Foto: Leandro Paiva/ Divulgação
Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, voltou a fazer comentários contundentes sobre a Venezuela durante a sabatina do SP1. Pela primeira vez, o deputado federal classificou o regime venezuelano como uma ditadura. A postura marca uma escalada significativa nas declarações de Boulos, que já havia sugerido “indícios de fraude” nas eleições do país e afirmado que o regime “não era seu modelo de democracia”.
A fala de Boulos destaca a complexidade que o tema Venezuela traz para sua campanha política. Com críticas tanto de adversários quanto de pressões internacionais, o candidato enfrenta desafios em se distanciar da esquerda tradicional em relação ao regime de Maduro. A questão torna-se ainda mais sensível dentro do PSOL, um partido que tem histórico de relações próximas com regimes socialistas.
Por que Boulos criticou a Venezuela?
Em uma participação no SP1, Boulos expressou claramente sua opinião ao ser questionado sobre o regime venezuelano:
- “Um regime que persegue opositor, que faz eleição sem transparência, para mim não é democrático, e ponto”, declarou.
- “Lógico, é um regime ditatorial”, completou, desvinculando-se das declarações do governo federal sobre o tema.
Durante a campanha, Boulos foi frequentemente confrontado com perguntas sobre a Venezuela, e apesar de condenar o regime, ele geralmente se limitava a mencionar alguns indícios de fraude nas eleições. Porém, a sabatina do SP1 representou um ponto de virada, com o candidato adotando um tom mais assertivo e crítico.
Como os adversários utilizam o tema contra Boulos?
Os adversários de Boulos, incluindo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB), têm usado a questão da Venezuela contra ele. Em debates televisivos, o tema tem sido recorrente como forma de pressionar o psolista. Até a deputada Tabata Amaral (PSB) se juntou ao coro de críticas, evidenciando a sensibilidade da questão para o candidato.
Para o PSOL, historicamente alinhado com movimentos de esquerda na América Latina, a postura crítica de Boulos sobre a Venezuela representa um afastamento significativo. Além disso, o governo Lula já começou a enfrentar pressões internacionais para se posicionar sobre o regime de Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013 e é frequentemente acusado de fraudar eleições.
Qual é o impacto dessa crítica dentro do PSOL?
Boulos enfrenta a difícil tarefa de equilibrar sua campanha entre a crítica ao regime venezuelano e a manutenção do apoio de sua base eleitoral dentro do PSOL. A declaração de que a Venezuela é uma ditadura contrasta com as posições frequentemente defendidas por setores importantes do partido.
Este desafio de gerir opiniões conflitantes pode afetar a percepção de seus eleitores e o desempenho nas urnas. A resolução deste dilema será fundamental para a trajetória de Boulos nestas eleições. A questão venezuelana, sem dúvida, continuará a ser um tema quente, não só para ele, mas também para outros candidatos e partidos de esquerda no Brasil.
Conclusão
As recentes declarações de Guilherme Boulos sobre a Venezuela refletem um ponto de inflexão em sua campanha e na política do PSOL como um todo. Ao mesmo tempo em que procuram distanciar o partido das práticas antidemocráticas frequentemente associadas ao regime de Maduro, tais críticas podem reverberar entre os apoiadores históricos da esquerda. O desafio para Boulos será manter-se firme em suas novas convicções, sem alienar sua base eleitoral.