Na Bahia, uma operação realizada nessa terça (10/12) pela Polícia Federal resultou na prisão de um vereador envolvido em um esquema de corrupção. Antes de ser preso, o parlamentar foi flagrado arremessando uma sacola com dinheiro pela janela. A ação faz parte da Operação “Overclean”, que investiga um desvio de R$ 1,4 bilhão ocorrido no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), especificamente na Coordenadoria Estadual da Bahia (CESTBA).
O esquema criminoso começou a ser investigado em 2023, após denúncias de lavagem de dinheiro envolvendo sócios de uma empresa contratada pelo Dnocs. Essa empresa estava ligada a projetos executados desde 2017, que agora se descobriu serem fraudulentos. Além do vereador, outras 14 pessoas foram presas, evidenciando a amplitude do esquema.
Como Funcionava o Esquema Criminoso?
As investigações revelaram que a organização criminosa utilizava empresas de fachada e pessoas conhecidas como “laranjas” para fraudar contratos públicos e lavar dinheiro. As fraudes consistiam em superfaturamento de obras e desvios de verbas públicas, facilitados por interlocutores que manipulavam a liberação de fundos para projetos predeterminados.
- Empresas de fachada controladas por “laranjas” eram utilizadas para movimentar valores ilícitos.
- Empresas que manipulavam grande fluxo de dinheiro em espécie contribuiam para mascarar a origem dos recursos desviados.
Ao identificar esses processos, as autoridades conseguiram mapear como o dinheiro era desviado e distribuído pelo grupo criminoso, que envolvia tanto operadores centrais quanto regionais na sua estrutura.
Quem Participou da Operação?
A Operação Overclean foi resultado de uma ação coordenada entre diversas entidades governamentais e internacionais. A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal, liderou a investigação. Além disso, a operação contou com o apoio da Homeland Security Investigations (HSI) dos Estados Unidos, ampliando o alcance das apurações.
Os agentes envolvidos cumpriram 43 mandados de busca e apreensão e 17 mandados de prisão preventiva. A operação também incluiu ordens de sequestro de bens, que totalizaram até agora 15 prisões. Essa colaboração entre autoridades distintas ilustra a complexidade do caso e a necessidade de uma abordagem abrangente para desarticular a organização criminosa.
Qual o Impacto Financeiro do Esquema?
O impacto financeiro do esquema de corrupção foi significativo, com movimentações que somaram aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Em 2024, a organização criminosa celebrou contratos no valor de R$ 825 milhões com diferentes órgãos públicos. A gravidade dos desvios revela não apenas um enorme prejuízo financeiro, mas também o comprometimento da qualidade dos serviços públicos afetados pelo superfaturamento e má gestão dos recursos.
Por meio dessas fraudes, a organização criminosa causou danos substanciais ao erário, desviando recursos que poderiam ter sido investidos em inúmeras melhorias sociais e infraestruturais para a população local.
Com a operação ainda em andamento, novas revelações podem surgir à medida que as entidades responsáveis avançam na análise dos materiais apreendidos e depoimentos coletados. A expectativa é de que mais envolvidos sejam identificados e acusados, ampliando o alcance das sanções legais para aqueles que participaram ativamente do esquema de corrupção.
Além disso, a transparência e o fortalecimento dos mecanismos de controle em contratos públicos estão na pauta das autoridades, que buscam prevenir novos casos de corrupção semelhantes. O sucesso da Operação Overclean poderá servir de exemplo e alerta para outras regiões e instituições, reforçando a importância da vigilância contínua sobre o uso dos recursos públicos.