Os grandes grupos automotivos tradicionais estavam navegando com certo conforto quando se tratava das emissões de CO2 na União Europeia. Mas essa calmaria está prestes a acabar. Embora os novos limites de CO2 sejam conhecidos há anos, algumas marcas acabaram se atrasando demais, o que resultará em pesadas multas.
Um dos casos mais críticos é o da Volkswagen. O grupo investiu vastas quantias no programa de carros elétricos, mas, ao contrário das expectativas, viu seus números caírem. Paralelamente, continuou a confiar nos motores de combustão, comprometendo o futuro da marca.
Metas de emissões: como as montadoras estão enfrentando o desafio?
A partir de 2024, os valores da frota que os fabricantes de automóveis devem atingir serão ainda mais rigorosos. Em vez de 116 gramas de CO2 por quilômetro, o limite cai para 93,6 gramas. Quem não atingir essa meta enfrentará uma multa de 95 euros por cada grama excedente, impactando diretamente no valor final dos veículos.
Portanto, para evitar as multas, as montadoras precisam aumentar suas vendas de carros elétricos e híbridos plug-in significativamente. Segundo o portal alemão Automobilwoche, a Volkswagen teria que elevar a cota de carros elétricos vendidos para pelo menos 25%, mas no primeiro semestre de 2024, esse número estava em apenas 10%.
Como atingir as metas de CO2 sem quebrar o banco?
A Volkswagen não está sozinha nesse desafio. A Ford, por exemplo, teria de aumentar sua participação de elétricos de 5% para 23%, o que parece impossível de ser alcançado em um ano. A Stellantis, por sua vez, teria que duplicar seus valores atuais, de 9% para 18%, tarefa dificultada, mas possível com a entrada de novos modelos no mercado.
Modelos que podem ajudar a atingir as metas
- Fiat Grande Panda EV
- Citroën ë-C3
Esses novos modelos podem aumentar substantivamente as vendas nos próximos meses, ajudando o grupo a atingir suas metas de emissões.
Quais os impactos econômicos das novas metas de emissões?
Alcançar os objetivos não é apenas um desafio técnico, mas também um enorme desafio econômico. Segundo cálculos do banco de investimentos UBS, a Volkswagen poderá perder cerca de 10% do seu lucro operacional em 2025 se aderir às novas metas de CO2. Isso equivale a cerca de 2 bilhões de euros antes de impostos.
A manutenção de motores a combustão pode ser uma estratégia para enfrentar as multas sem causar um colapso financeiro, mas a situação se repetirá em 2026. A competição será ainda maior e vender carros elétricos apenas por serem elétricos será cada vez mais difícil.
Concorrência aumentando
O impacto da indústria chinesa também influencia a situação. Marcas chinesas, como a Tesla, estão se instalando em países europeus, reduzindo custos e aumentando a visibilidade e as vendas. A nova geração do Tesla Model Y e o lançamento do modelo mais econômico da marca podem ser fatais para os planos de gigantes como a Volkswagen.
O próximo ano será decisivo para todos os grandes grupos automotivos. A corrida para cumprir as metas de emissões será intensa, e as consequências econômicas serão sentidas de maneiras ainda incertas. Uma coisa é certa: o mercado automotivo europeu está prestes a passar por uma transformação profunda, influenciada pelas novas regulamentações e pela crescente concorrência global.