A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou recentemente um alerta sobre o risco do uso de medicamentos agonistas do GLP-1, comumente utilizados para tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, em pacientes que passarão por anestesia ou sedação profunda. Esse aviso é crucial pois esses remédios, incluindo semaglutida (Ozempic, Wegovy e Rybelsus), liraglutida (Saxenda e Victoza), além de outros, podem aumentar significativamente o risco de complicações durante procedimentos médicos.
De acordo com a Anvisa, os agonistas do GLP-1 podem retardar o esvaziamento gástrico, o que aumenta o risco de aspiração e pneumonia durante anestesias profundas. Essas complicações ocorrem devido à inalação acidental de alimentos ou líquidos para a via respiratória, ou ainda, por refluxo gastroesofágico, onde o conteúdo do estômago retorna para a garganta.
Quais Medicamentos São Afetados?
Os principais medicamentos mencionados pela Anvisa incluem:
- Semaglutida: Ozempic, Wegovy, Rybelsus
- Liraglutida: Saxenda, Victoza
- Liraglutida + Insulina Degludeca: Xultophy
- Lixisenatida: Soliqua
- Tirzepatida: Mounjaro
- Dulaglutida: Trulicity
Por que Esses Medicamentos Aumentam os Riscos?
Mas afinal, por que esses medicamentos aumentam o risco de aspiração durante procedimentos realizados sob anestesia ou sedação profunda? A resposta está na sua ação de retardamento do esvaziamento gástrico. Quando o estômago não esvazia seu conteúdo corretamente, há uma maior chance de que alimentos ou líquidos sejam inalados para os pulmões durante a anestesia, resultando em aspiração e possivelmente pneumonia.
O Que Profissionais de Saúde Devem Fazer?
Diante desses riscos, a Anvisa recomenda que os profissionais de saúde adotem uma abordagem mais cautelosa ao tratar pacientes que utilizam esses medicamentos e que serão submetidos a procedimentos anestésicos. Isso inclui:
- Questionar os pacientes sobre o uso de medicamentos agonistas do GLP-1.
- Adotar medidas para assegurar a ausência de conteúdo gástrico residual antes dos procedimentos.
Além de confiar nos profissionais de saúde, os próprios pacientes devem estar cientes dos medicamentos que estão utilizando e informar seu uso a médicos e anestesistas antes de qualquer procedimento. Isso inclui mencionar qualquer prescrição de agonistas do GLP-1, bem como outros tratamentos em uso.
Interessante notar que, embora haja riscos associados ao uso desses medicamentos em certos contextos, há também estudos que indicam benefícios potenciais. Por exemplo, pesquisas sugerem que medicamentos como Ozempic e Wegovy podem reduzir o risco de câncer. Esse aspecto de seus efeitos mostra a complexidade e a dualidade no uso de tratamentos farmacológicos.
Em resumo, a utilização de medicamentos agonistas do GLP-1 requer uma abordagem cuidadosa e informada, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto dos pacientes. Estar ciente dos riscos e comunicar-se efetivamente com os médicos são passos essenciais para garantir a segurança em procedimentos médicos que envolvam anestesia ou sedação profunda.