O mercado de internet via satélite no Brasil está prestes a passar por grandes transformações com a entrada da SpaceSail, uma empresa estatal chinesa. Em um movimento estratégico, a Telebras firmou um acordo com a SpaceSail, rival direta da Starlink, visando oferecer serviços de internet usando satélites de baixa órbita, conhecidos pela sigla em inglês LEO (Low Earth Orbit).
Este acordo representa um passo significativo tanto para o Brasil quanto para a China. O objetivo principal é expandir a presença da SpaceSail no mercado brasileiro, diminuindo a atual dominância da Starlink. A assinatura do memorando entre os países ocorreu durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, sinalizando o início de uma potencial mudança no cenário de telecomunicações do país.
O que faz a SpaceSail e como ela pode impactar o Brasil?
A SpaceSail, fundada em Xangai e apoiada pelo governo chinês, é pioneira no uso de satélites de baixa órbita para transmissões de internet de alta velocidade. Até agora, a empresa lançou 36 satélites, com planos de expandir significativamente sua constelação para 15 mil satélites até 2030. Este crescimento ambicioso visa garantir cobertura global e ofertar serviços de internet com baixa latência e alta confiabilidade.
No Brasil, a entrada da SpaceSail representa uma alternativa à atual dependência em relação à Starlink. A empresa de Elon Musk lidera atualmente o mercado de internet via satélite no país, com 45,9% de participação. As crescentes tensões entre autoridades brasileiras e Musk, culminando em episódios como a suspensão do X (anteriormente Twitter), reforçam a necessidade de diversificação no setor.
Quais são os planos tecnológicos da SpaceSail?
Os planos tecnológicos da SpaceSail incluem múltiplas fases de desenvolvimento para a implementação de sua rede de satélites. A primeira fase, prevista para ser concluída até o final de 2025, envolve o lançamento de 648 satélites para cobertura regional. A seguir, até 2027, a segunda fase expandirá para cobertura global com mais 648 satélites.
A fase final, a ser finalizada em 2030, planeja colocar em órbita um total de 15.000 satélites. Estes satélites são projetados para múltiplos serviços de conexão direta móvel, prometendo redefinir o acesso à internet mundial com seu modelo expansivo e tecnicamente avançado.
Como a tecnologia LEO beneficia o mercado de telecomunicações?
A tecnologia de satélites de órbita baixa, ou LEO, é um dos principais diferenciais da SpaceSail. Situados a uma distância de aproximadamente 549 km da superfície terrestre, esses satélites garantem um tempo de transmissão de dados significativamente menor em comparação com os convencionais, que operam a 1.000 km. Esse fator proporciona uma internet mais rápida e estável para os usuários.
Além disso, a estratégia da China de desenvolver satélites LEO para telecomunicações se alinha com planos econômicos e industriais nacionais. O 14º Plano Quinquenal (2021-2025) destaca a coordenação de satélites de diversas órbitas como parte crucial da nova infraestrutura de informação do país, visando melhorias na comunicação global.
Quais são as perspectivas futuras para a SpaceSail?
Com a SpaceSail e outras iniciativas, a China consolida sua posição no setor aeroespacial comercial, vista como uma indústria estratégica emergente. O fortalecimento da SpaceSail no mercado brasileiro pode trazer benefícios como redução da exclusão digital e abertura de novas oportunidades no crescente setor de internet via satélite.
A sustentabilidade e o sucesso da SpaceSail dependerão de seu atendimento aos requisitos regulatórios brasileiros, bem como das autorizações necessárias da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Com o apoio governamental chinês e a crescente demanda por soluções tecnológicas de internet, o futuro da SpaceSail parece promissor.