A liderança de Miguel Díaz-Canel em Cuba resultou na proibição de duas procissões tradicionais da Semana Santa nas províncias de Granma e Havana.
Na segunda-feira (25), o pároco Lester Rafael Zayas, da paróquia do Sagrado Coração de Jesus, localizada no bairro Vedado em Havana, informou através das redes sociais da igreja que o governo havia vetado a realização da procissão do Santo Sepultamento, originalmente agendada para a sexta-feira santa.
O líder religioso afirmou ter recebido uma notificação dos canais oficiais, que indicava a rejeição da cerimônia religiosa. Esta procissão vinha sendo realizada na paróquia há mais de 11 anos, exceto durante o período da pandemia.
De acordo com o comunicado divulgado, a recusa foi atribuída ao pároco, cujas homilias, conforme alegado, causavam desconforto ou nervosismo em algumas pessoas.
Após o pronunciamento, uma fonte vinculada à Igreja Católica, que preferiu manter anonimato, revelou ao portal Cubanet que o evento também foi cancelado pela ditadura na diocese de Bayamo-Manzanillo, na província de Granma.
A negação da licença foi notificada por Bismar Quesada, responsável pela secção Bayamo do Gabinete de Atenção aos Assuntos Religiosos do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (PCC). Segundo a fonte católica, eles não deram explicações sobre o motivo do impedimento. “Eles nunca dão, apenas dizem sim ou não”, explicou.
A marcha planejada estava programada para percorrer diversas ruas da cidade, com a participação dos fiéis locais, que tradicionalmente seguem uma imagem ou um santo, enquanto rezam e entoam cânticos. No contexto de Bayamo, essas procissões estavam agendadas para o Domingo de Ramos, a Via Sacra e o Santo Sepultamento.
De acordo com a fonte, há preocupação por parte das autoridades de que o desfile possa ser usado como pretexto para reacender os protestos ocorridos em 18 de março, quando centenas de cubanos saíram às ruas para reivindicar direitos básicos, como acesso à comida e eletricidade, diante da crise que assola a ilha. A fonte também mencionou que estão tentando evitar grandes aglomerações.
A ONG Defensores dos Prisioneiros, que acompanha a situação dos presos políticos em Havana, considerou a proibição da procissão na cidade de Bayamo como “um exemplo da falta de liberdade religiosa na ilha”.
“Cuba reprime esmagadoramente a liberdade religiosa. Isso foi mostrado em uma série de análises recentes: nas relatorias e grupos de trabalho das Nações Unidas; na última resolução do Parlamento Europeu e organizações como a Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos”, afirmou a organização com sede na Espanha.