Um portal para denunciar os crimes de ódio contra judeus foi lançado no Brasil pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj). A iniciativa de combate ao antissemitismo que surgiu após uma série de ataques virtuais relatados por judeus espalhados pelo país, principalmente devido aos conflitos que se estendem no Oriente Médio desde o começo do mês de outubro.
Mesmo tendo sido lançado há tão pouco tempo, inúmeros registros contra crimes de ódio já têm surgido no portal, de acordo com o presidente da Fierj, Alberto David Klein.
“Acabamos de lançar o site e já estamos recebendo dezenas de mensagens. Desde ontem foram 30!”, alertou Klein. “Para se ter uma ideia, havia em média, antes de 7 de outubro, de 5 a 8 denúncias, ao mês. Recebemos, até 18 de outubro (em 11 dias), 87 denúncias. Isso nos colocou diante da emergência de facilitar o acesso a um canal de denúncias que garante o sigilo do nome e dos dados de quem nos procura. Queremos evitar e combater toda forma de violência racista, antissemita”, completa.
Por conta desse aumento exponencial de denúncias, o portal foi criado e, além disso, também o cargo de Procuradora-Geral da Fierj, assumido pela criminalista Rachel Glatt, responsável por diversos casos de combate ao antissemitismo. Com ela assumem, também, um time de voluntários para o projeto. “Não vamos permitir que haja antissemitismo no Rio de Janeiro. Vamos combater cada um dos casos com todo nosso empenho”, ressaltou Rachel Glatt.
A tensão do conflito no Oriente Médio, gerado pelas sucessivas contraofensivas de Israel após um ataque terrorista do Hamas em seu território no começo do mês, faz com que civis fiquem na linha de frente em todo o globo. Diversos países já relataram ataques contra muçulmanos e judeus, como a França, que vem enfrentando atentados recentemente, e é considerada o pólo de ambos os povos na Europa.
O discurso de ódio contra judeus é equivalente ao crime de racismo, sujeito às cláusulas de inafiançabilidade e imprescritibilidade, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2003, durante a condenação do brasileiro Siegfried Ellwanger, autor de livros que negavam o holocausto e expressavam desprezo por judeus, especialmente os que apoiam o movimento sionista.
Os crimes de ódio contra judeus cresceram nos Estados Unidos (EUA) em 400% nas últimas duas semanas, de acordo com a Liga Antidifamação, que luta contra o antissemitismo no país.
Como usar o portal de denúncias
Para registrar sua denúncia de antissemitismo, basta preencher o formulário que aparece logo que a página é carregada (link do site). “Iremos tomar as medidas cabíveis para combater, de forma legal, toda e qualquer situação de violação da lei brasileira, que considera a disseminação de ideias preconceituosas e/ou discriminatórias contra a comunidade judaica um crime de racismo”, anuncia o portal em sua home.
Nele, você escreve seu nome completo, endereço de e-mail, em qual canal sofreu o ataque (as opções são apenas redes sociais), a data do ocorrido, o endereço eletrônico (URL) e imagem da publicação, e um breve resumo do ocorrido.
Metrópoles