Foto: Reprodução/Google Earth
O avanço do mar sobre faixas de areia e propriedades particulares já é realidade em diversos pontos do litoral brasileiro. Este fenômeno, antes restrito a projeções e previsões ambientais, agora faz parte do cotidiano de milhares de pessoas ao longo dos mais de 7,4 mil km de faixa costeira do país.
Do litoral paulista às praias do nordeste, o mar dá sinais rápidos de avanço e aumenta a tensão de quem vive nessas regiões há décadas. A mudança brusca das paisagens desafia o poder público a tomar medidas urgentes, gerando temor sobre o que está por vir.
⏯️ Brasil: avanço do mar é real, derruba casas e gera prejuízo
— Metrópoles (@Metropoles) August 28, 2024
Consequências do avanço do mar já são enfrentadas em diversos locais do litoral brasileiro, em cidades de Ceará, Sergipe, Paraíba e SP
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O Alerta do Avanço do Mar
Nessa terça-feira, 26 de agosto de 2024, o secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu um alerta global sobre o avanço do mar. As consequências já são visíveis no Brasil, causando prejuízos significativos. No dia 20 de agosto, uma casa foi destruída pela força das águas na Praia do Saco, em Estância (SE), a 70 km de Aracaju. Em anos recentes, pelo menos outras 14 residências foram atingidas e desocupadas na mesma área devido ao avanço do oceano.
Como o Avanço do Mar Afeta os Moradores?
O presidente da Associação Comunitária de Moradores da Praia do Saco, Camilo de Lelis Ramos, descreve a situação como uma “tensão eterna”. Segundo ele, o mar não recua, apenas avança, e os moradores têm adotado diversas medidas de contenção que, no entanto, são insuficientes diante da força da natureza.
- Reforço de estruturas com muros de alvenaria e pedras
- Implantação de barreiras de pedra
- Construção de espigões para segurar a água
Apesar dessas medidas, a força do mar continua a causar estragos. “O mar leva tudo, como se fosse açúcar. Fizemos cinco espigões na praia, mas o mar já levou três deles. A força da água é impressionante e viver nessa situação é angustiante”, relata Camilo.
Quais Locais no Brasil Já Enfrentam o Avanço do Mar?
Além de Sergipe, vários outros locais do litoral brasileiro já sofrem as consequências do avanço do mar. Confira alguns deles:
Ceará
No Ceará, a cidade de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, é um dos casos mais emblemáticos. Estudos indicam que as praias de Pacheco e do Icaraí perdem, em média, 5 metros de faixa de areia por ano. Famosa pelas barracas de praia, a Praia do Icaraí teve mais de 20 barracas destruídas pelo mar, além de propriedades privadas e públicas, acumulando um prejuízo de cerca de R$ 10,7 milhões.
- Camocim
- Jericoacoara
- Acaraú
- Flecheiras
- Paracuru
- Fortaleza
- Icapuí
- Aracati
- Beberibe
- Fortim
Paraíba
A erosão costeira também atinge a Paraíba. Em João Pessoa, houve registros de queda de falésias nas praias de Cabo Branco e Seixas. No município de Baía da Traição, dezenas de casas foram derrubadas pela maré. Em 2023, 22 residências foram destruídas nas proximidades do calçadão da Praça José Barbosa, forçando o município a declarar estado de emergência.
Área vulnerável na cidade de Baía da Traição, no litoral norte da Paraíba
São Paulo
Em Peruíbe, no litoral paulista, a Secretaria de Meio Ambiente avalia a instalação de sacos de areia para conter o mar na Barra do Una. Segundo a ONG Climate Central e o Instituto Oceanográfico da USP, todas as cidades do litoral paulista correm o risco de terem parte da área urbana invadida pelo mar, que já subiu cerca de 20 centímetros desde os anos 1950.
Projeto quer usar sacos de areia para frear o avanço do mar em Peruíbe (SP)
O Que Pode Ser Feito Para Mitigar o Avanço do Mar?
Para enfrentar esse problema, é necessário um esforço conjunto entre poder público, cientistas e moradores locais. Algumas das medidas que podem ser implementadas incluem:
- Desenvolver projetos de gestão integrada da orla marítima
- Construir barreiras de contenção mais eficazes
- Reforçar a vegetação costeira para estabilizar a areia
- Monitorar e estudar continuamente as mudanças na linha costeira
É essencial que as autoridades tomem medidas preventivas e de adaptação para proteger as comunidades costeiras e minimizar os impactos do avanço do mar.