O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta 6ª feira (8.dez.2023) que o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva(PT), é “pró-terrorismo” e “pró-Hamas”. Ele deu as declarações em entrevista à rádio argentina Mitre. Bolsonaro está no país para participar da posse de Javier Milei no domingo (10.dez). O ex-presidente estava acompanhado do filho Eduardo Bolsonaro(PL-SP), deputado federal, que traduziu parte das respostas para o espanhol.
O apresentador citou que Lula teve uma posição “pró-Palestina”, “pró-Hamas” e “pró-terrorismo” no conflito no Oriente Médio e perguntou qual a posição de Bolsonaro. O ex-presidente disse: “Sempre fui admirador do Estado de Israel (…). Nesse episódio, para você ver a enorme diferença entre mim [sic] e o Lula, eu sempre estive do lado de Israel”. Segundo Bolsonaro, Lula “não admite tratar o Hamas como [um grupo] terrorista”.
Questionado se considera Lula “pró-terrorismo”, Bolsonaro respondeu que “sim”. Lula, declarou Bolsonaro, “sempre esteve ao lado de Fidel Castro [ex-presidente de Cuba], defende a ditadura de [Daniel] Ortega, da Nicarágua”.
Bolsonaro citou o referendo na Venezuela sobre a região de Essequibo, na Guiana. O ex-presidente disse que os venezuelanos votaram “em uma máquina”, mas também “tinha o papel”, ao contrário do Brasil, onde os votos são armazenados apenas nas urnas eletrônicas. “Até que enfim o [presidente da Venezuela Nicolás] Maduro acertou uma”, afirmou.
Ao falar sobre a prisão de Lula, o ex-presidente afirmou que o presidente “se entregou à corrupção” em 2003 e conseguiu “sair da cadeia” dado “às amizades que tinha por indicações junto ao Supremo Tribunal Federal”.
Sobre a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, Bolsonaro disse que estava fora do Brasil e que não estimulou “ninguém a fazer nada”. O ex-presidente disse que o governo federal “não colaborou” com as investigações da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que apurou o caso.
Bolsonaro foi questionado sobre os presentes que recebeu da Arábia Saudita enquanto estava na Presidência. Disse ser “comum” receber presentes e que a lei brasileira admite que itens classificados como “personalíssimos” possam ser doados ou vendidos. Afirmou ter um “impasse” com o TCU (Tribunal de Contas da União) por conta do valor, mas que ele entregou aos órgãos competentes “todos os presentes” que foram solicitados.
O apresentador perguntou se Bolsonaro tinha medo da prisão. Ele respondeu que “a coisa mais comum” no país é “inocente ser preso”.
MILEI
Bolsonaro afirmou que a eleição de Javier Milei como presidente da Argentina tem importância mundial, uma vez que o mundo está dividido entre esquerda e direita. Segundo ele, os esquerdistas “não são opositores, mas são inimigos”, pois querem “o poder absoluto e roubar a nossa liberdade”.
Conforme o ex-presidente, a esquerda quer “o poder pelo poder” sem se preocupar com o povo. “Assim como a Argentina empobreceu com a esquerda, o Brasil empobreceu com a esquerda”, disse Bolsonaro.
Ele comentou sobre o apelido de “Bolsonaro argentino” dado a Milei durante a campanha presidencial da Argentina. “Eu fiz uma carreira parecida com a dele”, afirmou, acrescentando que, por diversas vezes, foi um “opositor solitário, mas não radical” dentro do Congresso. “Eu tomava posições e eu defendia essas posições”, disse.
Bolsonaro afirmou que, durante a campanha de 2018, “falava a verdade” e conseguiu “ganhar a simpatia da população brasileira”. O ex-presidente citou também sua defesa de “pautas conservadoras”, o que “marcou uma posição”. Ele disse que o Brasil, assim como a Argentina, valoriza essas pautas.
ELEIÇÕES 2026
Questionado se foi “traumático” deixar a Presidência, Bolsonaro respondeu que continua a “arrastar multidões” pelo Brasil e a sofrer “ataques por parte da esquerda”. O ex-presidente disse que a população brasileira deposita “muita confiança” nele e gostaria que ele “voltasse” ao poder. “Não é fácil a vida de presidente, porque os problemas são muitos e você trabalha de domingo a domingo”, declarou.
Bolsonaro disse que, “por enquanto”, não se discute uma possível candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro à Presidência brasileira. “Ela tem uma popularidade muito grande no Brasil, mas ela não é muito ligada às questões político-partidárias”, declarou.
Em seguida, ele elencou os “crimes que cometeu” para ficar inelegível. “O 1º é que eu me reuni com embaixadores e falei para eles a questão eleitoral nossa. Foi um crime conversar com embaixadores”, disse.
“E o outro crime que cometi, por ocasião do 7 de Setembro, a data da nossa independência, foi que eu botei do meu lado um grande empresário”, acrescentou, referindo-se ao dono da Havan, Luciano Hang. “O Tribunal Superior Eleitoral disse que fiz uso do 7 de Setembro para colocar do meu lado um grande empresário e um simpatizante meu por ocasião das eleições”, completou.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu, em junho, determinar a inelegibilidade de Bolsonaro por 8 anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.