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O porta-aviões São Paulo, que já foi símbolo da força naval brasileira, terminou seus dias de forma inesperada no fundo do Oceano Atlântico. Afundado a 350 km da costa e a 5 mil metros de profundidade, ele deixou para trás não apenas memórias de um passado glorioso, mas também um debate controverso sobre o manejo de navios desativados. Em 2023, sua história e os custos envolvidos na sua destinação final levantaram questões ambientais e logísticas complexas. As informações são da Revista Sociedade Militar.
Originalmente vendido por R$ 10 milhões, o São Paulo custou aos cofres públicos mais de R$ 37 milhões para ser afundado de maneira controlada. A operação, que envolveu 298 militares, ganhou atenção internacional não apenas pelos custos exorbitantes, mas também pelos riscos ambientais associados ao desmonte e afundamento de uma embarcação repleta de amianto.
Quais foram os fatores que levaram ao custo exorbitante?
A trajetória do porta-aviões São Paulo foi marcada por desafios desde sua venda para um estaleiro turco em 2021. Após parecer inicialmente que o navio seria desmontado para sucata na Turquia, as autoridades locais impediram sua entrada devido ao amianto presente na estrutura, conhecido por ser altamente prejudicial à saúde humana. Isso obrigou o São Paulo a retornar ao Brasil, onde também não conseguiu autorização para atracar em portos locais, gerando um impasse legal e financeiro.
Como resultado, o Brasil teve que assumir novamente a gestão da embarcação. Sem local seguro para atracagem, o navio navegou pelos mares durante meses, acumulando preocupações ambientais e financeiras. O custo de R$ 37,2 milhões reflete não apenas as ações necessárias para garantir um afundamento seguro, mas também os desafios administrativos e operacionais enfrentados durante esse período.
O papel do amianto na história do São Paulo
O amianto, utilizado amplamente no passado como isolante térmico, foi um dos protagonistas na saga do porta-aviões São Paulo. Este material, comum em navios antigos, foi posteriormente reconhecido como altamente cancerígeno, levando a restrições severas quanto ao seu manuseio e descarte. A presença significativa de amianto no São Paulo complicou ainda mais a gestão do desmonte, motivando as proibições tanto da Turquia quanto de portos brasileiros.
Hoje, a Marinha do Brasil necessita considerar atentamente o uso de materiais seguros em futuras construções navais, especialmente com o projeto audacioso de construir um porta-aviões nuclear até 2040, garantindo que problemas semelhantes de gerenciamento de resíduos não ocorram novamente.
O que o futuro reserva para a Marinha do Brasil?
Com o afundamento do São Paulo, a Marinha do Brasil encerrou um capítulo de sua história, focando agora em estratégias mais modernas para garantir a segurança marítima nacional. Embora não possua atualmente porta-aviões operacionais, o país tem planos ambiciosos para o futuro. A meta de fabricar um porta-aviões nuclear até 2040 representa um salto tecnológico significativo, prometendo fortalecer sua presença nos mares sem repetir os erros do passado.
Até lá, a Marinha continua a operar com embarcações como o NAM Atlântico, adquirido da Marinha Real Britânica, garantindo operações anfíbias e suporte logístico. Esta nova fase representa não apenas uma modernização das forças navais, mas também uma renovada atenção às questões ambientais e de segurança que acompanham o desenvolvimento naval.