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Nos últimos anos, a Namíbia ganhou destaque no cenário global de petróleo devido a uma série de descobertas significativas em suas águas costeiras. Com estimativas sugerindo jazidas superiores a 10 bilhões de barris, a atenção para este país africano cresceu consideravelmente. Paralelamente, o interesse pela Bacia de Pelotas, no sul do Brasil, reacendeu, dadas as semelhanças geológicas com a Namíbia, embora ainda não haja confirmação de reservas petrolíferas na região brasileira.
A busca por novos campos petrolíferos como “sucessores do pré-sal” tornou-se crucial para o Brasil, especialmente com a previsão de declínio da produção do pré-sal a partir de 2030. Nesse contexto, a Bacia de Pelotas surge como uma potencial solução para assegurar a segurança energética do país.
Papel da Namíbia no interesse pela Bacia de Pelotas
A conexão entre a Namíbia e a Bacia de Pelotas remonta a milhões de anos, quando ambas as regiões faziam parte do supercontinente Gondwana. Com a separação dos continentes, surgiram formações geológicas similares nas duas áreas. Recentemente, a Namíbia identificou grandes depósitos de petróleo com origem em camadas rochosas de 125 a 110 milhões de anos, despertando a curiosidade sobre o potencial inexplorado da Bacia de Pelotas.
Reservas significativas na Namíbia, como os campos de Graff e Jonker, colocaram os holofotes sobre a região do Sul do Brasil. Especialistas acreditam que as condições geológicas semelhantes podem indicar reservas petrolíferas promissoras também na Bacia de Pelotas, requerendo, contudo, investigações aprofundadas para confirmação.
Afinal, existe petróleo na Bacia de Pelotas?
Até o momento, a presença de petróleo na Bacia de Pelotas é uma questão pendente. A região abriga atualmente 44 blocos sob exploração de gigantes do setor energético, incluindo Petrobras, Shell, CNOOC e Chevron. A determinação da viabilidade petrolífera exige a conclusão da etapa exploratória e de perfuração, que se estende até a próxima década.
Com expectativas baseadas nas descobertas namibianas, há potencial para grandes volumes de petróleo e óleo de boa qualidade na Bacia de Pelotas. No entanto, a certeza dependerá de testes exploratórios mais agressivos e de longo prazo, previstos para iniciar entre 2026 e 2028.
Mapa da Bacia de Pelotas — Foto: Reprodução/TV Globo
Desafios ambientais e econômicos
A exploração de petróleo em novas fronteiras como a Bacia de Pelotas levanta preocupações ambientais significativas. Num mundo em transição para fontes de energia renováveis, o investimento contínuo em combustíveis fósseis, como o petróleo, pode parecer contraproducente. No entanto, especialistas destacam que uma interrupção abrupta na exploração pode não ser viável, dado o papel crítico do petróleo na economia global atual.
Ao mesmo tempo, potencializar essas descobertas poderia ter reflexos econômicos expressivos, permitindo a geração de receita significativa por meio de royalties e impostos, além de movimentar o mercado de trabalho local e nacional. O Estado de Rio Grande do Sul, em especial, poderia se beneficiar da instalação de infraestrutura e recebimento de royalties, contribuindo para a economia estadual.
Próximos passos para a Bacia de Pelotas
Com a fase exploratória em andamento até 2031, a Bacia de Pelotas está em um estágio crucial de investigação sísmica e análise geológica. A expectativa é de que o Brasil conduza novas licitações de blocos e inicie a perfuração nos próximos anos, marcando um passo decisivo para a exploração petrolífera na região.
Se confirmadas as reservas, a produção poderá começar por volta de 2030, com a implementação de tecnologias avançadas como as unidades FPSO, responsáveis por maximizar a eficiência da produção offshore. Contudo, a proteção do meio ambiente e a viabilidade econômica continuarão a ser questões centrais para o futuro da exploração na Bacia de Pelotas.