga na coluna e na musculatura pode impactar negativamente a qualidade de vida, levando alguns pacientes a considerar a remoção dos implantes.
O que significa ser transracial?
Martina Big se identifica como uma mulher transracial, afirmando que sua transformação é tanto física quanto cultural. Ela relata ter visitado comunidades na África e no Caribe, buscando uma conexão mais profunda com a cultura negra. No entanto, essa autoidentificação gera controvérsias e críticas, com algumas pessoas acusando-a de apropriação cultural.
Apesar das críticas, Martina afirma estar orgulhosa de sua identidade e deseja encorajar outras pessoas a se sentirem belas em suas próprias peles. Ela acredita que sua jornada pode ajudar a construir pontes entre diferentes raças, embora reconheça que sua escolha não é compreendida por todos.
O caso de Martina Big levanta questões complexas sobre identidade, transformação e os limites da modificação corporal. Enquanto alguns veem suas escolhas como uma expressão de liberdade pessoal, outros questionam as implicações éticas e de saúde. Independentemente das opiniões, é claro que o debate sobre identidade e transformação continua a evoluir, refletindo as complexidades da sociedade contemporânea.