Recentemente, dois papirologistas, Lajos Berkes e Gabriel Nocchi Macedo, fizeram uma descoberta notável: um manuscrito de 1.600 anos contendo narrativas sobre a infância de Jesus Cristo. No entanto, as manchetes sensacionalistas que circularam não refletem a verdadeira importância desse achado.
O manuscrito em questão é o “Evangelho da Infância”, também conhecido como “Evangelho de Pseudo-Tomé”. Embora não faça parte dos evangelhos canônicos, ele oferece uma visão intrigante da vida de Jesus quando criança. Um dos fragmentos descreve como Jesus, aos cinco anos, moldou pássaros de argila que ganharam vida quando ele bateu as mãos.
Apesar de sua exclusão da Bíblia oficial, o “Evangelho da Infância” é bem conhecido entre estudiosos. Acredita-se que sua transcrição original remonte ao século 2º, e o manuscrito recentemente encontrado, datado entre os séculos 4º e 5º, revela nuances linguísticas que antes não eram conhecidas.
Fragmento de papiro do século 4 ou 5 — Foto: Reprodução/Staats- und Universitätsbibliothek Hamburg/Public Domain
Embora não altere fundamentalmente nossa compreensão de Jesus, essa descoberta nos lembra da complexidade do líder religioso e nos convida a explorar além dos textos canônicos.
Em 2012, um papiro ganhou manchetes ao supostamente fazer referência à “mulher de Jesus”. No entanto, investigações subsequentes revelaram que se tratava de uma fraude. O jornalista Ariel Sabar, em seu livro “Veritas: A Harvard professor, a con man and the Gospel of Jesus’s Wife” (Um professor de Harvard, um vigarista e o Evangelho da Mulher de Jesus), publicado em 2020, desvendou a farsa.
O homem por trás dessa fraude é Walter Fritz, um alemão que abandonou os estudos de egiptologia em Berlim e se envolveu em atividades diversas, incluindo negociação de peças de automóveis e arte, além de pornografia na internet.
Por outro lado, os papirologistas Lajos Berkes e Gabriel Nocchi Macedo fizeram uma descoberta autêntica. Eles encontraram um fragmento do “Evangelho da Infância de Jesus” na coleção da Biblioteca Estatal e Universitária Carl von Ossietzky, em Hamburgo. Esse manuscrito, datado do início do século 20, faz parte do acervo adquirido pelo Cartel de Papiros Alemão, responsável por comprar manuscritos egípcios para museus e bibliotecas na Alemanha.
Com informações de g1