A saída do CEO da SAF do Vasco, Lúcio Barbosa, e da diretora de finanças, Kátia dos Santos, que se demitiram na manhã de terça-feira (11), agravou ainda mais o cenário já pouco animador. No momento, a gestão da empresa filiada à CBF (e, consequentemente, à FIFA) está sem os executivos que assinavam os acordos administrativos e financeiros com credores e entidades normativas ligadas à FIFA, como a CBF e a federação. Agora, os documentos serão assinados pelo presidente Pedro Paulo, conhecido como o ídolo Pedrinho, com base no Artigo 150 da Lei das Sociedades Anônimas (S.A.).
Em resumo, a empresa foi criada para evitar que a dívida de R$ 770 milhões inviabilizasse o futebol do clube. No entanto, atualmente, mesmo registrada como participante das competições oficiais, ela não tem perspectiva de receitas e está à deriva, cercada por “tubarões” na forma de credores que podem prejudicar a navegação no competitivo ambiente do Brasileirão da Série A.
Formalmente, Pedro Paulo, presidente do Vasco, e Paulo Salomão, seu vice, que compõem dois dos três membros do Conselho de Administração da Vasco – SAF, precisam contratar os profissionais que assinarão em nome da empresa. Por enquanto, o próprio presidente assumirá essa responsabilidade. No entanto, é preciso considerar a insatisfação potencial dos membros do Conselho Fiscal da SAF: Carlos Antônio Rodrigues, o presidente, e Wander Faria, ambos indicados pela 777, além de Marcos Schroeder, indicado pelo clube.
Segundo as regras das Sociedades Anônimas, os membros do Conselho Fiscal são considerados “responsáveis solidários” pelos danos causados a terceiros, juntamente com os gestores da empresa. Nos bastidores, circulam informações de que as finanças estariam equilibradas até setembro, mas a realidade é diferente: já não há dinheiro em caixa para pagar os salários em 5 de julho.
Além disso, dentro do plano de recuperação financeira proposto pela 777 Partners e sugerido por executivos da B Riley Advisory (empresa encarregada de reestruturar os negócios do grupo americano), existe a possibilidade de denunciar o Vasco à FIFA. A empresa alega ter investido cerca de US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 300 milhões) e foi afastada por quebra de contrato em uma decisão monocrática da Justiça comum.
Apesar das aparências, a saída de Lúcio Barbosa não deveria ser motivo de comemoração neste momento. Mesmo diante dos resultados ruins do time, havia um protocolo de gestão e conhecimento técnico. Agora, o Vasco enfrenta uma situação crítica: falta dinheiro, profissionais de gestão e planejamento técnico.
O clube está brincando com seu próprio futuro.