No litoral sul de Santa Catarina, um fenômeno atmosférico raro foi registrado na cidade de Jaguaruna. Na madrugada dessa segunda (2/12), moradores testemunharam um tsunami meteorológico, conhecido como meteotsunami, que despertou a curiosidade das comunidades locais. Embora o evento tenha sido alarmante, felizmente não foram relatados feridos ou danos significativos.
A Defesa Civil de Santa Catarina confirmou que o meteotsunami ocorreu por volta da 1h da manhã, surpreendendo por se tratar de uma situação climática inusitada, uma vez que os modelos meteorológicos não previam tal fenômeno. Este tipo de tsunami é caracterizado pelo súbito avanço do mar em condições que não envolvem terremotos ou atividades sísmicas.
O “tsunami meteorológico” – na verdade, um meteotsunami – que ocorreu em Jaguaruna, por volta da 1h da manhã de hoje (02/12), com razão, assustou muita gente: Nenhum dos modelos meteorológicos preciso qualquer maré alta ou agitação marítima, no Litoral Sul de Santa Catarina. 🤔 pic.twitter.com/WmGDCXXvrj
— Robson Ristau da Cunha (@PU5CCR) December 3, 2024
Como um Meteotsunami é Formado?
Os meteotsunamis são desencadeados por mudanças rápidas na pressão atmosférica associadas a condições meteorológicas tempestuosas. Diferente dos tsunamis convencionais, que são gerados por movimentos tectônicos, os meteotsunamis surgem devido a tempestades intensas e suas consequências climáticas. Essa dinâmica envolve a formação de uma linha de instabilidade na atmosfera.
Quando essa linha de instabilidade gera ventos fortes e alterações barométricas, pulsos de pressão são criados e se propagam através do oceano. Quando tal ressonância é quase perfeita com as ondas do mar, como explica o meteorologista Caio Guerra, o efeito resulta no avanço súbito e significativo das ondas em direção à costa. Este foi o caso observado em Jaguaruna.
Quão Comuns São os Meteotsunamis?
No cenário mundial, os meteotsunamis são fenômenos bem documentados, tendo ocorrido em diversas regiões, incluindo os Grandes Lagos, o Golfo do México e as costas da Europa. Em Santa Catarina, registros mostram que o litoral sul foi palco de outros eventos semelhantes, como o ocorrido em Laguna no mesmo período do ano passado.
Estes tsunamis atmosféricos tendem a ser mais comuns durante a primavera, quando a atmosfera está propensa a instabilidades que geram as condições necessárias para este fenômeno ocorrer. Monitorar constantemente as condições meteorológicas é primordial para reduzir riscos e aumentar a preparação da população para lidar com eventos desse tipo.
O que torna esses fenômenos menos frequentes nas notícias?
- Dificuldade de identificação: Muitas vezes, as ondas geradas por meteotsunamis são confundidas com fortes ressacas ou marés altas, especialmente em eventos de menor intensidade.
- Impacto localizado: Ao contrário de tsunamis sísmicos que podem causar destruição em vastas áreas, os meteotsunamis geralmente afetam regiões costeiras mais restritas.
- Falta de sistemas de alerta específicos: A maioria dos sistemas de alerta de tsunamis é projetada para detectar terremotos submarinos, e não as rápidas mudanças de pressão atmosférica que causam os meteotsunamis.
Fatores que influenciam a frequência e intensidade dos meteotsunamis:
- Condições meteorológicas: Sistemas frontais, ciclones tropicais e outras perturbações atmosféricas podem gerar ondas de grande porte.
- Geomorfologia costeira: A forma da costa, a presença de baías e estuários, e a profundidade da plataforma continental podem amplificar o efeito das ondas.
- Estação do ano: Em algumas regiões, a frequência de meteotsunamis pode variar ao longo do ano, dependendo das condições climáticas predominantes.
Como Reagir ao Fenômeno?
Ainda que os meteotsunamis não sejam tão devastadores quanto os tsunamis de origem sísmica, é essencial que as comunidades costeiras estejam cientes de como proceder em tais cenários. A Defesa Civil recomenda a observação das condições marítimas e meteorológicas e a divulgação dessas informações para conscientizar a população sobre possíveis ações de segurança.
A colaboração entre as autoridades locais e os moradores é fundamental para garantir respostas eficazes em situações emergenciais. Por meio de treinamentos e simulações, pode-se minimizar os impactos de surpreendentes fenômenos climáticos como este.
Assim, os meteotsunamis, enquanto interessantes fenômenos naturais, representam um lembrete da instabilidade climática e da necessidade de vigilância contínua por parte das autoridades e das comunidades costeiras. A preparação e conscientização são as melhores ferramentas para lidar com essas situações inesperadas.