A Americanas chegou, nesta segunda-feira, 27, a um acordo com credores em relação ao plano de recuperação judicial, depois de meses de negociação.
A dívida bruta da companhia cairá para R$ 1,875 bilhão, com a capitalização de R$ 24 bilhões, dividida entre recursos dos acionistas de referência e a conversão de dívida pelos bancos credores. No final de 2022, de acordo com a CNN, a dívida bruta da empresa era de R$ 37,331 bilhões.
O acerto foi aprovado por titulares de mais de 35% da dívida da companhia, excluídos os créditos intercompany (credores apoiadores).
Outros credores que participam das negociações indicaram interesse, de forma não vinculante, em apoiar o plano, segundo a Americanas. Estes conduzem processos internos de aprovação para entrar no acordo assinado hoje.
Foram negociações que ocorreram durante o fim de semana, como já havia adiantado o Estadão/Broadcast na sexta-feira, 24.
Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil e BV foram bancos que sinalizaram de maneira informal concordar com os termos. Alguns outros ainda avaliavam questões jurídicas, mesmo propensos à aprovação.
O acordo ainda depende de aprovação em assembleia-geral de credores (AGC), convocada para 19 de dezembro.
Participação no aumento de capital
As partes terão de dar suporte às iniciativas de reestruturação da Americanas, como a capitalização. Também votarão a favor do plano de recuperação judicial da companhia na AGC. Há ainda o comprometimento em participar do aumento de capital da empresa e a não tomar medidas contrárias aos termos do acordo ou às transações do plano.
Serão aportados na empresa R$ 12 bilhões por parte de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da companhia. Está incluído aí o empréstimo debtor-in-possession (DIP), dado a empresas em dificuldades de R$ 2 bilhões.
Conforme ressaltou a CNN, o mesmo montante será convertido, pelos credores, em ações da companhia. O restante dos acionistas terá direito de preferência, conforme informou a Americanas. No aumento de capital, a cada três ações emitidas, haverá um bônus de subscrição adicional, ao preço de exercício de R$ 0,01.
Com o aumento de capital de R$ 24 bilhões, a Americanas destinará até R$ 8,7 bilhões para pagar os credores financeiros. O pagamento será por meio de um leilão reverso de R$ 2 bilhões, ou então do pagamento antecipado de créditos com desconto, ao qual serão destinados R$ 6,7 bilhões.
Em seguida, a empresa estima que sua dívida bruta cairá para até R$ 1,875 bilhão, conforme previsto no acordo, tornando a dívida mais administrável.
Além disso, será realizada uma assembleia-geral de acionistas para eleição de nova chapa para compor o conselho de administração. O mandato será de dois anos, com permissão de recondução por mais dois.
Segundo o informe da Americanas, a empresa precisa obter até a data da AGC uma autorização societária. O objetivo é incluir no plano de recuperação a previsão de que as ações emitidas no aumento de capital tenham seu preço fixado.
Esse preço será de acordo com o preço médio de mercado ponderado pelo volume nos 60 dias correntes anteriores.
Garatia de fianças bancárias
A Americanas prevê que, caso obtenha esta aprovação, o preço de emissão de cada papel será de 1,33 vez o preço médio nesse período.
Tal obrigação foi incluída no acordo por demanda dos credores. Sem o seu cumprimento, de acordo com a Americanas, o acordo pode ser extinto.
A Americanas conseguiu ainda, junto aos credores apoiadores, uma garantia firme para obter fianças bancárias ou seguros-garantia de R$ 1,5 bilhão. A validade é de dois anos depois da conclusão da reestruturação aplicável a esses credores, ou até o encerramento da recuperação judicial, o que acontecer primeiro.
Outros credores elegíveis a essa opção podem aderir à garantia até a véspera da AGC.
A contrapartida, de acordo com a varejista, é que os credores que assinarem o plano nas condições descritas terão o direito a receber uma parcela do montante de R$ 1,5 bilhão a partir do pagamento antecipado de créditos, de R$ 6,7 bilhões, previsto no plano.
Dessa maneira, garantirão uma vaga na fila de credores da empresa.
Revista Oeste