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Fabrício Bloisi, CEO e proprietário do iFood, principal plataforma de entregas da América Latina, desencadeou uma das maiores campanhas publicitárias do Carnaval em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, sua cidade natal. Durante cada trecho do circuito Barra-Ondina, as musas Ivete Sangalo e Daniela Mercury saudaram os foliões, enfatizando que o iFood é uma empresa brasileira. A marca até se tornou tema de uma das músicas do trio elétrico de Bell Marques, com letra do publicitário Nizan Guanaes e música de Carlinhos Brown. O nome da empresa foi amplamente divulgado em trios elétricos, edifícios, viseiras e outdoors, uma exposição que Bloisi agora pretende capitalizar para avançar.
Natural de Salvador (BA), Bloisi é CEO do Ifood desde 2019. Fundou, em 1998, a empresa de software de celulares Movile, que se tornou sócia majoritária do Ifood e acabou incorporada pelo marketplace de alimentos em 2023. Formado em ciência da computação pela Unicamp, possui MBA em administração pela FGV e fez cursos de liderança empresarial nas universidades de Stanford e Harvard (EUA).
Além dos patrocínios, que são usados para reforçar a identidade nacional do grupo, Bloisi investe milhões anualmente para garantir que todos os 320 mil entregadores da plataforma tenham ao menos ensino básico. Leia a seguir uma entrevista com o empresário feita pela Folha de S. Paulo:
Até música do iFood Bell Marques cantou no carnaval de Salvador para reforçar que o grupo é brasileiro. Por que veicular essa mensagem neste momento? Todo mundo acha que o iFood é estrangeiro, e não é. De fato, a gente incluiu muito isso no carnaval, mas a grande campanha é ser chamado de BBB, uma brincadeira com o patrocínio nosso ao Big Brother Brasil, por ser uma empresa brasileira, boa e barata. Passamos a comunicar essa mensagem como estratégia para o próximo passo.
Que é…Acho que, entre cinco e dez anos, ninguém vai mais cozinhar em casa. O desafio é fazer o iFood cada vez mais popular não só nas classes mais altas, mas, sobretudo, nas mais baixas. É incluir restaurantes com comida boa e barata para que, na ponta do lápis, compense [do ponto de vista do custo] fazer o pedido em vez de ir para o fogão.
Foi o maior gasto de publicidade de carnaval da história?Não, não gastamos dinheiro como nunca. Investimos 10% mais do que no ano passado [os números não são abertos], mas a campanha foi bem planejada e executada com muito axé [risos]. Um dos hits do trio de Bell Marques falava do iFood. Teve letra do publicitário Nizan Guanaes e música de Carlinhos Brown. Do alto do trio, Ivete Sangalo e Daniela Mercury diziam o tempo todo que somos um grupo brasileiro. E concentramos os investimentos em Salvador, Rio e São Paulo, centros que respondem por cerca de 15 milhões de pessoas.
Qual o retorno que isso gera?O foco não é só crescer, embora isso estimule as vendas diretas também. É valorizar ainda mais a marca, que não existia há dez anos e hoje é a mais amada do país [segundo pesquisa da Netlovescore]. Saímos de 45 milhões para 60 milhões de clientes, entre março de 2023 e este ano, e o volume de pedidos saltou de 38 milhões de pedidos para 88 milhões por mês.
São quantos entregadores?Quase 320 mil e estamos investindo R$ 50 milhões por ano em ações sociais. Nossa meta é obrigar que todos tenham, ao menos, ensino médio [completo]. Do total de todos os inscritos no Encceja [ Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos], 2,5% eram entregadores do iFood. Cerca de 5.200 foram aprovados e 25 mil já fizeram os cursos que a gente propôs só no ano passado. A meta é que todos os entregadores tenham segundo grau completo. Hoje 70 mil não têm. Neste ano, teremos cerca de mil entregadores formados no ensino médio.A gente quer ter um impacto gigante. Estender isso para o restante da cadeia, garçons, restaurantes. Todo mundo tem que ter o segundo grau e, depois, cursos remotos. Hoje já existem cerca de 100 [cursos], que incluem desde finanças até noções de empreendedorismo. Queremos levar o ecossistema inteiro a andar mais rápido.
Mas eles não deixam o iFood quando têm mais formação?A gente realmente não está pensando nisso. E se ele sair porque encontrou um trabalho melhor, ótimo.
Nota de esclarecimento
Em relação à matéria intitulada “Em dez anos, ninguém vai mais cozinhar, diz presidente do iFood”, publicada pela Folha de S.Paulo em 18 de fevereiro de 2024, gostaria de esclarecer que não acredito que ninguém mais vai cozinhar em dez anos.
Existe uma tendência de as pessoas fazerem menos comida em casa e pedirem mais comida feita fora. No Brasil, a penetração do delivery aumentou de 80% em 2020 para 89% em 2022, segundo a consultoria Kantar. Essa mudança de comportamento já aparece na lista dos mais pedidos do iFood. Em 2023, as marmitas foram as mais pedidas no aplicativo.
Mesmo com a popularização do delivery, não acreditamos que as pessoas deixarão de cozinhar.
Esclarecemos isso, pois o título da matéria pode transmitir uma interpretação equivocada. Apesar da questão envolvendo o título, o corpo da matéria reflete perfeitamente o que penso.
Fabricio Bloisi
Com informações da Folha de S. Paulo.