Em uma medida que tem suscitado debates em todo o país, o presidente Lula sancionou, nessa segunda-feira (13/1), uma lei que restringe o uso de celulares nas escolas brasileiras. A legislação abrange tanto instituições públicas quanto privadas, proibindo o uso dos dispositivos durante as aulas, recreios e atividades extracurriculares. As mudanças visam abordar questões de atenção nas aulas e a saúde mental dos estudantes.
Embora os alunos ainda possam levar seus celulares para a escola, a utilização dos aparelhos fica limitada a situações de emergência, inclusão ou questões de saúde, como no caso de estudantes que precisam monitorar a glicemia. A nova norma entra em vigor imediatamente após a publicação e requer regulamentação em 30 dias, com o apoio do Ministério da Educação na implementação de ações de engajamento com escolas e famílias.
Como são as mudanças nas escolas com a nova lei?
Além da proibição do uso indiscriminado de celulares, a legislação determina que as escolas ofereçam “espaços de escuta e acolhimento”. Esses espaços têm como objetivo apoiar alunos e funcionários em sofrimento psicológico devido ao uso excessivo de telas. A nomofobia – o medo irracional de ficar longe do celular – é uma preocupação crescente que a lei busca abordar.
Voltada principalmente para a educação básica, a nova diretriz exige que redes de ensino desenvolvam estratégias relativas à saúde mental. Isso inclui treinamentos específicos para identificar sinais de sofrimento psíquico e os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos pessoais.
Como as escolas devem atuar na prática?
Para garantir o sucesso da implementação da lei, as secretarias de educação, junto com as unidades de ensino, precisarão conduzir ações de treinamento com foco em saúde mental e bem-estar digital. As escolas são incentivadas a colaborar com professores e pais, promovendo campanhas de conscientização e oferecendo apoio para a transição a um ambiente de aprendizado mais focado.
O Ministério da Educação planeja fornecer diretrizes e materiais educacionais que auxiliem nesta transição. Isso inclui guias para pais e educadores, além de planos de aula adaptados às novas normas. A ênfase está em criar um ambiente mais produtivo para o aprendizado, minimizando distrações causadas pelo uso constante de telas.
Experiências internacionais e reflexões sobre o uso de celulares em sala de aula
A proibição do uso de celulares em escolas não é uma proposta inédita. Países como França, Espanha e Finlândia já implementaram medidas similares baseando-se em estudos que indicam os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos móveis por crianças e adolescentes. O Relatório Global de Monitoramento da Educação da Unesco destaca que um em cada quatro países já adotou restrições ao uso de celulares nas escolas.
No Brasil, a decisão veio após resultados preocupantes do Pisa 2022, onde uma parcela significativa de alunos brasileiros relatou distração durante as aulas devido ao uso de celulares. Além dos impactos na concentração e no desempenho acadêmico, há uma crescente preocupação com a saúde mental dos estudantes, reforçando a necessidade de ações preventivas.
Quais são os desafios na implementação da lei?
A adoção dessa nova legislação enfrenta desafios significativos, principalmente em relação à adesão das escolas e à aceitação por parte dos alunos e suas famílias. Um dos aspectos críticos será o treinamento adequado dos educadores para identificarem e lidarem com sinais de sofrimento psíquico associado ao uso desenfreado de tecnologias.
Além disso, será importante que as escolas consigam equilibrar a restrição com a necessidade de inclusão digital e uso controlado de tecnologias para fins educacionais. A colaboração entre escolas, famílias e autoridades educacionais será essencial para superar esses desafios e garantir que a lei alcance seus objetivos de melhorar o ambiente educacional e a saúde mental dos estudantes.