Pedro Vasconcelos trabalhou na TV Globo por mais de três décadas, começando como ator na novela “Top Model” em 1989, e depois como diretor em produções de sucesso como “Alma Gêmea” (2005), “A Favorita” (2008) e “A Força do Querer” (2017). Aos 50 anos, desde 2022, ele se dedicou a cursos motivacionais, visando ajudar pessoas que “não conseguem se desprender do passado de glórias”, como colegas demitidos da emissora. Em entrevista ao programa da coluna Gente no YouTube, o ex-diretor falou sobre a crise na TV aberta, as suspeitas de “teste do sofá” e a posição política à esquerda que, segundo ele, a empresa adota atualmente.
CONTEÚDO DA TV GLOBO: “Atores, textos e diretores maravilhosos são a base de qualquer empresa de dramaturgia de sucesso, seja no teatro, no cinema ou na televisão. Infelizmente, a televisão está investindo apenas no desenvolvimento tecnológico, que é subjetivo para o espectador. O que conecta uma história ao público são grandes histórias interpretadas por grandes atores e dirigidas por grandes diretores.”
CRISE DA TV ABERTA: “O próximo grande movimento virá da internet. A TV se tornou a rádio do futuro. Competir com milhões de criadores de conteúdo é uma batalha inglória para a televisão. Ela vai sobreviver, como o rádio ainda existe hoje, mas sua importância está diminuindo à medida que a internet oferece todo tipo de conteúdo televisivo.”
INCLUSÃO FORÇADA: “É importante abordar questões como homossexualidade e drogas de forma que as famílias não se sintam agredidas. A inclusão deve potencializar a obra de dramaturgia, e não ser forçada. Precisamos que a maioria do público veja a inclusão e diga: ‘uau, que lindo, que legal’.”
TESTE DO SOFÁ: “O ‘teste do sofá’ é resultado da falta de caráter de algumas pessoas, homens e mulheres. A Globo ganhou fama por isso, mas existia um nível de rigidez e competência que permitia a poucas pessoas se estabelecerem ali por muitos anos. É triste ver seres humanos oferecendo vantagens em troca de favores sexuais.”
CHUVAS NO SUL: “A TV Globo está lutando para se posicionar numa época em que todos são uma ‘emissora de televisão’. Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, cada cidadão era um transmissor de TV pessoal, mostrando o que a televisão não conseguia. A Globo demorou para cobrir adequadamente o que estava acontecendo.”
GLOBO A FAVOR DO LULA: “A Globo está apoiando o governo atual (do Lula) e criou uma briga desnecessária e contraproducente com o governo anterior (do Bolsonaro). Como empresa de comunicação, ela deveria se comunicar com todos. A Globo sempre teve uma tendência de apoio a determinados governos. Todo mundo sabe disso. Houve um pedido de desculpas de Bonner, no Jornal Nacional, sobre os cortes no debate entre Lula e Collor na eleição de 1989.”