Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, revelou que muitos carros possuem em seu interior uma quantidade mínima de fosfato de tris, uma substância potencialmente prejudicial à saúde humana. Embora a quantidade seja pequena, a alta exposição, principalmente sob altas temperaturas, pode trazer complicações.
O professor Maurício Yonamine, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, explica a conexão entre essas substâncias e a saúde humana. Segundo ele, o estudo demonstrou que o ar interno de carros relativamente novos, fabricados a partir de 2015, pode conter compostos conhecidos como retardantes de chamas.
Retardantes de chamas em carros: o que são e seus riscos
Yonamine destaca que retardantes de chamas estão presentes principalmente na espuma dos bancos para cumprir padrões de segurança contra incêndios. Em caso de um incêndio, esses produtos impedem que as chamas se propaguem rapidamente, o que, por um lado, protege os ocupantes dos veículos.
No entanto, esses compostos despertam preocupação entre toxicologistas devido ao seu potencial carcinogênico, neurotóxico e de desregulação hormonal. Estudos indicam que esses efeitos adversos podem surgir após anos de exposição frequente a baixas doses, como a que ocorre dentro dos automóveis.
Como a temperatura afeta a liberação de substâncias tóxicas?
Em dias quentes, há uma maior concentração desses compostos no ar interno dos veículos. O professor Yonamine esclarece que o calor facilita a liberação e evaporação desses produtos químicos. Embora a quantidade geralmente seja baixa demais para provocar efeitos agudos, a exposição contínua pode levar ao surgimento de câncer, danos neurológicos e problemas de reprodução.
Quais são as preocupações com a saúde em longos períodos?
Permanecer por longos períodos dentro de um carro não só envolve a exposição a retardantes de chamas, mas também pode contribuir para o estresse. Um estudo publicado na revista científica Jama Cardiology em 2022 mostrou que ficar sentado por mais de oito horas diárias aumenta em até 20% o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e infartos, relacionados ao comportamento sedentário.
Como evitar a exposição aos retardantes de chamas?
Apesar dos riscos, existem métodos preventivos que podem ser adotados para minimizar a exposição a essas substâncias. Segundo Yonamine, uma das maneiras mais eficazes é abrir as janelas do veículo por alguns minutos para permitir a circulação de ar externo.
Outra estratégia é tentar estacionar o carro em locais sombreados, especialmente em dias muito quentes, para reduzir a liberação desses compostos. Além disso, lavar as mãos após viagens de carro, especialmente antes das refeições, também pode ajudar a evitar a contaminação via oral.
- Abrir as janelas do veículo para permitir a circulação de ar.
- Estacionar na sombra sempre que possível.
- Lavar as mãos após viagens de carro, particularmente antes das refeições.
Com medidas simples e práticas, é possível reduzir significativamente os riscos associados à exposição aos retardantes de chamas nos automóveis.