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O Brasil, apesar de sua localização privilegiada no que tange a desastres naturais como furacões e terremotos, ainda enfrenta sérios desafios relacionados a desastres ambientais. De acordo com um estudo da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), o país experimentou perdas de R$ 792,7 bilhões em decorrência de desastres ambientais entre 1991 e 2023. Esse levantamento destaca um aumento alarmante de 140% nas ocorrências desde 2015.
Principais Tipos de Desastres
Segundo a Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), os desastres enfrentados pelo Brasil são categorizados em climatológicos, meteorológicos e hidrológicos. Os climatológicos incluem eventos como estiagens, incêndios florestais e baixas umidades, enquanto os meteorológicos abrangem ondas de frio e calor, chuvas intensas e vendavais. Já os hidrológicos se referem a inundações, enxurradas e alagamentos. O estudo apontou que os desastres hidrológicos foram os mais letais, causando a morte de 4.288 pessoas, o que representa 83,4% do total de fatalidades registradas.
Impactos das Mudanças Climáticas e Falta de Prevenção
O aumento das ocorrências tem sido atribuído principalmente às mudanças climáticas e à falta de planejamento eficaz por parte dos governos em relação à prevenção de desastres, especialmente aqueles ligados às chuvas intensas. Essa falta de preparação torna o país mais vulnerável e sujeito a prejuízos que poderiam ser minimizados ou evitados.
Hidrelétricas como Alternativa na Mitigação de Desastres
A Fiemg sugere que hidrelétricas com reservatórios podem oferecer uma solução dupla: geração de energia renovável e mitigação de desastres hidrológicos. Essas usinas são projetadas para criar grandes lagoas de retenção de água, permitindo absorver a água das chuvas e prevenir enchentes. Exemplos como a hidrelétrica de Três Marias em Minas Gerais provam que é possível controlar volumes excepcionais de água, como ocorrências de chuva 102% acima da média histórica em apenas um dia.
Desafios Regulatórios e Propostas de Implementação
Apesar do potencial dessas usinas, projetos envolvendo grandes reservatórios enfrentam barreiras regulatórias significativas. O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, argumenta que é essencial flexibilizar as regulamentações ambientais estabelecidas no final do século XX e início do XXI, que dificultam a implementação de projetos de grande escala. Ele destaca que a construção de hidrelétricas de grandes lagos não só impulsionaria a produção de energia limpa e barata, mas também serviria como uma medida crucial de proteção ambiental.
A análise da situação no Rio Grande do Sul, onde o transbordamento do Rio Guaíba causou enormes danos, reforça a necessidade de hidrelétricas com maior capacidade de retenção. Com base no estudo da Fiemg, se uma usina semelhante à de Três Marias estivesse operando na região afetada, cerca de 67% da vazão do rio poderia ter sido controlada, reduzindo significativamente os impactos devastadores do desastre.