O preço do café segue em alta. O grão moído registrou um aumento de 50,35% nos últimos 12 meses até janeiro, conforme os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta terça-feira (11). Em comparação com dezembro de 2024, a bebida ficou 8,56% mais cara.
De maneira geral, a inflação dos alimentos apresentou uma desaceleração ligeira entre dezembro e janeiro, com a taxa de crescimento passando de 1,18% para 0,96% no período. Essa variação foi impactada pela redução nos preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite (-1,53%), conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como a produção de café foi impactada?
![Café tem alta de 50% no preço em 12 meses e deve continuar subindo; veja números](https://terrabrasilnoticias.com/wp-content/uploads/2025/01/01-473-1024x576.jpg)
O aumento das temperaturas e a falta de chuvas adequadas foram os principais culpados por um estresse significativo em plantações localizadas em regiões como Minas Gerais e São Paulo. O calor excessivo e a seca obrigaram as plantações a abortarem seus frutos, resultado de um mecanismo de tentativa de sobrevivência das plantas. De acordo com estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo após as chuvas durante o período de florada, a recuperação das plantas foi insuficiente para uma colheita robusta.
Entretanto, geadas e ondas de calor persistem há quatro anos, aumentando os custos de produção em 224% e elevando os preços ao consumidor em 110%. As técnicas drásticas adotadas por produtores, como o ‘esqueletamento’ das lavouras, visam a reestruturação das plantas para melhorar a produção em safras futuras.
De que forma a logística e o consumo influenciam nos preços?
Além dos desafios climáticos, a logística de exportação também tem encarecido o café. Conflitos no Oriente Médio impactaram os custos de transporte, elevando os preços dos contêineres usados no embarque do produto. No Brasil, a infraestrutura portuária limitada aumenta os desafios logísticos, contribuindo para o aumento dos preços nos mercados internacionais.
Enquanto isso, o consumo de café continua em alta, tanto nacional quanto internacionalmente. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) indicam um aumento de 1,1% no consumo entre janeiro e outubro de 2024, embora o consumo per capita tenha diminuído. A expansão em mercados como a China também reflete o crescente interesse global pela bebida, impactando sua oferta e preço.
O que o futuro reserva para os preços do café?
Perspectivas para os preços do café em 2025 permanecem incertas. Projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam uma possível redução de 4,4% na safra, o que poderia manter os preços elevados. Somente após a conclusão da colheita atual, em setembro, será possível avaliar possíveis reduções de preço. A expectativa é que, com condições climáticas estáveis, a safra de 2026 traga alívio ao mercado.
Além disso, o setor cafeeiro está investindo em novas tecnologias e estratégias de mercado para mitigar os impactos dos desafios climáticos e logísticos. Embalagens alternativas estão sendo consideradas como uma forma de flexibilizar preços ao consumidor, ampliando as opções disponíveis no mercado.
Finalmente, a constante busca pelo equilíbrio entre oferta e demanda, aliada à resiliência dos produtores, será essencial para manter a tradição do café acessível a milhões de apreciadores ao redor do mundo.