Duas grandes transportadoras navais anunciaram na terça-feira (2) que seus navios porta-contêineres continuarão a evitar a rota pelo mar Vermelho que dá acesso ao canal de Suez, após um ataque no final de semana a uma das embarcações da dinamarquesa Maersk.
Tanto a Maersk quanto a alemã Hapag-Lloyd têm redirecionado algumas viagens pelo sul da África, pelo cabo da Boa Esperança, devido a ataques de rebeldes do Houthi, baseados no Iêmen, a navios de carga no mar Vermelho.
A interrupção ameaça elevar os custos de entrega de mercadorias, levantando receios de que possa desencadear uma nova onda de inflação global.
A Maersk havia pausado todos os trajetos pelo mar Vermelho por 48 horas no domingo (31), após tentativas dos houthis de abordar o navio Maersk Hangzhou. Helicópteros militares dos EUA repeliram o ataque e mataram dez dos agressores.
“Uma investigação sobre o incidente está em andamento e continuaremos com a pausa de todo o movimento de carga pela área enquanto avaliamos a situação em constante evolução”, afirmou a Maersk em comunicado.
“Nos casos em que fizer mais sentido para nossos clientes, os navios serão redirecionados e continuarão sua jornada pelo cabo da Boa Esperança.”
A Maersk tinha mais de 30 navios porta-contêineres programados para atravessar o canal de Suez pelo mar Vermelho, conforme mostrado em um comunicado na segunda-feira (1º), enquanto outros 17 trajetos foram suspensos.
A Hapag-Lloyd afirmou que seus navios continuariam a evitar o mar Vermelho, navegando em vez disso pelo extremo sul da África, até pelo menos 9 de janeiro, quando decidirá se continuará a redirecionar seus navios.
O canal de Suez é usado por aproximadamente um terço da carga global de navios porta-contêineres. Redirecionar navios ao redor do extremo sul da África deve custar até US$ 1 milhão em combustível adicional para cada viagem de ida e volta entre a Ásia e o norte da Europa.
Preocupações sobre possíveis interrupções no fornecimento do Oriente Médio após o último ataque no mar Vermelho elevaram os preços do petróleo na primeira sessão de negociação de 2024.
A expectativa de que rotas mais longas resultem em tarifas de frete mais altas impulsionou as ações das empresas de transporte desde o início da crise, e as ações da Maersk subiram 6,3% no final da tarde de negociação. As ações da Hapag-Lloyd subiram 5%.
O grupo de transporte francês CMA CGM aumentará suas tarifas de transporte de contêineres da Ásia para a região do Mediterrâneo em até 100% a partir de 15 de janeiro, em comparação com 1º de janeiro, de acordo com um comunicado em seu site na terça-feira.
Ataque ao Maersk Hangzhou
O Maersk Hangzhou, atingido por um objeto desconhecido durante o ataque no final de semana, conseguiu continuar sua rota, conforme mostraram dados de navegação da LSEG, com o navio próximo ao canal de Suez na terça-feira.
Os houthis, apoiados pelo Irã e que controlam partes do Iêmen após anos de guerra, começaram a atacar navios internacionais em novembro em apoio ao grupo terrorista Hamas em sua guerra com Israel na Faixa de Gaza.
Isso levou grandes grupos de transporte, incluindo Maersk e Hapag-Lloyd, a evitar rotas pelo mar Vermelho, optando pela jornada mais longa ao redor do cabo da Boa Esperança.
Mas após o envio de uma operação militar liderada pelos EUA para proteger os navios, a Maersk havia anunciado em 24 de dezembro que retomaria o uso do mar Vermelho.
De acordo com a Maersk, seu parceiro na aliança, a Mediterranean Shipping Company (MSC), continuava a redirecionar seus navios pelo cabo da Boa Esperança.
A MSC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
R7