Os dados de inflação divulgados nesta semana tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos foram animadores, de acordo com informações da revista Valor Econômico. O IPCA-15 de janeiro apresentou um aumento de apenas 0,31%, surpreendendo as expectativas e ficando abaixo do piso das projeções, que era de 0,40%. Além disso, o índice PCE americano, que é a meta do Federal Reserve (Fed), registrou uma queda para 2,9% em dezembro na comparação anual na medida de núcleo, indicando a tendência subjacente da inflação.
Apesar da boa notícia, a análise ressalta que não parece ser o momento de esperar uma aceleração nos cortes de juros no Brasil ou o início de um ciclo de flexibilização nas taxas pelo Fed nos Estados Unidos. Ambos os casos ainda suscitam preocupações com os preços de serviços, que se mostram mais rígidos desde a reabertura das economias após a pandemia.
No IPCA-15, a surpresa veio do grupo transportes, impulsionado pela queda de 15,24% nas passagens aéreas, entre outros fatores. Já nos EUA, parte da desinflação ocorreu nos preços de bens, mas os preços de serviços permanecem mais rígidos, representando um desafio para o Fed.
O índice de difusão no IPCA-15 chamou atenção, passando de 55,9% em dezembro para 67,0% em janeiro, superando a média histórica. No cenário americano, o desafio é administrar os ganhos conquistados até o momento, evitando riscos de retrocesso após um período prolongado de aperto monetário.
Tanto o Copom quanto o Fed devem manter o curso dos planos para a política monetária, com previsões de redução da taxa Selic no Brasil e manutenção dos juros nos EUA. Ambos enfrentam desafios em relação à dinâmica subjacente da inflação nos serviços, considerando fatores como mercado de trabalho apertado, política fiscal expansionista e incertezas sobre a dinâmica fiscal futura. A análise conclui que a paciência deve render mais frutos no futuro, após uma batalha contra a inflação.