A mudança na correção do FGTS deve prejudicar a população de menor renda do país. Essa é a opinião de autoridades e empresários. A discussão sobre o rendimento do fundo está no Supremo Tribunal Federal (STF).
Hoje, o FGTS rende TR, a taxa referencial, mais 3% ao ano. O que está sendo discutido é que essa correção seja com base na inflação. Só que um aumento do rendimento do fundo encarece esse recurso e, consequentemente, as taxas de juros do financiamento imobiliário que usa o FGTS também aumentam, dificultando o acesso ao crédito imobiliário.
Segundo a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, cerca de 40% do total de contratações feitas pelo “Minha Casa, Minha Vida” neste ano poderiam não seriam concretizadas se a correção do FGTS tivesse sido alterada.
“Se a mudança no rendimento do fundo for aprovada, a questão é quanto o dinheiro vai custar se tiver que pagar mais recursos para um retorno maior. Hoje, o que o trabalhador recebe a Taxa Referencial (TR), mais 3%. A taxa de um financiamento vai de 4% a 8,25%, dependendo das rendas. Se o gestor do fundo passa a ter que dar um retorno maior, ele terá que aumentar a taxa de juros”, afirmou.
O ministro das Cidades, Jader Filho, enfatizou a importância do fundo como fonte de financiamento para programas habitacionais e disse estar confiante em uma solução negociada. Filho exemplificou o resultado do resultado do FGTS, mostrando que a meta do governo federal é contratar ao menos 2 milhões de unidades habitacionais até 2026.
As autoridades estiveram ontem em um encontro realizado pela Esfera Brasil, no qual também estiveram presentes empresários. Foram debatidos vários temas importantes para a construção civil, como emprego e crescimento do setor.
Na visão do CEO da MRV&CO, Eduardo Fischer, é preciso considerar as consequências da mudança do rendimento do FGTS. “O impacto, se a decisão vier do jeito que está sendo desenhada, não vai ser pequeno e será muito alto nas famílias de baixa renda, que hoje tem a condição de comprar um imóvel. Se a condição de crédito dela mudar, podem perder essa condição”, disse.
Ainda segundo o CEO da MRV&CO, além desta questão social, outros setores da economia também seriam impactados com a mudança da remuneração do FGTS. “A construção civil gera quase 3 milhões de empregos e isso pode mexer com a vida destes trabalhadores, cortando alguns postos de trabalho. Então, esse debate deve ser bem aprofundado.”
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, enfatizou que é fundamental manter da melhor forma o uso do fundo de garantia como principal meio do trabalhador adquirir sua casa própria. “É importante chegar na melhor política habitacional, principalmente no uso do FGTS nos financiamentos imobiliários.”
CNN Brasil