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O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje, 20, o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas no país. O julgamento havia sido interrompido por um pedido de vista feito pelo ministro Dias Toffoli, no mês de março, quando o placar da votação estava marcando 5 votos a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, e 3 votos contrários.
A análise em curso no STF busca estabelecer uma quantidade que caracterize o uso pessoal, situando-se entre 25 e 60 gramas, e que a diferencie do tráfico. Esse julgamento não é para a legalização da maconha, mas para a descriminalização do porte para uso pessoal. Com o retorno do julgamento na Corte, o tema voltou ao debate público. Durante o programa Estúdio I, na GloboNews, o comentarista Daniel Sousa expôs sua visão em relação à legalização da maconha.
“A maconha é uma indústria. Podemos gostar ou não desse fato, mas ela é uma indústria. Movimenta uma grande quantidade de recursos e tem muitos usuários, no Brasil e no mundo. No meu mundo ideal, deveríamos regular, tributar, criar mecanismos para que isso se torne um negócio formal. Aliás, em alguns estados americanos, vemos desdobramentos no agronegócio, na medicina e outros reflexos”, pontuou Sousa, trazendo exemplos de outros países.
Ele prossegue, destacando como o tema está sendo analisado pelo STF, focando no porte individual para consumo pessoal. “Estamos falando de um comportamento individual, até o ponto em que não causa dano a outras pessoas. Isso deveria ser problema do indivíduo. Não me parece que o governo deveria se meter nisso, mas essa é a minha opinião, assim como em relação ao álcool e ao tabaco. Claramente, o Brasil não está pronto para isso. Pelo menos, é o que indicam as pesquisas. A maioria dos brasileiros é contra a legalização do consumo de maconha.”
O comentarista ressalta que muitos países já discutiram a descriminalização ou legalização da maconha e que o Brasil precisa amadurecer para debater esse tema. “Muitos países já seguiram nessa direção, descriminalizando o consumo. Eu pessoalmente nunca usei maconha, não me interessa, não é algo que me atrai, mas me parece que é algo que precisa ser discutido. O Brasil precisa ter maturidade mínima para enfrentar questões contemporâneas que precisam ser debatidas. A maconha é uma indústria, ilegal, mas é uma indústria”, conclui.
O trecho da análise de Daniel Sousa foi postado no perfil da GloboNews no X e gerou uma série de comentários de usuários revoltados com o que classificaram como atraso do Brasil em relação a outros países. “Fica parecendo que é do interesse manter a guerra do tráfico a todo vapor, pois assim movimenta dinheiro de forma ilegal nas mãos de poucos e sem tributos”, disse um usuário. “Reacionários. Preconceito, hipocrisia e desinformação. Só isso sustenta a proibição”, apontou outro. “Substitua isso por jogos de azar. E aí, concordam com a liberação?”, questionou mais um.