Uma confraternização familiar em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, se tornou alvo de investigação após a suspeita de envenenamento por arsênio. As primeiras análises dos exames de sangue indicaram a presença da substância em uma vítima fatal e em dois sobreviventes. Essa informação foi confirmada pelas autoridades responsáveis pelo caso, conforme boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (27/12).
O episódio trágico envolveu a morte de Neuza Denize Silva dos Anjos e o internamento da mulher que preparou o bolo e de seu jovem sobrinho-neto. As vítimas permanecem hospitalizadas, embora seu estado clínico seja considerado estável. A polícia não revelou a identidade da mulher e da criança internada.
Como o Arsênio Afeta o Organismo?
O arsênio, um elemento químico conhecido por sua toxicidade, pode ser letal em quantidades relativamente pequenas. Segundo especialistas, o contato com menos de 100 mg desta substância já é suficiente para representar um risco fatal para um adulto. O arsênio é inodoro e insípido, características que aumentam seu potencial perigo quando ingerido acidentalmente.
No Brasil, o uso de arsênio é restrito e sua comercialização para fins diversos, como raticida, é proibida. Apesar disso, o composto químico pode ainda ser encontrado em certas aplicações médicas, como no tratamento oncológico de casos específicos de leucemia. Essa dualidade de usos torna o elemento um ponto delicado de gerenciamento de segurança pública.
Como as Investigações Avançam?
O caso está sendo investigado pela polícia local, que já enviou os corpos das vítimas para a realização de necropsia. Espera-se que os resultados laboratoriais sejam divulgados em breve, o que poderá lançar luz sobre as causas específicas das mortes e elucidar se o arsênio foi, de fato, o agente causador.
“O próprio hospital levou o material para o Centro de Informação Toxicológica. Nesse centro, foi constatado arsênio no sangue de duas vítimas que sobreviveram, que estão no hospital ainda, e de uma mulher que morreu, a dona Neuza”, explicou o delegado.
Ao longo da investigação, a análise médica e forense deverá avaliar não apenas a presença do arsênio, mas também com que intensidade suas consequências foram sentidas pelas pessoas expostas. Isso será crucial para determinar as circunstâncias precisas e, eventualmente, responsabilizar os envolvidos no ocorrido.
Que Medidas Podem Ser Tomadas para Evitar Envenenamento por Arsênio?
Diante de eventos como este, surge a questão de como prevenir envenenamentos semelhantes no futuro. Estratégias de prevenção podem incluir:
Prevenção na Fonte
- Teste da Água Potável: Realizar testes regulares da água potável para verificar os níveis de arsênio é fundamental. Se a contaminação for detectada, é preciso implementar medidas de tratamento adequadas.
- Tratamento da Água: Existem diversas tecnologias disponíveis para remover o arsênio da água, como:
- Osmose reversa: Um processo que filtra a água em nível molecular, removendo a maioria dos contaminantes, incluindo o arsênio.
- Filtros de ferro: Esses filtros utilizam o ferro para adsorver o arsênio, tornando a água segura para o consumo.
- Destilação: Um método mais antigo, mas eficaz, que consiste em evaporar a água e condensar o vapor, deixando os contaminantes para trás.
- Monitoramento Ambiental: Realizar monitoramentos regulares do solo e do ar em áreas com histórico de contaminação por arsênio ajuda a identificar potenciais fontes de exposição e tomar medidas preventivas.
Prevenção na Exposição
- Higiene Alimentar: Lavar bem os alimentos, especialmente os cultivados em áreas com solo contaminado, ajuda a reduzir a ingestão de arsênio.
- Evitar o Consumo de Peixes de Águas Contaminadas: Peixes podem bioacumular o arsênio, por isso é importante evitar o consumo de peixes provenientes de águas contaminadas.
- Proteção no Trabalho: Em indústrias que utilizam compostos de arsênio, é fundamental o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a adoção de práticas seguras de trabalho.
Essas medidas poderiam ajudar a mitigar os riscos associados ao arsênio, protegendo a saúde pública de possíveis casos de intoxicação futuros.