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Você já pensou em tirar um dia de folga simplesmente porque estava se sentindo triste ou desanimado? Parece improvável no contexto de muitas empresas, mas essa prática, conhecida como “licença por infelicidade”, é uma realidade em algumas empresas na China. Criada por Yu Donglai, fundador e presidente da rede de varejo Pang Dong Lai, essa licença permite aos funcionários se ausentarem do trabalho sem necessidade de aprovação da liderança.
A licença por infelicidade tem um limite de 10 dias por ano e foi desenvolvida com o intuito de melhorar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos funcionários. Segundo Yu Donglai, o objetivo é criar um ambiente de trabalho mais saudável e menos estressante. Mas será que uma ideia tão inovadora pode ser aplicada em outros contextos, até mesmo no Brasil?
Por que a licença por infelicidade é necessária?
Em empresas chinesas tradicionais, jornadas de trabalho longas e ambientes estressantes são comuns. A rede de varejo de Yu Donglai, no entanto, segue na contramão dessa norma. Os funcionários dessa empresa trabalham apenas sete horas por dia, têm folgas nos fins de semana e podem se beneficiar de até 40 dias de férias anuais. Adicionando a licença por infelicidade a esse pacote, Yu espera atingir um ambiente de trabalho semelhante ao europeu, onde o bem-estar dos funcionários é uma prioridade.
A licença por infelicidade pode chegar ao Brasil?
Segundo a professora Dani Plesnik, da Human SA, a adoção de uma licença por infelicidade seria um bom ponto de partida para criar um ambiente de engajamento e bem-estar entre os funcionários. No entanto, Dani alerta que essa medida não deve ser isolada. Ela ressalta que é importante abordar as causas subjacentes do estresse e da infelicidade no ambiente corporativo, para que medidas como esta sejam realmente eficazes.
Benefícios de adotar medidas como a licença por infelicidade
Roberta Basílio, cientista comportamental e professora da ESPM, afirma que medidas que promovem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional são essenciais para o bem-estar dos trabalhadores. Ela destaca que a falta desse equilíbrio pode resultar em problemas como o ‘burnout’. Para Roberta, embora a licença por infelicidade seja uma inovação importante, ela não resolve todos os problemas relacionados ao ambiente de trabalho, como liderança tóxica ou carga excessiva de trabalho.
Insatisfação no trabalho entre brasileiros
Um estudo realizado pela Pluxee em parceria com a The Happiness Index revelou que os trabalhadores brasileiros estão 9% mais insatisfeitos com seu trabalho em comparação com a média global. A pesquisa avaliou a felicidade e o engajamento dos funcionários em mais de 100 países, e mostrou que a média de felicidade no trabalho entre os brasileiros é de 7,2, enquanto a média global é de 7,8.
De acordo com o levantamento, a felicidade dos funcionários é impactada por condições de trabalho, oportunidades de crescimento e conexão com as funções e empresas. No Brasil, esses fatores deixam a desejar, destacando a necessidade de iniciativas que promovam um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado, como a licença por infelicidade.
Para que a licença por infelicidade seja adotada em outros contextos, é crucial que as empresas estejam dispostas a repensar suas práticas de trabalho. Benefícios como este só serão eficazes se acompanhados por outras iniciativas que tratem das causas profundas do estresse e da infelicidade no ambiente de trabalho.
Em resumo, a licença por infelicidade é uma ideia inovadora que pode trazer benefícios significativos para o bem-estar dos funcionários. No entanto, sua eficácia depende de um comprometimento mais amplo com a criação de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.