Em um discurso contundente nesta segunda-feira (26), o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, chamou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de “bajulador” dos Estados Unidos por solicitar a divulgação das atas de votação das eleições presidenciais venezuelanas, ocorridas em 28 de julho. Segundo Ortega, a atitude de Lula é um desrespeito ao presidente Nicolás Maduro e ao povo venezuelano.
As palavras de Ortega foram proferidas durante a 11ª Cúpula Extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP), realizada de maneira virtual. O jornal Confidencial informou que o ditador nicaraguense usou a ocasião para expressar sua insatisfação com as declarações de Lula.
Ex-aliado de Lula, ditador da Nicarágua cita Lava-Jato e diz que governos do petista “não foram muito limpos”.
— Metrópoles (@Metropoles) August 27, 2024
Daniel Ortega criticou nesta segunda-feira (26) a posição do Brasil sobre as eleições na Venezuela e classificou Lula como “puxa-saco” de ianques, em referência aos… pic.twitter.com/uKfrgrfju8
Vídeo: Metrópoles/(Via: @SamPancher)
Ortega Critica Lula durante Cúpula
No decorrer de seu pronunciamento, Ortega não poupou críticas a Lula, exigindo respeito por parte do presidente brasileiro. “Se você quer que eu te respeite, me respeite, Lula, se você quer que o povo bolivariano [venezuelano] te respeite, respeite a vitória do presidente Nicolás Maduro. Não seja bajulador”, declarou Ortega.
A insatisfação de Ortega se intensificou após a divulgação de um comunicado conjunto pelos governos do Brasil e da Colômbia, reiterando a necessidade de publicação das atas eleitorais que, segundo o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, comprovariam a vitória de Maduro. Ambos os órgãos são controlados pelo regime chavista.
Por Que Ortega Discorda de Lula?
Ortega argumenta que a cobrança por transparência nas eleições venezuelanas é uma repetição dos “slogans dos ianques, dos europeus e dos governos bajuladores da América Latina”. Ele acusou Lula de adotar uma postura subserviente aos interesses ocidentais e lembrou os “escândalos e confusões” dos governos petistas no Brasil, incluindo a operação Lava Jato.
Além disso, Ortega relembrou uma série de eventos problemáticos da administração de Lula e mencionou que poderia listar ainda mais ocorrências. Este mês, a tensão entre os dois países se intensificou quando a Nicarágua expulsou o embaixador brasileiro, Breno de Sousa Brasil Dias da Costa, devido a um não comparecimento em um evento importante em Manágua e ao arrefecimento das relações políticas entre os governos.
Quais São as Repercussões Diplomáticas?
Segundo Ortega, a expulsão do embaixador brasileiro está associada às diversas pressões sofridas pela Nicarágua, incluindo a solicitação brasileira para a libertação do bispo Rolando Álvarez, detido e posteriormente expulso da Nicarágua. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora nicaraguense Fúlvia Castro, evidenciando um clima de tensões diplomáticas severas.
Ortega também criticou a tentativa de Lula em atuar como intermediário entre a Nicarágua e a Santa Sé. “Se o papa quiser se comunicar conosco, pode fazê-lo”, afirmou Ortega, enfatizando que são desnecessários intermediários em sua comunicação com a Santa Sé.
Relações Brasil-Venezuela
- Tensão crescente: Desde julho, a relação entre os dois países tem se deteriorado.
- Expulsão de diplomatas: Ambos os países expulsaram representantes diplomáticos um do outro.
- Pressão internacional: O Brasil tem sido ativo em cobrar maior transparência no processo eleitoral venezuelano.
- Discurso ácido: Ortega aproveitou a cúpula para manifestar seu descontentamento com a postura de Lula.
O Que Isso Significa para a Política da América Latina?
As recentes declarações de Daniel Ortega ilustram uma crescente polarização na política latino-americana. A relação entre os países, marcada por uma mistura de alianças estratégicas e rivalidades, está cada vez mais complexa. A tentativa de Lula de promover maior transparência nas eleições venezuelanas, embora bem-intencionada, foi interpretada por Ortega como uma afronta e símbolo de servidão aos interesses ocidentais.